quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A ARTE DA GUERRA PARA PROFESSORES -Estratégias vencedoras para o exercício do Magistério / Fichamento


 A ARTE DA GUERRA PARA PROFESSORES
-Estratégias vencedoras para o exercício do Magistério
Willian Douglas
Nataniel Gomes


PREFÁCIO
            A economia não é mais guiada pelo aço das indústrias. É o conhecimento que promove as transformações.
            Mesmo entre os professores, ainda é predominante a ideia de que a educação é somente uma política pública, um instrumento de valorização pessoal ou de socialização das crianças. São poucos os que a enxergam como o caminho de humanização das pessoas e de construção de um desenvolvimento capaz de salvar a humanidade.
            O que os autores nos trazem é um chamado à reflexão dirigido aos que podem formar um exército de transformadores sociais: os professores.
            Hoje, o Brasil é um país em risco de sucumbir no apagão intelectual, científico e técnico, por falta de Educação de Base com qualidade para toda a sua população.
            A consequência dessa realidade é que nossas crianças atravessam sua vida educacional como se passassem por um funil da exclusão, da desigualdade e do atraso.
            Só a educação pode integrar as massas excluídas e fazer do Brasil, um centro gerador de capital-conhecimento e uma sociedade justa, pelo acesso igual ao instrumento que permitirá a ascensão social de todos os que se esfoçarem. E o ponto de partida é a Educação de Base.
            Os vetores para essa revolução são baseados em: i) educação para todos, com a máxima qualidade ate o final do Ensino Médio para assegurar a mesma chance entre classes sociais; ii) equilíbrio ecológico para construir um modelo de desenvolvimento sustentável que assegure a mesma chance entre gerações, e iii) a construção de um potente sistema científico e tecnológico, capaz de fazer do Brasil um centro de produção e acumulo de capital-conhecimento.

APRESENTAÇÃO
            Segundo Sueli Barros Cassal (L&PM, p.9), “Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general super-homem cujas qualidades são o segredo, a dissimulação, a astucia e a surpresa. Esse general deve evitar cinco defeitos básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade, a preocupação com a aparência e a excessiva complacência. Para vencer, deve conhecer perfeitamente a terra (a geografia, o terreno) e os homens (tanto a si mesmo quanto ao inimigo). O resto é uma questão de cálculo, eis a arte da guerra”.
            Quem sabe se ao vencermos a guerra pela sabedoria e pelo conhecimento, pela indução do homem a graus mais elevados de pensamento e conduta, através da educação, não possamos também evitar as guerras reais, a convulsão social e a desigualdade? Qualquer que seja a resposta, o fato é que a educação muda a vida de um país e ainda a de qualquer um que a ela se dedique.
           Uma coisa, porém é segura: “O verdadeiro objetivo da guerra é a paz”, frase de Sun Tzu que também se aplica ao ensino e ao conhecimento.

INTRODUÇÃO
            Na história de Sun Tzu temos:
  a) Uma figura que detém o comando geral, a capacidade de dizer se haverá guerra ou não, e contra quem. Esse é o príncipe;
  b) Uma figura que vai ter comando parcial, ou seja, que vai comandar o exército para que este realize o que o príncipe quer. É o comandante, o general. Repare que ele tem uma autoridade acima dele, tem sua própria (e espaços onde o próprio rei ou príncipe não pode interferir), e uma serie de comandados sob sua responsabilidade;
  c) Uma figura do soldado, que é conduzido pelo general para que seja possível vencer a guerra. O soldado é ao mesmo tempo a figura que está mais embaixo na escala hierárquica e quem vence a guerra;
Porque vemos o professor como comandante∕general?
            Essa posição revela que há ordens a serem cumpridas, como o professor tem (o programa, os prazos, etc.); há uma autonomia relativa e há um grupo de pessoas a quem devemos orientar e conduzir de forma a alcançar um objetivo. Ou seja, o professor esta em um ponto intermediário entre autoridade e autonomia, e tem um dever, uma tarefa de comando e liderança.
A responsabilidade do professor
            “O rei ama palavras vazias. Não é capaz de juntar o gesto a palavras”.
            Para haver sucesso no ensino, é preciso abrir mão das palavras vazias e juntar o gesto às palavras. A educação não é campo favorável para falastrões, mas sim para aqueles que se põem mãos a obra, que se dedicam e treinam muito.
            Sem estratégia e disciplina não há vitória.
            Isso se aplica a guerra... e a qualquer carreira, seja a do magistério, seja a do empreendedorismo, seja a do serviço público,         
Ainda a analogia: qual é a guerra ser vencida?
            Alguns podem entender que a guerra seria o ensino, mas cremos que o ensino, o aprendizado e o conhecimento (...) são instrumentos da felicidade, prosperidade e sucesso. Assim, elegemos o sucesso do aluno como o objetivo tanto do professor quanto da instituição. E, na palavra sucesso, obviamente aglutinados suas mais diferentes manifestações, desde as mais óbvias ao olhar coletivo, como a riqueza e o sucesso financeiro, até as formas mais sublimes dele: realização pessoal, respeitabilidade e serviço ao próximo.
            Consideramos o dinheiro a forma mais tosca de riqueza e entendemos que o sucesso tem dimensões distintas: pessoal (incluindo a saúde), familiar, social, financeiro e espiritual.
OUTRAS ANALOGIAS
O Inimigo
            Sun Tzu sempre nos diz que o primeiro inimigo a ser vencido é a própria pessoa.
            Existem as dificuldades naturais da vida, do país e da educação. Enfrentamos dificuldades pessoais, inclusive familiares e institucionais. Nem todas as escolas são boas e algumas, embora boas, não atendem a tudo o que desejamos. Há uma serie de “inimigos” possíveis nos relacionamentos, não sendo ocioso mencionar que a inveja e a competitividade exagerada ou desleal também existem e podem trazer danos. Nas instituições publicas, muitas vezes o “inimigo” é o governo, que parece “remar contra”. Por fim e no ápice, enfrentamos as dificuldades dos alunos. Somos seus aliados nesse processo, de modo que se algum fator (dentre os tantos mencionados ou outros novos) funciona como um limitador, como um “inimigo” do aluno, então esse fator é nosso “inimigo” também.
O terreno
            É preciso conhecer a matéria que vamos lecionar, é preciso conhecer o terreno onde vamos pisar. E precisamos conhecer o espaço da sala de aula, que é onde a batalha acontece. Isso inclui reflexões aparentemente secundárias, mas cuja influencia no desenrolar do processo é enorme.

CONCLUSÃO
            Resumindo, podemos dizer que:
·         A guerra é o sucesso do aluno;
·        O príncipe é o conjunto de comandos e determinações superiores, desde as determinações da Constituição Federal, das leis e do MEC até aquelas advindas da direção da instituição e seus coordenadores;
·        O general ∕ comandante é você;
·        Seus exércitos, ou seja, seus recursos, são as suas habilidades pessoais, os instrumentais e a turma vista como um conjunto que passa a ter um comportamento autônomo, diferente do adotado por cada um dos alunos que compõem a turma;
·        Os soldados são os alunos, pois são eles que irão, bem auxiliados, conquistar a vitória na guerra, ou seja, o sucesso nos seus planos pessoal, profissional e financeiro;
·        O inimigo (depois de vencido o inimigo interno) é qualquer fator que anule, dificulte ou prejudique o rendimento os alunos;
·        A batalha é o ensino e a aula uma de suas maiores dimensões;
·        O terreno pode ser visto tanto como a matéria a ser ensinada como o espaço da sala de aula ou qualquer outro espaço onde se desenvolva a relação professor x aluno;
·        Os espiões são todas as formas de informação disponíveis, desde outros colegas professores até os livros, cursos, etc. E, claro, as provas em sala de aula e os resultados externos obtidos pelos alunos. Esses resultados são “informantes” extremamente uteis para avaliar a qualidade do ensino e, no caso de insucesso total ou parcial, vigorosos mecanismos para corrigir e adaptar o processo até que ele alcance o resultado pretendido.

CAPÍTULO I – ANÁLISE E PLANOS
(ou da Avaliação ou Preparação dos Planos)
            “A arte da guerra é questão vital para o Estado. É o âmbito onde a vida e a morte são fundamentais, um caminho que leva à aniquilação ou determina a sobrevivência. Deve ser examinada com cuidado e nunca com negligencia”. p.17
            A arte do ensino é questão vital para o Estado, para a instituição de ensino, para o professor e para o aluno. É o âmbito onde a vida e a morte são desenvolvidas, um caminho que leva à aniquilação das oportunidades ou determina a sobrevivência e a qualidade de vida de todos. Deve ser examinada com cuidado e nunca negligenciada. p.17
            Sun Tzu afirma que a única forma para prever o resultado de uma guerra era analisar a situação com base em cinco fatores: p.18
Primeiro fator: TAO ou “Caminho”
            É o ideal de vida, é o processo de ensinar alguma coisa ao próximo. É um grau de pensamento e harmonia onde o professor se dispõe a passar seus conhecimentos para outrem mesmo sabendo que esta tarefa é demorada e trabalhosa. A “paz” do caminho é obtida com esse grau de consciência. Ele não teme obstáculos, limitações ou dificuldades, pois já compreendeu os riscos e os prêmios da empreitada em que se lança e está determinado a permanecer ate que se realize seu intento da melhor forma possível. p.19
Segundo fator: O Clima
            É o ambiente que o professor cria. Esse “clima” é tanto o interno, relacionado à sua motivação e capacidade técnica, como também o “clima” que cria dentro da sala e no espírito de seus alunos. O professor pode criar tanto em i quanto na turma ou em cada aluno em particular um ambiente de confiança e otimismo ou o contrário. E tais “condições atmosféricas” é que permitirão, ou não o desenvolvimento pessoal e técnico tanto do mestre quanto do discípulo ou do grupo de discípulos. p.19 ∕ 20
Terceiro fator: O Terreno
            (...) é o ambiente da sala de aula onde existem fatores objetivos (cadeira, quadro, iluminação) e um “clima”, uma energia, algo imaterial mas perfeitamente perceptível. (...) É possível perceber o “clima” da sala de modo consciente ou inconsciente. Os alunos em geral o fazem pelo modo inconsciente, mas o professor devera buscar essa percepção de modo consciente para poder fazer as intervenções necessárias. O terreno também pode ser visto como a escola e tudo que a cerca, incluindo sua comunidade. O mestre precisa saber onde está pisando e alinhar sua estratégia ao terreno. p.20
Quarto fator: O Líder
            É o conjunto das virtudes exigidas: sabedoria, integridade, disciplina, coragem, humanidade e humildade, importantes tanto para suportar as agruras da preparação previa para ser professor quanto para exercer as funções inerentes ao magistério. p.21
Quinto fator: Os Métodos
            É representado pela eficiência, pelo controle da situação, pela administração do tempo, das urgências e das demandas pessoais e coletivas para que o processo de ensino seja levado a contento. p.21
            O que Sun Tzu usou para a guerra é o mesmo que, em tempos de paz, utilizamos para qualquer projeto: motivação e técnica, os dois pilares que produzem sucesso. p.22
            “Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada”. p.23
            Os professores que parecem saber nada estudam e estão afinados com o “estado da arte” naquilo que lecionam e nos recursos pedagógicos. Os que julgam saber todas as coisas e já ter alcançado o ápice são arrogantes e tendem, primeiro a se desatualizar, e, segundo, a não obter um clima adequado com seus alunos. Os alunos são extremamente hábeis em reconhecer os professores vaidosos, prepotentes e arrogantes, “punindo-os” com desinteresse e competição. p.23
            “A arte da guerra implica cinco fatores principais, que devem ser objeto de nossa continua meditação e de todo nosso cuidado, como fazem os grandes artistas ao iniciarem uma obra prima. Eles tem sempre em mente o objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que novos conhecimentos e todos os subsídios que possam conduzi-los ao êxito”. p.24
            “Haverá ocasiões em que se rebaixarás, e outras em que simularás medo. Finge ser fraco a fim de que teus inimigos, abrindo a porta para a presunção e para o orgulho, venham atacar-te em hora errada, ou sejam surpreendidos e derrotados vergonhosamente”. p.24
            (...) é fácil perceber um professor que não veio para iniciar uma obra prima – ele se distrai, divaga, sai do tema principal e não raramente descamba a falar da vida pessoal, usando seus alunos como se fossem psicólogos (...). Para que a aula seja uma obra prima, ela precisa ser cuidadosamente preparada ou o aluno será derrotado pelo mais comum inimigo do aprendizado, a falta de planejamento e preparação para a aula, que transforma o professor em um enfadonho e repetitivo fardo a ser suportado pela turma. p.25

CAPÍTULO II – OPERAÇÃO DE GUERRA
(ou do Comando da Guerra ou Guerra Efetiva)
            “A arte da guerra é um exército de mil cavalos velozes; mil carroções cobertos de couro e cem mil guerreiros com cota de malha (...)” p. 29
            (...) não tenha pressa, esteja preparado para dez mil dias de estudo e para mil aulas, que certamente você será “consagrado” como professor antes disso. Não tema as derrotas em “batalhas” já que o grande guerreiro almeja a vitória na “guerra”. p. 29
            “Na guerra, preze pela vitória rápida e evite operações demoradas”. p. 30
            Nós, ao contrário, diríamos: “No Magistério, preze pela vitória final e prepare-se para operações prolongadas”. p. 30
            (...) devemos nos preparar para longas jornadas, prometendo “dez mil dias de estudo” e “mil combates” antes de nosso grau de excelência estar assegurado. p.30
            “Por mais crítica que seja a situação e as circunstancias em que te encontrares, não te desesperes. Nas ocasiões em que tudo inspira temor, nada deves temer. Quando estiveres cercado de todos os perigos, não deves temes nenhum. Quando estiveres sem nenhum recurso, deves contar com todos. Quando fores surpreendido, surpreende o inimigo”. p. 31
            “Digo mais, não adies o momento do combate, nem esperes que as tuas armas se enferrujem e o fio da tua espada se embote. A vitória é o principal objetivo da guerra”. p.31
            Assim, não fique esperando seu conhecimento nem seu sonho enferrujar. Vá se preparar e ministrar aulas, cursos, palestras, seminários, vá apresentar seus artigos, estudos, teses, livros, use a sua espada. p.31
            “Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, ainda que enfrente cem batalhas, jamais correrá perigo. Aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo às vezes ganha, às vezes perde. Aquele que não conhece nem o inimigo nem a si mesmo está fadado ao fracasso e correrá perigo em todas as batalhas”. p. 33
            O texto é auto explicativo, apenas observe que é necessário conhecer a si mesmo, a matéria e, tanto quanto possível, o aluno. p. 34          
            Tornar-se um professor em nível de excelência depende de você amadurecer emocional e intelectualmente e ficar no jogo ate ter sucesso, ate alcançar um grau de capacidade. Claro, ao se chegar lá, não acaba a tarefa de crescer, se aperfeiçoar e se atualizar, mas chegar no grau de excelência é feito memorável. p. 34
            Tenha a sua estratégia, faça planos a longo prazo: “se você não tem um plano, o executado é você”. Assim descobrirá as possibilidades, as oportunidades e será maleável (terá flexibilidade). Quem não faz isso se torna ansioso e cheio de hesitações. p. 35
            Ser professor é uma questão de vontade, planejamento, esforço e paciência. p. 35

CAPITULO III
PREPARANDO O ATAQUE
(ou a Espada Embainhada)
            “Na arte da guerra, a melhor opção é tomar o país inimigo intacto, esmagar um país é apenas a segunda melhor opção”. p. 39
            Conceba o ensino e o exercício da autoridade como algo que não pode resultar em massacre e destruição de nada, senão da ignorância. Sun Tzu sugeria ser melhor a conquista sem destruição. Você deve conquistar o objetivo geral (melhorar a vida do aluno) ou específico (ensinar a matéria) sem destruir você mesmo, sua saúde e seus relacionamentos... E isso é possível, se agir com sabedoria e inteligência. Ou, como dizia Jesus, “de que adianta ganhar o mundo e perder a própria alma” (Marcos 8:36). E sem destruir o aluno, sua autoestima, sua individualidade, seu direito de exercer escolhas. p. 40
            Também não é preciso destruir seu colega de profissão ou a imagem da instituição. Eles não são seus inimigos. p. 40
            Segundo Sun Tzu, “os números isoladamente não representam qualquer vantagem”. E isso vale tanto para professores quanto alunos e instituições. p. 41
            Enfim, dificuldades isoladamente não representam desvantagem real: o que importa é a força de vontade de quem guerreia por dias melhores. Aliás, é das pessoas com mais dificuldades que, em geral, saem os melhores exemplos de fibra e determinação. p. 42
            “A melhor inteligência militar é atacar as estratégias dos inimigos, em seguida, atacar suas alianças, depois atacar seus soldados em seu próprio campo”. p. 42
            (...) estabelecer prioridades. Primeiro trabalha as linhas mestras, os princípios, os valores. Em seguida, define ou delimita (ou “cerca”) aquilo que deseja conquistar e, por fim, o ataque. p. 42
            Havendo resistência da turma ou de um aluno, o primeiro passo e descobrir as estratégias ∕ motivos, depois as alianças para então se enfrentar o problema com maior chance de êxito. p. 43
            Não podemos desprezar o poder do exemplo do professor. Seu comportamento e sua história de vida são muito mais poderosos do que imagina. O que pode ensinar sobre a vida tem muito mais relação com isso do que com a matéria ministrada em si. p. 43

CAPITULO IV
POSIÇÕES E TÁTICAS
(ou Táticas)
            “Na antiguidade o perito em batalha se colocava fora da possibilidade de derrota, e esperava que o inimigo expusesse a sua vulnerabilidade. Garantir-nos de não ser derrotado está em nossas mãos, porém, a oportunidade de derrotar o inimigo é dada por ele mesmo”. p. 47
            Nenhum dos problemas inimigos que o professor vai encontrar em sala de aula é impossível de ser superado. Todos os problemas são vulneráveis a um esforço inteligente e continuado. A história da educação e a observação dos inúmeros casos já relatados nos asseguram que nenhum obstáculo para o ensino é impossível de ser vencido. p. 47
            Toda pergunta contem dentro de si não só o inicio como a possibilidade da resposta, já advertia Albert Einstein. p. 47

CAPÍTULO V
ESTRATÉGIA DO CONFRONTO DIRETO E INDIRETO
(ou Energia)
            “Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização. Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações”. p. 53
            Sun Tzu deixa claro que o problema não esta no problema em si, mas em quem lida com ele. p. 53
            Uma pessoa organizada enfrenta com êxito um numero extraordinário de dificuldades enquanto outra, desorganizada, fracassa diante de poucos ou pequenos contratempos. O que define uma pessoa de sucesso (não apenas um professor de sucesso) não é a quantidade ou a qualidade de seus problemas, mas sua qualidade ao enfrentá-los e sua quantidade de esforço para superá-los. p. 53
Concorrência entre os professores
            Acreditamos que o professor que se prepara adequadamente não deve se preocupar com a concorrência, com a existência de espaço profissional ou coisa semelhante. Ele terá seu lugar reservado. p. 54
            O professor que ainda não se preparou adequadamente deve temer apenas um inimigo: aquele que ele mira todas as manhas ao escovar os dentes. Enquanto esse inimigo não for subjugado, vencido e dominado, de nada adiantará se preocupar com outros concorrentes. p. 54
            “Depois de uma primeira vantagem, não esmoreças nem dês a tuas tropas um repouso precipitado. Empunha a espada com a mesma rapidez de uma torrente que se precipita de um despenhadeiro. Que seu inimigo não tenha tempo sequer de perceber o que está acontecendo e comente recolher os louros da vitoria quando o inimigo estiver aniquilado, dando assim condição de fazê-lo com segurança e tranquilidade”. p. 53
            Depois de um sucesso (...) que seu animo se renove e redobre, que a acomodação não tenha tempo sequer de se dar conta do que está acontecendo. (...) Nunca esquecer que a batalha de um professor recomeça a cada novo aluno. p. 53

CAPITULO VI
PONTOS FRACOS E PONTOS FORTES
(ou do cheio e do vazio)
            “Um bom general não é arrastado ao combate, ao contrário, sabe impô-lo ao inimigo”. p. 61
            Um bom professor não é arrastado para a sala de aula, ou para cumprir o programa, ou para aperfeiçoar-se, o contrario, impõe a si mesmo as tarefas a realizar e os planos a serem executados. p. 61
            (...) O bom comandante toma a iniciativa e escolhe a hora e o local do combate.
            Assim, cabe ao professor desejar a batalha e se alegrar quando ela se aproxima. Não deve ser arrastado para ela ou paralisado por medos, obrigações ou pressões financeiras e familiares. É dele a decisão de enfrentar o combate. Se perder, se preparará melhor para o próximo, se vencer, receberá desde já seus merecidos prêmios. p. 61
            “Uma das tarefas essenciais que deves realizar antes do combate é escolher criteriosamente o terreno do campo de batalha”. p. 62
            Uma das tarefas essenciais para o professor será escolher quais matérias ministrará, e em que graus de exigência. p. 62
            Não tentar abraçar o mundo é uma boa política: escolha o foco, um conjunto delimitado de matérias (o terreno) onde poderá progredir com segurança. Ai então você terá condições de ensinar com maestria. p. 62
            “Na arte militar, cada operação particular tem partes que exigem a luz do dia, e outras que pedem as trevas do segredo. Não posso determiná-las de ante Mao. Só as circunstancias podem ditá-las”. p. 64
            Em muitos casos, apenas a experimentação e a individualização poderão responder qual o melhor caminho a seguir, pesados sob o crivo da relação custo x benefício. p. 64
            Para ter sucesso profissional é preciso um mínimo de objetividade, foco e simplicidade. É preciso fazer escolhas e sacrifício. Nesse passo, Sun Tzu disse: p. 65
            “não procures ter um exercito numeroso demais. Amiúde, a excessiva quantidade de gente é mais nociva do que útil. Um pequeno exército bem disciplinado é incrível sob o comando de um bom general”. p. 65
            Tenha um exército pequeno, mas disciplinado. Poucos objetivos, poucas tarefas, apenas as que bastem para sobreviver e lecionar. p. 65

CAPITULO VII
DA ARTE DO CONFRONTO
(ou Manobras)
            “Quando cercar o inimigo, deixe uma saída par ele, caso contrário, ele lutará ate a morte”. p. 69
            Na relação com coordenadores, alunos, funcionários e colegas de oficio, é sempre conveniente deixar para nosso interlocutor uma saída honrosa. Apenas um tolo faz questão de vencer e humilhar o derrotado, de ser escolhido, ou promovido ou argumentar sem deixar para a pessoa que não teve a mesma sorte um espaço de integridade, respeito e conforto. p. 69
            “Na guerra o general que recebe suas ordens do soberano deve concentrar suas forças e transformar seu exercito em um conjunto harmonioso, mobilizando o povo. Depois deve instalar as tropas em um lugar vantajoso”. p. 70
            O mais hábil professor é aquele que obtém uma boa harmonia interior, sabendo das dificuldades e como enfrentá-las. É aquele que tem paciência, perseverança e disposição para pagar o justo preço para cumprir suas tarefas. p. 70
            O mais hábil professor será aquele que equilibra os estudos com o descanso, os livros com a convivência com quem ama e com os alunos. É aquele que evita a angustia e as crises de estresse. p. 70
            (...) Não que o oficio será sempre um mar de rosas, mas será possível, mesmo ao final de um extenuante dia de trabalho, saber que se fez o melhor possível, saber que se fez o melhor possível e que se está preservando um mínimo de sanidade fisica e emocional para continuar a seguir nos dias vindouros. p. 70
            “Quando você vence, toda a humanidade vence com você”. p. 71
            Quando você realiza todo o seu potencial diminui o tamanho do mundo. p. 71
Remuneração
            Qualquer que seja sua insatisfação pessoal ou profissional, isso não é problema do aluno. Se você quiser, pode se recusar a dar aula (e assumir, como qualquer pessoa proba, as consequências dos seus atos). O que não pode é, por estar insatisfeito, jogar suas dores sobre os alunos, seja em forma de reclamações, seja em forma de omissão, seja em forma de uma aula ruim. p. 71

CAPITULO VIII
VARIAÇÃO DE TÁTICAS
(ou a Arte das Mudanças ou Eventualidade)
            “Uma vez dada pelo soberano a ordem de mobilizar a população para a guerra, cabe ao comandante reunir o exercito e organizar as tropas”. p. 77
            (...) Na verdade quem realmente decide o que deve ser ensinado é o mercado. Não podemos esquecer que formamos alunos para a vida, para as profissões, para um mundo que muda cada vez mais rápido. p. 77
            (...) O fato é que – tomada a decisão – cabe ao professor reunir todos os meios para o ensino e organizar os alunos. Claro, os meios devem ser fornecidos pelos superiores, assim como o governante dava ao seu general os meios para que este executasse a ordem de guerra. p. 77
            “Um general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será ludibriado pelo inimigo através de provocações e cairá em emboscada sem perceber”. p. 77
            Um professor que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera será ludibriado pelos alunos por provocações e cairá em emboscada sem perceber. p. 78
            Às vezes o problema são os alunos de má-fé, mas em outras, o que parece ser um aluno-problema é apenas um aluno com problemas. Dificuldades de aprendizado, emocionais ou familiares, quando não financeiras ou sociais, podem fazer com que o aluno seja difícil ou se proponha a aborrecer o professor. p. 78
Outras emboscadas
            Professores enfrentam todo tipo de emboscadas – comparações com terceiros, inveja, reclamações, obtenção de culpados, ficar discutindo os problemas do mundo, do país ou da educação, do país ou da educação e não fazer o que é possível, ficar remoendo mágoas ou rancores, etc. São todos, casos de professores que se deixam envolver por emboscadas emocionais. p. 78-79
            Não caia em emboscadas ou provocações. Gaste sua energia em organizar seu exército. p. 79
            (...) A grande sabedoria está em perceber que as mudanças devem ser pequenas e constantes, progressivas, continuadas e perenizadas. p. 80
            “Não desprezes nenhuma vantagem que puder obter de forma segura e sem nenhuma perda. Essas poucas vantagens, quando negligenciadas, geram prejuízos irreparáveis”. Logo, valha-se de pequenos ganhos, pequenos aprendizados e pequenas melhorias, e um dia você será um guerreiro completo e integralmente hábil. p. 81
            “Há cinco defeitos que podem afetar um general, ao erros que podem derrotar a prudência e a bravura de um comandante”: p. 81
... descaso pela vida... : a coragem excessiva ou o temerário descaso para com as responsabilidades. Aqui os erros são: menosprezar as dificuldades; querer parece mais inteligente ou preparado do que realmente é; desrespeitar os limites emocionais ou físicos; ser precipitado na busca de resultados palpáveis... aqui entra também o descaso para com a aula. p. 81-82
... cuidado excessivo; falta de ousadia; mostras de covardia... : Cuidado excessivo para consigo, excesso de vaidade, excesso de exigências em relação a terceiros, tudo isso atrapalha um bom professor. p. 81-82
... temperamento volúvel... : É um professor que não sabe se controlar, que não tem império sobre si mesmo, e se deixa arrebatar pela preguiça, ira ou pela cólera. (...) grandes feitos não são para pessoas volúveis. . p. 81-82
... por querer reparar  honra por qualquer insulto, poderá perde-la. : Não se ofenda nem seja suscetível a criticas seguidas, injustiças, dificuldades. Apenas procure descobrir em cada uma dessas situações uma professora rígida, mas útil. Tudo isso faz parte do jogo. p. 81-82
... compaixão excessiva pelos seus soldados... : Impor um grau mínimo de ordem, respeito e disciplina é tarefa árdua, mas indispensável para o bom desempenho da turma e da aula. p. 81-82

CAPÍTULO IX
O EXERCITO EM MOVIMENTO
(ou Exército em Marcha ou da Importância da Geografia)
         O segredo do sucesso não é tentar evitar os problemas nem se esquivar deles, mas crescer pessoalmente para se tornar maior do que qualquer adversidade.
         O tamanho do problema nunca é a questão principal – o que importa é o seu próprio tamanho.
         Se você tem um grande problema, isso quer dizer apenas que está sendo uma pessoa pequena. Não se deixe enganar pelas aparências. O seu mundo exterior é um simples reflexo do seu mundo interior. Caso queira fazer uma mudança permanente, redirecione o foco: do tamanho dos seus problemas para o tamanho da sua pessoa. p.87-88
(EKER, 2006, p.102)
Fluidez, flexibilidade e adaptação
         Como atrito e incerteza, a fluidez é um atributo inerente da guerra. Cada episódio da guerra é o resultado temporário de uma combinação singular de circunstancias, apresentando uma série singular de problemas e exigindo uma solução original. Não obstante, nenhum episódio pode ser visto isoladamente.
         Em vez disso, cada episódio se funde com os que o precedem e o seguem – modelado pelos primeiros e modelando as condições dos segundos – criando um fluxo contínuo e flutuante de atividade, repleto de oportunidades fugidas e eventos imprevistos. Como a guerra é um fenômeno fluido, sua condição exige flexibilidade de pensamento. O sucesso depende em grande parte da capacidade de se adaptar – modelar antecipadamente eventos mutáveis, em vantagem própria, bem como reagir rapidamente a condições em constate mudança. p.89
(Manual Warfighting – Corpo de fuzileiros navais dos EUA)
  1.      É preciso flexibilidade. É preciso saber que é normal ocorrem mudanças imprevisíveis.
  2.      Nada está isolado: o passado influencia o presente e o presente o futuro.
  3.      A condução de qualquer guerra exige flexibilidade de pensamento.
  4.      O sucesso depende em grande parte da capacidade de adaptação.
  5.      O sucesso depende da capacidade de se moldar os eventos mutáveis em vantagem própria.
p.90

CAPITULO X
TERRENO
(ou Topografia)
            “A superfície da Terra apresenta uma infinidade de lugares, deves fugir de alguns e procurar outros. Todavia, deves conhecer bem todos eles”. p.93
            A superfície da área da educação apresenta uma variedade infinita de cargos e funções. Você pode fugir de uns e buscar outros. Todavia, deve avaliar os terrenos antes de escolher e, ao escolher, conhecer com perfeição o terreno eleito. p.93
            (...) O professor deve conhecer não só a matéria que vai lecionar, mas também a estrutura da educação, as várias opções profissionais existentes, e quais são os cargos ou funções que são oferecidos. p.93
            “Um general infeliz é sempre um general culpado”. p.95
            Um professor infeliz é sempre um professor culpado.
            Como dizia Miyamoto Musashi, grande samurai: “tanto em êxtase quanto em profunda tristeza, o espírito enfraquece. Evite os extremos. Não deixe o inimigo ver seu espírito”. p.95
            A sabedoria milenar da Bíblia recomenda que haja moderação em todas as coisas. p.95
            O grande segredo, se é que existe algum, é focar muito, mas com equilíbrio. Viver uma vida feliz agora é lançar as bases e sementes para uma vida melhor no porvir. p.96
            Em seguida, é preciso criar um sistema equilibrado onde trabalhe o mais que puder, com maior qualidade possível. Em paralelo, deve haver um mínimo de sanidade para sua vida pessoal, saúde, relacionamento, lazer e até mesmo atividade espiritual ou filantrópica, desde que nas medidas adequadas. p.97

CAPÍTULO XI
NOVE TIPOS DE SITUAÇÕES
(ou Dos Nove Tipos de Terrenos)
            “Às vezes podes estar reduzido a não saber onde ir, nem para que lado recorrer. Nesse caso, não te precipites. Espera tudo do tempo e das circunstancias. Sê inquebrantável onde estiveres”. p.101
            Às vezes o profissional pode ser levado a se sentir reduzido a nada ou quase nada, a não saber onde ir, nem para que lado recorrer. Nesse caso, Sun Tzu alerta para não haver precipitação, mas esperar tudo do tempo e das circunstancias. Ser inquebrantável. Uma fuga ou uma desistência apenas causa maiores perdas. Permanecer em vez de recuar é o caminho. p.101
            Cada vez que desiste de um projeto ainda inconcluso cria-se, internamente, uma carga emocional negativa que tende a aumentar, prejudicando a autoestima e o desempenho futuro. Assim, depois de tomada a decisão de enfrentar com seriedade o ofício, só se deve parar após um nível mínimo de realização. p.102
            Estamos dizendo que vale a pena e prevenindo você, porque um dia, talvez, pense que é difícil demais para ser feito. Não é. É demorado e trabalhoso, é uma batalha, uma maratona, mas pode ser feito. É feito por outros e pode ser feito por você, qualquer que seja o seu ponto de partida, raça, cor, religião, origem social, condição intelectual. p.104
            É isso que sugerimos: se o inimigo parece grande demais, seja paciente, faça uma coisa de cada vez, faça as coisas bem feitas, lembre-se que cada vez você estará mais forte e ele, o inimigo, sempre estará lá ao seu dispor. Seus problemas e as oportunidades para dar aula não vão conseguir escapar: você terá muitas oportunidades para aprender a lidar com eles e finalmente vencê-los. p.105
            Prepare-se, mas não se preocupe. Planeje como ira lidar com os problemas, mas não fique ansioso com eles. p.105
            Citamos a seguir dois caminhos para fazer isso:
            O primeiro é seguir os conselhos de Bruce Lee (Alforismos, p. 81):
Não some preocupações a seus problemas – Sereno, sem apego aos resultados, pronto para lutar ou correr, para vencer ou perder e sempre pronto para rir de tudo, para aceitar o que vier (...). p.105
            O segundo, de cunho espiritual e opcional, as palavras da Bíblia:
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentam seus pedidos a Deus. (Filipenses, 4:6)

CAPÍTULO XII
ATAQUE PELO FOGO
(ou Da Pirotecnia)
            “Existem cinco classes de ataques mediante o fogo: queimar as pessoas, queimar os mantimentos, queimar o equipamento, queimar os depósitos e queimar as armas”. p.109
            Existem dois tipos de “uso do fogo” para um professor, duas formas de causar um “incêndio”. p.109
            A primeira é acender no coração do aluno uma chama, algo que o ilumine e ilumine ao redor. A segunda é incinerar sua autoestima, sua imagem publica, seus sonhos e projetos. p.109
            Umas das maiores razões para o rendimento insatisfatório em colégios, cursos e faculdades é o relacionamento deficiente entre professores e alunos, ou seja, um mau entrosamento, um desequilíbrio entre as expectativas e a realidade. Quando o professore bom, a turma aprende mais. Quando não é tão bom, isso exige um esforço maior de todos. De acordo com o professor, na maior parte das vezes, a turma ou o aluno passa a gostar da matéria que não gostava, ou a odiá-la, com as consequências já conhecidas. p.109
            Este capítulo é escrito para professores, mas também para alunos, pois nunca deixamos de ser um. Desse modo, não nos adianta apenas dizer que o professor deve fazer para melhorar essa relação, mas trazer à memória o fato de que, internalizando a situação do aluno, o professor pode descobrir muito sobre como melhorar sua relação com os alunos. Tratar o aluno e a aula como gostaria de ser tratado se fosse o aluno é uma excelente política∕estratégia (a chamada “Regra de Ouro”). p.110
O aluno não pode depender do professor e vice-versa.
            Há professores que ficam dependendo de uma turma motivada para bem exercer seu papel e isto é abrir mão de um dever moral, já que as obrigações éticas do magistério não podem ficar à mercê de haver ou não um grupo de alunos interessados. Gerar interesse está dentro daquilo que o professor deve providenciar caso não encontre o elemento já presente. A parte que cabe ao aluno é verificar, se tiver maturidade para isso, que se o professor não é tudo o que ele gostaria que o professor fosse, primeiro pode estar havendo um problema de o aluno estar superestimando sua necessidade ou procurando homens perfeitos. Em segundo lugar, o aluno não pode deixar seu futuro depender de um eventual professor insatisfatório. Ainda que não seja a situação ideal, cabe ao aluno compensar eventual falha com seu estudo pessoal, em casa ou de outro modo. p.111
            Mantendo uma atitude positiva, é certo que o relacionamento professor-aluno irá bem e a produtividade das aulas aumentará. p.112
Incentivo mútuo professor-aluno.
            Em primeiro plano, aluno e professor não podem depender um do outro, mas no plano mais elevado, eles se ajudam mutuamente. O aluno e a turma possuem um grande poder de influencia sobre o ânimo e a motivação do professor, assim como o inverso. Quando a turma está interessada, quando estuda previamente as apostilas e livros, quando participa da aula, os rendimentos do professor e da própria turma mudam para melhor. Se isso não existe, cabe ao professor dar início ao processo. p.113
            Em cursos, se todos consideram um professor como o melhor, muito competente, etc., existe uma boa possibilidade de os alunos melhorarem seu desempenho por causa disso. O professor, por seu turno, tem um enorme poder de influenciar a opinião que a turma ou algum aluno em particular tem de si mesmo, a começar pela posição de autoridade que ostenta. p.115
            (...) o aluno individualmente e a turma como um todo, têm uma considerável parcela de responsabilidade pelo rendimento do professor e, consequentemente o nível de produtividade a ser alcançado nesse relacionamento. p.115
            É obvio que se houve melhora no relacionamento aluno-professor, a tendência é que ocorra ganho de qualidade e aprendizado. Para isso, é preciso pelo menos uma vontade. Se houver duas (aluno e professor ou turma e professor), fica mais fácil. Se houver apenas uma, será preciso iniciativa e paciência, mas também dará certo, mais cedo ou mais tarde. p.116
Julgamentos e competições
Evite julgar inadequadamente o aluno.
            Não cometa o comuníssimo erro de ficar julgando o aluno por razões estranhas ao seu desempenho para decidir se ele é bom ou não e, se não for bom, não prestar atenção ou não dar a ele a devida orientação.  p. 116
            Entre em sala para ensinar o Maximo possível como professor, independente da sua opinião sobre a turma ou este ou aquele aluno, ou grupo de alunos. p. 117
Evite competições inadequadas.
            (...) temos de ter cuidado para não avaliar o aluno apenas pelo seu desempenho geral, mas pelo quanto ele evolui. Às vezes o crescimento sutil é o início de um processo de mudança, de uma revolução na vida de uma pessoa. Nem sempre a maior nota é de quem tem o maior merecimento ou grau de superação. Precisamos estar atentos aos primeiros e melhores nas colocações para lhes dar o devido mérito e estímulo, mas sem esquecer ou desprezar os alunos medianos e, em especial, os mais fracos. No caso destes últimos, embora menos festejados pela sociedade, eles são os que mais necessitam da nossa atenção. p. 118
            Aqui, o cuidado é para que o professor não caia na tentação de entrar nessa competição tola, nem se sinta levado a se sentir diminuído ou, pior, tentar diminuir e humilhar o aluno em questão. Cabe ter paciência e sabedoria para lidar com a imaturidade do aluno mostrando que a competição não é o teor esperado da relação professor-aluno. Em suma, a melhor forma de lidar com a imaturidade é agir com maturidade e serenidade. p. 119
            Essa questão de competição, seja com o aluno, seja com outro professor, já foi abordada por Lao Tsé de forma magnífica. “O professor maduro é aquele que ninguém pode competir com ele... porque ele não está competindo com ninguém”. p. 120
Ética e deveres do professor
            (...) há coisas que devem ser feitas pelos professores e que auxiliarão o sistema:
  ·  Motivar o aluno;
  ·  Estar atento às necessidades do aluno;
  ·  Conhecer razoavelmente o aluno;
  ·  Preparar as aulas dentro de suas possibilidades e capacidade;
  ·  Ter objetivos operacionais;
  ·  Em cada encontro procurar transmitir algum conhecimento novo e útil, mesmo que em pequena quantidade;
  · Ser justo nas avaliações;
  · Respeitar o aluno;
  · Acreditar na capacidade do aluno;
  · Procurar ser amigo do aluno.
            É importante ter flexibilidade para lidar com as dificuldades e deficiências eventuais do aluno, bem como as suas eventuais habilidades especiais. p. 120-121
            (...) há uma boa relação de fatores que, por desgastarem a imagem do professor, prejudicam a aprendizagem dos alunos e, portanto, devem ser evitados:
  · O fato de o professor queixar-se de sua profissão em sala de aula;
  · O fato do professor perder tempo da aula com assuntos alheios à disciplina;
  · O fato do professor não se manter dinâmico em aula;
  · O fato do professor chegar atrasado;
  · O fato de o professor ficar ansioso para que chegue o término da aula;
  · O fato do professor não acreditar no que está fazendo;
  · O fato do professor não estar em perfeita harmonia com o método que está usando;
  · (o professor pode continuar a enumeração) p. 121-122
Ética e deveres dos alunos
            O professor que sofre com alunos mal educados pode iniciar um processo de amadurecimento dos mesmos que, muitas vezes, só irá servir para um colega que os encontrará no futuro. Mas o essencial é que essa orientação alcance os alunos mal educados, pois eles são, afinal de contas o elemento central de nossa atividade. p. 123
Lidando com colegas com necessidades especiais
            A discriminação, a rejeição, o escárnio e a falta de consideração com os mais fracos, a inveja e a perseguição aos mais fortes são fraquezas de caráter prejudiciais ao bom desempenho pessoal e do grupo. Qualquer modalidade de bullying deve ser rechaçada. O aluno e a turma como um todo devem evitar esse tipo de comportamento prejudicial e danoso. Deve haver mais compreensão entre os colegas e um senso de solidariedade e auxilio aqueles que eventualmente tenham maior dificuldade para aprender ou alguma necessidade especial. p. 123-124
Críticas
            Todos dizem que as criticas devem ser construtivas, mas poucos podem dizer como identificá-las. O que é uma crítica construtiva? p. 125
   a)  Despida de inveja, orgulho, egoísmo, inconsequência e∕ou interesses escusos;
   b)  Feita de modo educado, gentil, amável e respeitando a dignidade da pessoa criticada;
  c) Feita de modo a agregar valor a alguém, isto é, indicando alguma falha que pode ser corrigida e, de preferência, com sugestões sobre o que seria possível melhorar.
            Outra forma indevida de crítica é aquela que procura moldar a pessoa exatamente às nossas predileções. (...) Eventuais mudanças podem até ser propostas por terceiros, mas devem pressupor a vontade e concordância do sujeito. p. 125
            Em resumo:
            Se sua palavra vai agregar valor a alguém, fale. Se não, cale-se.
            Alem de ouvir criticas com boa vontade, sugerimos que se torne proativo e se indague sobre sua aula. Afinal, “o feedback é o café da manhã dos campeões” (Richard Bandler). p. 126

CAPÍTULO XIII
USO DE ESPIÕES
            “O que possibilita ao soberano inteligente e seu comandante conquistar o inimigo e realizar façanhas fora do comum é a previsão, conhecimento que só pode ser adquirido através de homens que estejam a par de toda a movimentação do inimigo”. p. 129
            Prever o que será indagado pelo aluno na sala, ou do aluno quando ele estiver no mercado de trabalho, é ótimo. Permite ao professor primeiro saber e, em seguida ensinar. Ter conhecimento do real estado emocional, social e intelectual do aluno é mais importante ainda. p. 129
            O primeiro espião que temos, posto que o mais tradicional é  prova. Ela nos informa sobre o que o aluno realmente aprendeu, sobre quais habilidades adquiriu. (...) A rigor, ao observarmos a formulação da prova temos um ótimo “espião” sobre a qualidade do professor. p.129
            Outro espião possível é o próprio aluno, ou um conjunto deles, quando sistematicamente ouvidos e, claro, com a premissa de que terão liberdade, confiança e tranquilidade suficiente para emitirem suas reais opiniões sem o medo de serem prejudicados por isso. p.131
            Um terceiro espião seria o aluno observado após a conclusão do seu curso. Observar como estão se saindo os pupilos é uma forma extraordinária de obter informações sobre a nossa competência, mais do que a deles. p.130
            A própria forma como o ex-aluno nos trata, quando não depende mais de nossas notas para seguir sua vida, é um indicativo veemente da nossa qualidade como mestres. p.130
            Não havendo como abrir mão do julgamento, da avaliação, devemos exercê-la com a devida cautela e reverencia. E, se o julgamento é matéria difícil entre iguais, maior ainda é a responsabilidade exercida sobre pessoas quando há uma relação de autoridade, mesmo que seja apenas acadêmica. p.133
            “Um professor se liga à Eternidade: ele nunca sabe onde cessa a sua influencia” (Henry B. Adams). p. 133
            Sun Tzu chega a exagerar, mas diz: “Os espiões são os elementos mais importantes de uma guerra, porque neles repousa a capacidade de movimentação de um exército”. p. 134
            O poder já derivou da força física, da posse de terras, de industrias, de armas, de petróleo, etc. Atualmente, tem poder quem tem informação e capacidade de fazer uso dela. Se você tem informação e conhecimento, terá sucesso no magistério, em concursos, no serviço público, na iniciativa privada ou em qualquer outro lugar. p.135
            Se você aprender a lidar com os desafios e se tornar um bom guerreiro, sua hora chegará. Como diria o grande samurai Miyamoto Musashi: “quando você atinge o caminho da estratégia, não haverá nada que não possa compreender”. p.135

CONCLUSÃO
            “Lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem integralmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas consequências”. p.139
            Você, professor, tem responsabilidades, vícios e virtudes, qualidades e defeitos que influenciarão o aluno, o sucesso da instituição onde trabalha e o próprio futuro do país. Seus erros terão nefastas consequências. Dessa forma, seja responsável e cauteloso, probo e dedicado. p.140
            Crie um estado pessoal de valor. Ponha seu mundo em ordem, encontre graça, descubra o que lhe dá gratificação, paz e alegria. Encontre uma forma de, enquanto luta, ao final do dia, dormir o sono dos justos, mesmo que seja apenas a sua justiça modesta e diária. p.143
            Prepare-se para mirar no espelho e se orgulhar das guerras nas quais luta. Encontre uma forma de ser feliz. p.144
            Uma revolução silenciosa e invencível pode acontecer através do ensino. p.144
            Cremos nesse tipo de mudança e vemos sinais de seu desenvolvimento, de forma clandestina e silenciosa, nas tramas teciduais deste país. p.144
            E aqui surge nosso interesse “militar” em você, professor. Você já faz parte do sistema e em breve será ainda mais importante dentro dele. p.145
            Você terá muito poder, mais do que imagina. Toda sala de aula concede algum tipo de poder, mas nenhum poder consegue conferir honestidade, honra ou o sentimento de compaixão, solidariedade e empatia. Afinal, são decisões pessoais e alteráveis a qualquer tempo. Embora possam decorrer do conhecimento e da sabedoria, não são facilmente aferíveis. p.145
            Cremos que os professores podem fazer uma revolução na educação, a começar pelo metro quadrado que cada um ocupa. Por isso, sugerimos cinco compromissos pessoais para ajudar na revolução. Usamos pessoais porque não é algo que dependa de um líder, pois cada um pode ser seu próprio líder: p.147
   ·         Ser um bom professor;
   ·         Tratar o aluno com educação;
   ·         Melhorar a aula;
   ·         Ser proativo;
   ·         Ser honesto.

DOUGLAS, William. GOMES, Nataniel. Arte da Guerra Para Professores: estratégias vencedoras para o exercício do magistério. Niterói, RJ: Impetus, 2012.
Fichado por Kelly Leão

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