A ARTE DA GUERRA
PARA PROFESSORES
-Estratégias
vencedoras para o exercício do Magistério
Willian Douglas
Nataniel Gomes
PREFÁCIO
A
economia não é mais guiada pelo aço das indústrias. É o conhecimento que
promove as transformações.
Mesmo
entre os professores, ainda é predominante a ideia de que a educação é somente
uma política pública, um instrumento de valorização pessoal ou de socialização
das crianças. São poucos os que a enxergam como o caminho de humanização das
pessoas e de construção de um desenvolvimento capaz de salvar a humanidade.
O
que os autores nos trazem é um chamado à reflexão dirigido aos que podem formar
um exército de transformadores sociais: os professores.
Hoje,
o Brasil é um país em risco de sucumbir no apagão intelectual, científico e
técnico, por falta de Educação de Base com qualidade para toda a sua população.
A
consequência dessa realidade é que nossas crianças atravessam sua vida
educacional como se passassem por um funil da exclusão, da desigualdade e do
atraso.
Só
a educação pode integrar as massas excluídas e fazer do Brasil, um centro
gerador de capital-conhecimento e uma sociedade justa, pelo acesso igual ao
instrumento que permitirá a ascensão social de todos os que se esfoçarem. E o
ponto de partida é a Educação de Base.
Os
vetores para essa revolução são baseados em: i) educação para todos, com a
máxima qualidade ate o final do Ensino Médio para assegurar a mesma chance
entre classes sociais; ii) equilíbrio ecológico para construir um modelo de
desenvolvimento sustentável que assegure a mesma chance entre gerações, e iii)
a construção de um potente sistema científico e tecnológico, capaz de fazer do
Brasil um centro de produção e acumulo de capital-conhecimento.
APRESENTAÇÃO
Segundo
Sueli Barros Cassal (L&PM, p.9), “Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu
forja a figura de um general super-homem cujas qualidades são o segredo, a
dissimulação, a astucia e a surpresa. Esse general deve evitar cinco defeitos
básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade, a preocupação com a
aparência e a excessiva complacência. Para vencer, deve conhecer perfeitamente
a terra (a geografia, o terreno) e os homens (tanto a si mesmo quanto ao
inimigo). O resto é uma questão de cálculo, eis a arte da guerra”.
Quem
sabe se ao vencermos a guerra pela sabedoria e pelo conhecimento, pela indução
do homem a graus mais elevados de pensamento e conduta, através da educação,
não possamos também evitar as guerras reais, a convulsão social e a
desigualdade? Qualquer que seja a resposta, o fato é que a educação muda a vida
de um país e ainda a de qualquer um que a ela se dedique.
Uma
coisa, porém é segura: “O verdadeiro objetivo da guerra é a paz”, frase de Sun
Tzu que também se aplica ao ensino e ao conhecimento.
INTRODUÇÃO
Na
história de Sun Tzu temos:
a) Uma
figura que detém o comando geral, a capacidade de dizer se haverá guerra ou
não, e contra quem. Esse é o príncipe;
b) Uma
figura que vai ter comando parcial, ou seja, que vai comandar o exército para
que este realize o que o príncipe quer. É o comandante, o general. Repare que
ele tem uma autoridade acima dele, tem sua própria (e espaços onde o próprio
rei ou príncipe não pode interferir), e uma serie de comandados sob sua
responsabilidade;
c) Uma
figura do soldado, que é conduzido pelo general para que seja possível vencer a
guerra. O soldado é ao mesmo tempo a figura que está mais embaixo na escala
hierárquica e quem vence a guerra;
Porque
vemos o professor como comandante∕general?
Essa
posição revela que há ordens a serem cumpridas, como o professor tem (o
programa, os prazos, etc.); há uma autonomia relativa e há um grupo de pessoas
a quem devemos orientar e conduzir de forma a alcançar um objetivo. Ou seja, o
professor esta em um ponto intermediário entre autoridade e autonomia, e tem um
dever, uma tarefa de comando e liderança.
A
responsabilidade do professor
“O
rei ama palavras vazias. Não é capaz de juntar o gesto a palavras”.
Para
haver sucesso no ensino, é preciso abrir mão das palavras vazias e juntar o
gesto às palavras. A educação não é campo favorável para falastrões, mas sim
para aqueles que se põem mãos a obra, que se dedicam e treinam muito.
Sem
estratégia e disciplina não há vitória.
Isso
se aplica a guerra... e a qualquer carreira, seja a do magistério, seja a do
empreendedorismo, seja a do serviço público,
Ainda
a analogia: qual é a guerra ser vencida?
Alguns
podem entender que a guerra seria o ensino, mas cremos que o ensino, o
aprendizado e o conhecimento (...) são instrumentos da felicidade, prosperidade
e sucesso. Assim, elegemos o sucesso do aluno como o objetivo tanto do
professor quanto da instituição. E, na palavra sucesso, obviamente aglutinados
suas mais diferentes manifestações, desde as mais óbvias ao olhar coletivo,
como a riqueza e o sucesso financeiro, até as formas mais sublimes dele:
realização pessoal, respeitabilidade e serviço ao próximo.
Consideramos
o dinheiro a forma mais tosca de riqueza e entendemos que o sucesso tem
dimensões distintas: pessoal (incluindo a saúde), familiar, social, financeiro
e espiritual.
OUTRAS
ANALOGIAS
O
Inimigo
Sun
Tzu sempre nos diz que o primeiro inimigo a ser vencido é a própria pessoa.
Existem
as dificuldades naturais da vida, do país e da educação. Enfrentamos
dificuldades pessoais, inclusive familiares e institucionais. Nem todas as
escolas são boas e algumas, embora boas, não atendem a tudo o que desejamos. Há
uma serie de “inimigos” possíveis nos relacionamentos, não sendo ocioso
mencionar que a inveja e a competitividade exagerada ou desleal também existem e
podem trazer danos. Nas instituições publicas, muitas vezes o “inimigo” é o
governo, que parece “remar contra”. Por fim e no ápice, enfrentamos as
dificuldades dos alunos. Somos seus aliados nesse processo, de modo que se
algum fator (dentre os tantos mencionados ou outros novos) funciona como um
limitador, como um “inimigo” do aluno, então esse fator é nosso “inimigo”
também.
O
terreno
É
preciso conhecer a matéria que vamos lecionar, é preciso conhecer o terreno
onde vamos pisar. E precisamos conhecer o espaço da sala de aula, que é onde a
batalha acontece. Isso inclui reflexões aparentemente secundárias, mas cuja
influencia no desenrolar do processo é enorme.
CONCLUSÃO
Resumindo,
podemos dizer que:
·
A
guerra é o sucesso do aluno;
·
O
príncipe é o conjunto de comandos e determinações superiores, desde as
determinações da Constituição Federal, das leis e do MEC até aquelas advindas
da direção da instituição e seus coordenadores;
·
O
general ∕ comandante é você;
·
Seus
exércitos, ou seja, seus recursos, são as suas habilidades pessoais, os
instrumentais e a turma vista como um conjunto que passa a ter um comportamento
autônomo, diferente do adotado por cada um dos alunos que compõem a turma;
·
Os
soldados são os alunos, pois são eles que irão, bem auxiliados, conquistar a
vitória na guerra, ou seja, o sucesso nos seus planos pessoal, profissional e
financeiro;
·
O
inimigo (depois de vencido o inimigo interno) é qualquer fator que anule,
dificulte ou prejudique o rendimento os alunos;
·
A
batalha é o ensino e a aula uma de suas maiores dimensões;
·
O
terreno pode ser visto tanto como a matéria a ser ensinada como o espaço da
sala de aula ou qualquer outro espaço onde se desenvolva a relação professor x
aluno;
·
Os
espiões são todas as formas de informação disponíveis, desde outros colegas
professores até os livros, cursos, etc. E, claro, as provas em sala de aula e
os resultados externos obtidos pelos alunos. Esses resultados são “informantes”
extremamente uteis para avaliar a qualidade do ensino e, no caso de insucesso
total ou parcial, vigorosos mecanismos para corrigir e adaptar o processo até
que ele alcance o resultado pretendido.
CAPÍTULO
I – ANÁLISE E PLANOS
(ou
da Avaliação ou Preparação dos Planos)
“A arte da guerra é questão vital para o
Estado. É o âmbito onde a vida e a morte são fundamentais, um caminho que leva
à aniquilação ou determina a sobrevivência. Deve ser examinada com cuidado e
nunca com negligencia”. p.17
A
arte do ensino é questão vital para o Estado, para a instituição de ensino,
para o professor e para o aluno. É o âmbito onde a vida e a morte são
desenvolvidas, um caminho que leva à aniquilação das oportunidades ou determina
a sobrevivência e a qualidade de vida de todos. Deve ser examinada com cuidado
e nunca negligenciada. p.17
Sun
Tzu afirma que a única forma para prever o resultado de uma guerra era analisar
a situação com base em cinco fatores: p.18
Primeiro fator: TAO ou “Caminho”
É o ideal de vida, é o processo de
ensinar alguma coisa ao próximo. É um grau de pensamento e harmonia onde o
professor se dispõe a passar seus conhecimentos para outrem mesmo sabendo que
esta tarefa é demorada e trabalhosa. A “paz” do caminho é obtida com esse grau
de consciência. Ele não teme obstáculos, limitações ou dificuldades, pois já
compreendeu os riscos e os prêmios da empreitada em que se lança e está
determinado a permanecer ate que se realize seu intento da melhor forma
possível. p.19
Segundo fator: O
Clima
É
o ambiente que o professor cria. Esse “clima” é tanto o interno, relacionado à
sua motivação e capacidade técnica, como também o “clima” que cria dentro da
sala e no espírito de seus alunos. O professor pode criar tanto em i quanto na
turma ou em cada aluno em particular um ambiente de confiança e otimismo ou o
contrário. E tais “condições atmosféricas” é que permitirão, ou não o
desenvolvimento pessoal e técnico tanto do mestre quanto do discípulo ou do
grupo de discípulos. p.19 ∕ 20
Terceiro fator: O Terreno
(...)
é o ambiente da sala de aula onde existem fatores objetivos (cadeira, quadro,
iluminação) e um “clima”, uma energia, algo imaterial mas perfeitamente
perceptível. (...) É possível perceber o “clima” da sala de modo consciente ou
inconsciente. Os alunos em geral o fazem pelo modo inconsciente, mas o
professor devera buscar essa percepção de modo consciente para poder fazer as
intervenções necessárias. O terreno também pode ser visto como a escola e tudo
que a cerca, incluindo sua comunidade. O mestre precisa saber onde está pisando
e alinhar sua estratégia ao terreno. p.20
Quarto
fator: O Líder
É
o conjunto das virtudes exigidas: sabedoria, integridade, disciplina, coragem,
humanidade e humildade, importantes tanto para suportar as agruras da
preparação previa para ser professor quanto para exercer as funções inerentes
ao magistério. p.21
Quinto
fator: Os Métodos
É
representado pela eficiência, pelo controle da situação, pela administração do
tempo, das urgências e das demandas pessoais e coletivas para que o processo de
ensino seja levado a contento. p.21
O
que Sun Tzu usou para a guerra é o mesmo que, em tempos de paz, utilizamos para
qualquer projeto: motivação e técnica, os dois pilares que produzem sucesso.
p.22
“Há momentos em que a maior sabedoria é parecer
não saber nada”. p.23
Os
professores que parecem saber nada estudam e estão afinados com o “estado da
arte” naquilo que lecionam e nos recursos pedagógicos. Os que julgam saber
todas as coisas e já ter alcançado o ápice são arrogantes e tendem, primeiro a
se desatualizar, e, segundo, a não obter um clima adequado com seus alunos. Os
alunos são extremamente hábeis em reconhecer os professores vaidosos,
prepotentes e arrogantes, “punindo-os” com desinteresse e competição. p.23
“A arte da guerra implica cinco fatores
principais, que devem ser objeto de nossa continua meditação e de todo nosso
cuidado, como fazem os grandes artistas ao iniciarem uma obra prima. Eles tem
sempre em mente o objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que novos conhecimentos
e todos os subsídios que possam conduzi-los ao êxito”. p.24
“Haverá ocasiões em que se rebaixarás, e
outras em que simularás medo. Finge ser fraco a fim de que teus inimigos,
abrindo a porta para a presunção e para o orgulho, venham atacar-te em hora
errada, ou sejam surpreendidos e derrotados vergonhosamente”. p.24
(...) é fácil perceber um professor
que não veio para iniciar uma obra prima – ele se distrai, divaga, sai do tema
principal e não raramente descamba a falar da vida pessoal, usando seus alunos
como se fossem psicólogos (...). Para que a aula seja uma obra prima, ela
precisa ser cuidadosamente preparada ou o aluno será derrotado pelo mais comum
inimigo do aprendizado, a falta de planejamento e preparação para a aula, que
transforma o professor em um enfadonho e repetitivo fardo a ser suportado pela
turma. p.25
CAPÍTULO II – OPERAÇÃO DE GUERRA
(ou do Comando da Guerra ou
Guerra Efetiva)
“A
arte da guerra é um exército de mil cavalos velozes; mil carroções cobertos de
couro e cem mil guerreiros com cota de malha (...)” p. 29
(...) não tenha pressa, esteja
preparado para dez mil dias de estudo e para mil aulas, que certamente você
será “consagrado” como professor antes disso. Não tema as derrotas em
“batalhas” já que o grande guerreiro almeja a vitória na “guerra”. p. 29
“Na
guerra, preze pela vitória rápida e evite operações demoradas”. p. 30
Nós, ao contrário, diríamos: “No
Magistério, preze pela vitória final e prepare-se para operações prolongadas”.
p. 30
(...) devemos nos preparar para
longas jornadas, prometendo “dez mil dias de estudo” e “mil combates” antes de
nosso grau de excelência estar assegurado. p.30
“Por
mais crítica que seja a situação e as circunstancias em que te encontrares, não
te desesperes. Nas ocasiões em que tudo inspira temor, nada deves temer. Quando
estiveres cercado de todos os perigos, não deves temes nenhum. Quando estiveres
sem nenhum recurso, deves contar com todos. Quando fores surpreendido,
surpreende o inimigo”. p. 31
“Digo
mais, não adies o momento do combate, nem esperes que as tuas armas se
enferrujem e o fio da tua espada se embote. A vitória é o principal objetivo da
guerra”. p.31
Assim, não fique esperando seu
conhecimento nem seu sonho enferrujar. Vá se preparar e ministrar aulas,
cursos, palestras, seminários, vá apresentar seus artigos, estudos, teses,
livros, use a sua espada. p.31
“Aquele
que conhece o inimigo e a si mesmo, ainda que enfrente cem batalhas, jamais
correrá perigo. Aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo às
vezes ganha, às vezes perde. Aquele que não conhece nem o inimigo nem a si
mesmo está fadado ao fracasso e correrá perigo em todas as batalhas”. p. 33
O texto é auto explicativo, apenas
observe que é necessário conhecer a si mesmo, a matéria e, tanto quanto
possível, o aluno. p. 34
Tornar-se um professor em nível de
excelência depende de você amadurecer emocional e intelectualmente e ficar no
jogo ate ter sucesso, ate alcançar um grau de capacidade. Claro, ao se chegar
lá, não acaba a tarefa de crescer, se aperfeiçoar e se atualizar, mas chegar no
grau de excelência é feito memorável. p. 34
Tenha a sua estratégia, faça planos
a longo prazo: “se você não tem um plano, o executado é você”. Assim descobrirá
as possibilidades, as oportunidades e será maleável (terá flexibilidade). Quem
não faz isso se torna ansioso e cheio de hesitações. p. 35
Ser professor é uma questão de
vontade, planejamento, esforço e paciência. p. 35
CAPITULO III
PREPARANDO O ATAQUE
(ou a Espada Embainhada)
“Na
arte da guerra, a melhor opção é tomar o país inimigo intacto, esmagar um país
é apenas a segunda melhor opção”. p. 39
Conceba o ensino e o exercício da
autoridade como algo que não pode resultar em massacre e destruição de nada,
senão da ignorância. Sun Tzu sugeria ser melhor a conquista sem destruição.
Você deve conquistar o objetivo geral (melhorar a vida do aluno) ou específico
(ensinar a matéria) sem destruir você mesmo, sua saúde e seus
relacionamentos... E isso é possível, se agir com sabedoria e inteligência. Ou,
como dizia Jesus, “de que adianta ganhar o mundo e perder a própria alma”
(Marcos 8:36). E sem destruir o aluno, sua autoestima, sua individualidade, seu
direito de exercer escolhas. p. 40
Também não é preciso destruir seu
colega de profissão ou a imagem da instituição. Eles não são seus inimigos. p.
40
Segundo Sun Tzu, “os números
isoladamente não representam qualquer vantagem”. E isso vale tanto para
professores quanto alunos e instituições. p. 41
Enfim, dificuldades isoladamente não
representam desvantagem real: o que importa é a força de vontade de quem
guerreia por dias melhores. Aliás, é das pessoas com mais dificuldades que, em
geral, saem os melhores exemplos de fibra e determinação. p. 42
“A
melhor inteligência militar é atacar as estratégias dos inimigos, em seguida,
atacar suas alianças, depois atacar seus soldados em seu próprio campo”. p.
42
(...) estabelecer prioridades.
Primeiro trabalha as linhas mestras, os princípios, os valores. Em seguida,
define ou delimita (ou “cerca”) aquilo que deseja conquistar e, por fim, o
ataque. p. 42
Havendo resistência da turma ou de
um aluno, o primeiro passo e descobrir as estratégias ∕ motivos, depois as
alianças para então se enfrentar o problema com maior chance de êxito. p. 43
Não podemos desprezar o poder do
exemplo do professor. Seu comportamento e sua história de vida são muito mais
poderosos do que imagina. O que pode ensinar sobre a vida tem muito mais
relação com isso do que com a matéria ministrada em si. p. 43
CAPITULO IV
POSIÇÕES E TÁTICAS
(ou Táticas)
“Na
antiguidade o perito em batalha se colocava fora da possibilidade de derrota, e
esperava que o inimigo expusesse a sua vulnerabilidade. Garantir-nos de não ser
derrotado está em nossas mãos, porém, a oportunidade de derrotar o inimigo é
dada por ele mesmo”. p. 47
Nenhum dos problemas inimigos que o
professor vai encontrar em sala de aula é impossível de ser superado. Todos os
problemas são vulneráveis a um esforço inteligente e continuado. A história da
educação e a observação dos inúmeros casos já relatados nos asseguram que
nenhum obstáculo para o ensino é impossível de ser vencido. p. 47
Toda pergunta contem dentro de si
não só o inicio como a possibilidade da resposta, já advertia Albert Einstein.
p. 47
CAPÍTULO V
ESTRATÉGIA DO CONFRONTO DIRETO E
INDIRETO
(ou Energia)
“Comandar
muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.
Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de
formação e sinalizações”. p. 53
Sun Tzu deixa claro que o problema
não esta no problema em si, mas em quem lida com ele. p. 53
Uma pessoa organizada enfrenta com
êxito um numero extraordinário de dificuldades enquanto outra, desorganizada,
fracassa diante de poucos ou pequenos contratempos. O que define uma pessoa de
sucesso (não apenas um professor de sucesso) não é a quantidade ou a qualidade
de seus problemas, mas sua qualidade ao enfrentá-los e sua quantidade de
esforço para superá-los. p. 53
Concorrência entre os professores
Acreditamos que o professor que se
prepara adequadamente não deve se preocupar com a concorrência, com a
existência de espaço profissional ou coisa semelhante. Ele terá seu lugar
reservado. p. 54
O professor que ainda não se
preparou adequadamente deve temer apenas um inimigo: aquele que ele mira todas
as manhas ao escovar os dentes. Enquanto esse inimigo não for subjugado,
vencido e dominado, de nada adiantará se preocupar com outros concorrentes. p.
54
“Depois
de uma primeira vantagem, não esmoreças nem dês a tuas tropas um repouso
precipitado. Empunha a espada com a mesma rapidez de uma torrente que se
precipita de um despenhadeiro. Que seu inimigo não tenha tempo sequer de
perceber o que está acontecendo e comente recolher os louros da vitoria quando
o inimigo estiver aniquilado, dando assim condição de fazê-lo com segurança e
tranquilidade”. p. 53
Depois de um sucesso (...) que seu
animo se renove e redobre, que a acomodação não tenha tempo sequer de se dar
conta do que está acontecendo. (...) Nunca esquecer que a batalha de um
professor recomeça a cada novo aluno. p. 53
CAPITULO VI
PONTOS FRACOS E PONTOS FORTES
(ou do cheio e do vazio)
“Um
bom general não é arrastado ao combate, ao contrário, sabe impô-lo ao inimigo”.
p. 61
Um bom professor não é arrastado
para a sala de aula, ou para cumprir o programa, ou para aperfeiçoar-se, o
contrario, impõe a si mesmo as tarefas a realizar e os planos a serem
executados. p. 61
(...) O bom comandante toma a
iniciativa e escolhe a hora e o local do combate.
Assim, cabe ao professor desejar a
batalha e se alegrar quando ela se aproxima. Não deve ser arrastado para ela ou
paralisado por medos, obrigações ou pressões financeiras e familiares. É dele a
decisão de enfrentar o combate. Se perder, se preparará melhor para o próximo,
se vencer, receberá desde já seus merecidos prêmios. p. 61
“Uma
das tarefas essenciais que deves realizar antes do combate é escolher
criteriosamente o terreno do campo de batalha”. p. 62
Uma das tarefas essenciais para o
professor será escolher quais matérias ministrará, e em que graus de exigência.
p. 62
Não tentar abraçar o mundo é uma boa
política: escolha o foco, um conjunto delimitado de matérias (o terreno) onde
poderá progredir com segurança. Ai então você terá condições de ensinar com
maestria. p. 62
“Na
arte militar, cada operação particular tem partes que exigem a luz do dia, e
outras que pedem as trevas do segredo. Não posso determiná-las de ante Mao. Só
as circunstancias podem ditá-las”. p. 64
Em muitos casos, apenas a
experimentação e a individualização poderão responder qual o melhor caminho a
seguir, pesados sob o crivo da relação custo x benefício. p. 64
Para ter sucesso profissional é
preciso um mínimo de objetividade, foco e simplicidade. É preciso fazer
escolhas e sacrifício. Nesse passo, Sun Tzu disse: p. 65
“não procures ter um exercito
numeroso demais. Amiúde, a excessiva quantidade de gente é mais nociva do que
útil. Um pequeno exército bem disciplinado é incrível sob o comando de um bom
general”. p. 65
Tenha um exército pequeno, mas
disciplinado. Poucos objetivos, poucas tarefas, apenas as que bastem para
sobreviver e lecionar. p. 65
CAPITULO VII
DA ARTE DO CONFRONTO
(ou Manobras)
“Quando
cercar o inimigo, deixe uma saída par ele, caso contrário, ele lutará ate a
morte”. p. 69
Na relação com coordenadores,
alunos, funcionários e colegas de oficio, é sempre conveniente deixar para
nosso interlocutor uma saída honrosa. Apenas um tolo faz questão de vencer e
humilhar o derrotado, de ser escolhido, ou promovido ou argumentar sem deixar
para a pessoa que não teve a mesma sorte um espaço de integridade, respeito e
conforto. p. 69
“Na
guerra o general que recebe suas ordens do soberano deve concentrar suas forças
e transformar seu exercito em um conjunto harmonioso, mobilizando o povo.
Depois deve instalar as tropas em um lugar vantajoso”. p. 70
O mais hábil professor é aquele que
obtém uma boa harmonia interior, sabendo das dificuldades e como enfrentá-las.
É aquele que tem paciência, perseverança e disposição para pagar o justo preço
para cumprir suas tarefas. p. 70
O mais hábil professor será aquele
que equilibra os estudos com o descanso, os livros com a convivência com quem
ama e com os alunos. É aquele que evita a angustia e as crises de estresse. p.
70
(...) Não que o oficio será sempre
um mar de rosas, mas será possível, mesmo ao final de um extenuante dia de
trabalho, saber que se fez o melhor possível, saber que se fez o melhor
possível e que se está preservando um mínimo de sanidade fisica e emocional
para continuar a seguir nos dias vindouros. p. 70
“Quando
você vence, toda a humanidade vence com você”. p. 71
Quando você realiza todo o seu
potencial diminui o tamanho do mundo. p. 71
Remuneração
Qualquer que seja sua insatisfação
pessoal ou profissional, isso não é problema do aluno. Se você quiser, pode se
recusar a dar aula (e assumir, como qualquer pessoa proba, as consequências dos
seus atos). O que não pode é, por estar insatisfeito, jogar suas dores sobre os
alunos, seja em forma de reclamações, seja em forma de omissão, seja em forma
de uma aula ruim. p. 71
CAPITULO VIII
VARIAÇÃO DE TÁTICAS
(ou a Arte das Mudanças ou
Eventualidade)
“Uma
vez dada pelo soberano a ordem de mobilizar a população para a guerra, cabe ao
comandante reunir o exercito e organizar as tropas”. p. 77
(...) Na verdade quem realmente
decide o que deve ser ensinado é o mercado. Não podemos esquecer que formamos
alunos para a vida, para as profissões, para um mundo que muda cada vez mais
rápido. p. 77
(...) O fato é que – tomada a
decisão – cabe ao professor reunir todos os meios para o ensino e organizar os
alunos. Claro, os meios devem ser fornecidos pelos superiores, assim como o
governante dava ao seu general os meios para que este executasse a ordem de
guerra. p. 77
“Um
general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será
ludibriado pelo inimigo através de provocações e cairá em emboscada sem
perceber”. p. 77
Um professor que perde facilmente o
controle e se deixa levar pela cólera será ludibriado pelos alunos por
provocações e cairá em emboscada sem perceber. p. 78
Às vezes o problema são os alunos de
má-fé, mas em outras, o que parece ser um aluno-problema é apenas um aluno com
problemas. Dificuldades de aprendizado, emocionais ou familiares, quando não
financeiras ou sociais, podem fazer com que o aluno seja difícil ou se proponha
a aborrecer o professor. p. 78
Outras emboscadas
Professores enfrentam todo tipo de
emboscadas – comparações com terceiros, inveja, reclamações, obtenção de
culpados, ficar discutindo os problemas do mundo, do país ou da educação, do
país ou da educação e não fazer o que é possível, ficar remoendo mágoas ou
rancores, etc. São todos, casos de professores que se deixam envolver por
emboscadas emocionais. p. 78-79
Não caia em emboscadas ou
provocações. Gaste sua energia em organizar seu exército. p. 79
(...) A grande sabedoria está em
perceber que as mudanças devem ser pequenas e constantes, progressivas,
continuadas e perenizadas. p. 80
“Não
desprezes nenhuma vantagem que puder obter de forma segura e sem nenhuma perda.
Essas poucas vantagens, quando negligenciadas, geram prejuízos irreparáveis”.
Logo, valha-se de pequenos ganhos, pequenos aprendizados e pequenas melhorias,
e um dia você será um guerreiro completo e integralmente hábil. p. 81
“Há cinco defeitos que podem afetar
um general, ao erros que podem derrotar a prudência e a bravura de um comandante”:
p. 81
...
descaso pela vida... : a coragem excessiva ou o temerário descaso para com as
responsabilidades. Aqui os erros são: menosprezar as dificuldades; querer
parece mais inteligente ou preparado do que realmente é; desrespeitar os
limites emocionais ou físicos; ser precipitado na busca de resultados
palpáveis... aqui entra também o descaso para com a aula. p. 81-82
...
cuidado excessivo; falta de ousadia; mostras de covardia... : Cuidado excessivo
para consigo, excesso de vaidade, excesso de exigências em relação a terceiros,
tudo isso atrapalha um bom professor. p. 81-82
...
temperamento volúvel... : É um professor que não sabe se controlar, que não tem
império sobre si mesmo, e se deixa arrebatar pela preguiça, ira ou pela cólera.
(...) grandes feitos não são para pessoas volúveis. . p. 81-82
... por
querer reparar honra por qualquer
insulto, poderá perde-la. : Não se ofenda nem seja suscetível a criticas
seguidas, injustiças, dificuldades. Apenas procure descobrir em cada uma dessas
situações uma professora rígida, mas útil. Tudo isso faz parte do jogo. p.
81-82
...
compaixão excessiva pelos seus soldados... : Impor um grau mínimo de ordem,
respeito e disciplina é tarefa árdua, mas indispensável para o bom desempenho
da turma e da aula. p. 81-82
CAPÍTULO IX
O EXERCITO EM MOVIMENTO
(ou Exército em Marcha ou da
Importância da Geografia)
O segredo do sucesso não é tentar evitar os
problemas nem se esquivar deles, mas crescer pessoalmente para se tornar maior
do que qualquer adversidade.
O tamanho do problema nunca é a questão
principal – o que importa é o seu próprio tamanho.
Se você tem um grande problema, isso
quer dizer apenas que está sendo uma pessoa pequena. Não se deixe enganar pelas
aparências. O seu mundo exterior é um simples reflexo do seu mundo interior.
Caso queira fazer uma mudança permanente, redirecione o foco: do tamanho dos
seus problemas para o tamanho da sua pessoa. p.87-88
(EKER,
2006, p.102)
Fluidez, flexibilidade e
adaptação
Como atrito e incerteza, a fluidez é um
atributo inerente da guerra. Cada episódio da guerra é o resultado temporário
de uma combinação singular de circunstancias, apresentando uma série singular
de problemas e exigindo uma solução original. Não obstante, nenhum episódio
pode ser visto isoladamente.
Em vez disso, cada episódio se funde
com os que o precedem e o seguem – modelado pelos primeiros e modelando as
condições dos segundos – criando um fluxo contínuo e flutuante de atividade,
repleto de oportunidades fugidas e eventos imprevistos. Como a guerra é um
fenômeno fluido, sua condição exige flexibilidade de pensamento. O sucesso
depende em grande parte da capacidade de se adaptar – modelar antecipadamente
eventos mutáveis, em vantagem própria, bem como reagir rapidamente a condições
em constate mudança. p.89
(Manual
Warfighting – Corpo de fuzileiros navais dos EUA)
1.
É
preciso flexibilidade. É preciso saber que é normal ocorrem mudanças
imprevisíveis.
2.
Nada
está isolado: o passado influencia o presente e o presente o futuro.
3.
A
condução de qualquer guerra exige flexibilidade de pensamento.
4.
O
sucesso depende em grande parte da capacidade de adaptação.
5.
O
sucesso depende da capacidade de se moldar os eventos mutáveis em vantagem
própria.
p.90
CAPITULO X
TERRENO
(ou Topografia)
“A
superfície da Terra apresenta uma infinidade de lugares, deves fugir de alguns
e procurar outros. Todavia, deves conhecer bem todos eles”. p.93
A superfície da área da educação
apresenta uma variedade infinita de cargos e funções. Você pode fugir de uns e
buscar outros. Todavia, deve avaliar os terrenos antes de escolher e, ao
escolher, conhecer com perfeição o terreno eleito. p.93
(...) O professor deve conhecer não
só a matéria que vai lecionar, mas também a estrutura da educação, as várias
opções profissionais existentes, e quais são os cargos ou funções que são
oferecidos. p.93
“Um
general infeliz é sempre um general culpado”. p.95
Um professor infeliz é sempre um
professor culpado.
Como dizia Miyamoto Musashi, grande
samurai: “tanto em êxtase quanto em profunda tristeza, o espírito enfraquece.
Evite os extremos. Não deixe o inimigo ver seu espírito”. p.95
A sabedoria milenar da Bíblia recomenda
que haja moderação em todas as coisas. p.95
O grande segredo, se é que existe
algum, é focar muito, mas com equilíbrio. Viver uma vida feliz agora é lançar
as bases e sementes para uma vida melhor no porvir. p.96
Em seguida, é preciso criar um
sistema equilibrado onde trabalhe o mais que puder, com maior qualidade
possível. Em paralelo, deve haver um mínimo de sanidade para sua vida pessoal,
saúde, relacionamento, lazer e até mesmo atividade espiritual ou filantrópica,
desde que nas medidas adequadas. p.97
CAPÍTULO XI
NOVE TIPOS DE SITUAÇÕES
(ou Dos Nove Tipos de Terrenos)
“Às
vezes podes estar reduzido a não saber onde ir, nem para que lado recorrer.
Nesse caso, não te precipites. Espera tudo do tempo e das circunstancias. Sê
inquebrantável onde estiveres”. p.101
Às vezes o profissional pode ser
levado a se sentir reduzido a nada ou quase nada, a não saber onde ir, nem para
que lado recorrer. Nesse caso, Sun Tzu alerta para não haver precipitação, mas
esperar tudo do tempo e das circunstancias. Ser inquebrantável. Uma fuga ou uma
desistência apenas causa maiores perdas. Permanecer em vez de recuar é o
caminho. p.101
Cada vez que desiste de um projeto
ainda inconcluso cria-se, internamente, uma carga emocional negativa que tende
a aumentar, prejudicando a autoestima e o desempenho futuro. Assim, depois de
tomada a decisão de enfrentar com seriedade o ofício, só se deve parar após um
nível mínimo de realização. p.102
Estamos dizendo que vale a pena e
prevenindo você, porque um dia, talvez, pense que é difícil demais para ser
feito. Não é. É demorado e trabalhoso, é uma batalha, uma maratona, mas pode
ser feito. É feito por outros e pode ser feito por você, qualquer que seja o
seu ponto de partida, raça, cor, religião, origem social, condição intelectual.
p.104
É isso que sugerimos: se o inimigo
parece grande demais, seja paciente, faça uma coisa de cada vez, faça as coisas
bem feitas, lembre-se que cada vez você estará mais forte e ele, o inimigo,
sempre estará lá ao seu dispor. Seus problemas e as oportunidades para dar aula
não vão conseguir escapar: você terá muitas oportunidades para aprender a lidar
com eles e finalmente vencê-los. p.105
Prepare-se, mas não se preocupe.
Planeje como ira lidar com os problemas, mas não fique ansioso com eles. p.105
Citamos a seguir dois caminhos para
fazer isso:
O primeiro é seguir os conselhos de
Bruce Lee (Alforismos, p. 81):
Não
some preocupações a seus problemas – Sereno, sem apego aos resultados, pronto
para lutar ou correr, para vencer ou perder e sempre pronto para rir de tudo,
para aceitar o que vier (...).
p.105
O segundo, de cunho espiritual e
opcional, as palavras da Bíblia:
Não
andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com
ação de graças, apresentam seus pedidos a Deus. (Filipenses, 4:6)
CAPÍTULO XII
ATAQUE PELO FOGO
(ou Da Pirotecnia)
“Existem
cinco classes de ataques mediante o fogo: queimar as pessoas, queimar os
mantimentos, queimar o equipamento, queimar os depósitos e queimar as armas”.
p.109
Existem dois tipos de “uso do fogo”
para um professor, duas formas de causar um “incêndio”. p.109
A primeira é acender no coração do
aluno uma chama, algo que o ilumine e ilumine ao redor. A segunda é incinerar
sua autoestima, sua imagem publica, seus sonhos e projetos. p.109
Umas das maiores razões para o
rendimento insatisfatório em colégios, cursos e faculdades é o relacionamento
deficiente entre professores e alunos, ou seja, um mau entrosamento, um
desequilíbrio entre as expectativas e a realidade. Quando o professore bom, a
turma aprende mais. Quando não é tão bom, isso exige um esforço maior de todos.
De acordo com o professor, na maior parte das vezes, a turma ou o aluno passa a
gostar da matéria que não gostava, ou a odiá-la, com as consequências já
conhecidas. p.109
Este capítulo é escrito para
professores, mas também para alunos, pois nunca deixamos de ser um. Desse modo,
não nos adianta apenas dizer que o professor deve fazer para melhorar essa
relação, mas trazer à memória o fato de que, internalizando a situação do
aluno, o professor pode descobrir muito sobre como melhorar sua relação com os
alunos. Tratar o aluno e a aula como gostaria de ser tratado se fosse o aluno é
uma excelente política∕estratégia (a chamada “Regra de Ouro”). p.110
O aluno não pode depender do
professor e vice-versa.
Há professores que ficam dependendo
de uma turma motivada para bem exercer seu papel e isto é abrir mão de um dever
moral, já que as obrigações éticas do magistério não podem ficar à mercê de
haver ou não um grupo de alunos interessados. Gerar interesse está dentro
daquilo que o professor deve providenciar caso não encontre o elemento já
presente. A parte que cabe ao aluno é verificar, se tiver maturidade para isso,
que se o professor não é tudo o que ele gostaria que o professor fosse,
primeiro pode estar havendo um problema de o aluno estar superestimando sua
necessidade ou procurando homens perfeitos. Em segundo lugar, o aluno não pode
deixar seu futuro depender de um eventual professor insatisfatório. Ainda que
não seja a situação ideal, cabe ao aluno compensar eventual falha com seu
estudo pessoal, em casa ou de outro modo. p.111
Mantendo uma atitude positiva, é
certo que o relacionamento professor-aluno irá bem e a produtividade das aulas
aumentará. p.112
Incentivo mútuo professor-aluno.
Em primeiro plano, aluno e professor
não podem depender um do outro, mas no plano mais elevado, eles se ajudam
mutuamente. O aluno e a turma possuem um grande poder de influencia sobre o
ânimo e a motivação do professor, assim como o inverso. Quando a turma está
interessada, quando estuda previamente as apostilas e livros, quando participa
da aula, os rendimentos do professor e da própria turma mudam para melhor. Se
isso não existe, cabe ao professor dar início ao processo. p.113
Em cursos, se todos consideram um
professor como o melhor, muito competente, etc., existe uma boa possibilidade
de os alunos melhorarem seu desempenho por causa disso. O professor, por seu
turno, tem um enorme poder de influenciar a opinião que a turma ou algum aluno
em particular tem de si mesmo, a começar pela posição de autoridade que
ostenta. p.115
(...) o aluno individualmente e a
turma como um todo, têm uma considerável parcela de responsabilidade pelo
rendimento do professor e, consequentemente o nível de produtividade a ser
alcançado nesse relacionamento. p.115
É obvio que se houve melhora no
relacionamento aluno-professor, a tendência é que ocorra ganho de qualidade e
aprendizado. Para isso, é preciso pelo menos uma vontade. Se houver duas (aluno
e professor ou turma e professor), fica mais fácil. Se houver apenas uma, será
preciso iniciativa e paciência, mas também dará certo, mais cedo ou mais tarde.
p.116
Julgamentos e competições
Evite julgar inadequadamente o
aluno.
Não cometa o comuníssimo erro de ficar
julgando o aluno por razões estranhas ao seu desempenho para decidir se ele é
bom ou não e, se não for bom, não prestar atenção ou não dar a ele a devida
orientação. p. 116
Entre em sala para ensinar o Maximo
possível como professor, independente da sua opinião sobre a turma ou este ou
aquele aluno, ou grupo de alunos. p. 117
Evite competições inadequadas.
(...) temos de ter cuidado para não
avaliar o aluno apenas pelo seu desempenho geral, mas pelo quanto ele evolui.
Às vezes o crescimento sutil é o início de um processo de mudança, de uma
revolução na vida de uma pessoa. Nem sempre a maior nota é de quem tem o maior
merecimento ou grau de superação. Precisamos estar atentos aos primeiros e
melhores nas colocações para lhes dar o devido mérito e estímulo, mas sem
esquecer ou desprezar os alunos medianos e, em especial, os mais fracos. No
caso destes últimos, embora menos festejados pela sociedade, eles são os que
mais necessitam da nossa atenção. p. 118
Aqui, o cuidado é para que o
professor não caia na tentação de entrar nessa competição tola, nem se sinta
levado a se sentir diminuído ou, pior, tentar diminuir e humilhar o aluno em
questão. Cabe ter paciência e sabedoria para lidar com a imaturidade do aluno
mostrando que a competição não é o teor esperado da relação professor-aluno. Em
suma, a melhor forma de lidar com a imaturidade é agir com maturidade e
serenidade. p. 119
Essa questão de competição, seja com
o aluno, seja com outro professor, já foi abordada por Lao Tsé de forma
magnífica. “O professor maduro é aquele que ninguém pode competir com ele...
porque ele não está competindo com ninguém”. p. 120
Ética e deveres do professor
(...) há coisas que devem ser feitas
pelos professores e que auxiliarão o sistema:
· Motivar
o aluno;
· Estar
atento às necessidades do aluno;
· Conhecer
razoavelmente o aluno;
· Preparar
as aulas dentro de suas possibilidades e capacidade;
· Ter
objetivos operacionais;
· Em
cada encontro procurar transmitir algum conhecimento novo e útil, mesmo que em
pequena quantidade;
· Ser
justo nas avaliações;
· Respeitar
o aluno;
· Acreditar
na capacidade do aluno;
· Procurar
ser amigo do aluno.
É importante ter flexibilidade para
lidar com as dificuldades e deficiências eventuais do aluno, bem como as suas
eventuais habilidades especiais. p. 120-121
(...) há uma boa relação de fatores
que, por desgastarem a imagem do professor, prejudicam a aprendizagem dos
alunos e, portanto, devem ser evitados:
· O
fato de o professor queixar-se de sua profissão em sala de aula;
· O
fato do professor perder tempo da aula com assuntos alheios à disciplina;
· O
fato do professor não se manter dinâmico em aula;
· O
fato do professor chegar atrasado;
· O
fato de o professor ficar ansioso para que chegue o término da aula;
· O
fato do professor não acreditar no que está fazendo;
· O
fato do professor não estar em perfeita harmonia com o método que está usando;
· (o
professor pode continuar a enumeração) p. 121-122
Ética e deveres dos alunos
O professor que sofre com alunos mal
educados pode iniciar um processo de amadurecimento dos mesmos que, muitas
vezes, só irá servir para um colega que os encontrará no futuro. Mas o
essencial é que essa orientação alcance os alunos mal educados, pois eles são,
afinal de contas o elemento central de nossa atividade. p. 123
Lidando com colegas com
necessidades especiais
A discriminação, a rejeição, o
escárnio e a falta de consideração com os mais fracos, a inveja e a perseguição
aos mais fortes são fraquezas de caráter prejudiciais ao bom desempenho pessoal
e do grupo. Qualquer modalidade de bullying deve ser rechaçada. O aluno e a
turma como um todo devem evitar esse tipo de comportamento prejudicial e
danoso. Deve haver mais compreensão entre os colegas e um senso de
solidariedade e auxilio aqueles que eventualmente tenham maior dificuldade para
aprender ou alguma necessidade especial. p. 123-124
Críticas
Todos dizem que as criticas devem
ser construtivas, mas poucos podem dizer como identificá-las. O que é uma
crítica construtiva? p. 125
a) Despida
de inveja, orgulho, egoísmo, inconsequência e∕ou interesses escusos;
b) Feita
de modo educado, gentil, amável e respeitando a dignidade da pessoa criticada;
c) Feita
de modo a agregar valor a alguém, isto é, indicando alguma falha que pode ser
corrigida e, de preferência, com sugestões sobre o que seria possível melhorar.
Outra forma indevida de crítica é
aquela que procura moldar a pessoa exatamente às nossas predileções. (...) Eventuais
mudanças podem até ser propostas por terceiros, mas devem pressupor a vontade e
concordância do sujeito. p. 125
Em resumo:
Se sua palavra vai agregar valor a
alguém, fale. Se não, cale-se.
Alem de ouvir criticas com boa
vontade, sugerimos que se torne proativo e se indague sobre sua aula. Afinal,
“o feedback é o café da manhã dos campeões” (Richard Bandler). p. 126
CAPÍTULO XIII
USO DE ESPIÕES
“O
que possibilita ao soberano inteligente e seu comandante conquistar o inimigo e
realizar façanhas fora do comum é a previsão, conhecimento que só pode ser
adquirido através de homens que estejam a par de toda a movimentação do inimigo”.
p. 129
Prever o que será indagado pelo
aluno na sala, ou do aluno quando ele estiver no mercado de trabalho, é ótimo.
Permite ao professor primeiro saber e, em seguida ensinar. Ter conhecimento do
real estado emocional, social e intelectual do aluno é mais importante ainda.
p. 129
O primeiro espião que temos, posto
que o mais tradicional é prova. Ela nos
informa sobre o que o aluno realmente aprendeu, sobre quais habilidades
adquiriu. (...) A rigor, ao observarmos a formulação da prova temos um ótimo
“espião” sobre a qualidade do professor. p.129
Outro espião possível é o próprio
aluno, ou um conjunto deles, quando sistematicamente ouvidos e, claro, com a
premissa de que terão liberdade, confiança e tranquilidade suficiente para
emitirem suas reais opiniões sem o medo de serem prejudicados por isso. p.131
Um terceiro espião seria o aluno
observado após a conclusão do seu curso. Observar como estão se saindo os
pupilos é uma forma extraordinária de obter informações sobre a nossa
competência, mais do que a deles. p.130
A própria forma como o ex-aluno nos
trata, quando não depende mais de nossas notas para seguir sua vida, é um
indicativo veemente da nossa qualidade como mestres. p.130
Não havendo como abrir mão do
julgamento, da avaliação, devemos exercê-la com a devida cautela e reverencia.
E, se o julgamento é matéria difícil entre iguais, maior ainda é a
responsabilidade exercida sobre pessoas quando há uma relação de autoridade,
mesmo que seja apenas acadêmica. p.133
“Um professor se liga à Eternidade:
ele nunca sabe onde cessa a sua influencia” (Henry B. Adams). p. 133
Sun Tzu chega a exagerar, mas diz:
“Os espiões são os elementos mais importantes de uma guerra, porque neles
repousa a capacidade de movimentação de um exército”. p. 134
O poder já derivou da força física,
da posse de terras, de industrias, de armas, de petróleo, etc. Atualmente, tem
poder quem tem informação e capacidade de fazer uso dela. Se você tem
informação e conhecimento, terá sucesso no magistério, em concursos, no serviço
público, na iniciativa privada ou em qualquer outro lugar. p.135
Se você aprender a lidar com os
desafios e se tornar um bom guerreiro, sua hora chegará. Como diria o grande
samurai Miyamoto Musashi: “quando você atinge o caminho da estratégia, não
haverá nada que não possa compreender”. p.135
CONCLUSÃO
“Lembra-te
que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus
vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem integralmente no ânimo daqueles
que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas consequências”. p.139
Você, professor, tem
responsabilidades, vícios e virtudes, qualidades e defeitos que influenciarão o
aluno, o sucesso da instituição onde trabalha e o próprio futuro do país. Seus
erros terão nefastas consequências. Dessa forma, seja responsável e cauteloso,
probo e dedicado. p.140
Crie um estado pessoal de valor.
Ponha seu mundo em ordem, encontre graça, descubra o que lhe dá gratificação,
paz e alegria. Encontre uma forma de, enquanto luta, ao final do dia, dormir o
sono dos justos, mesmo que seja apenas a sua justiça modesta e diária. p.143
Prepare-se para mirar no espelho e
se orgulhar das guerras nas quais luta. Encontre uma forma de ser feliz. p.144
Uma revolução silenciosa e
invencível pode acontecer através do ensino. p.144
Cremos nesse tipo de mudança e vemos
sinais de seu desenvolvimento, de forma clandestina e silenciosa, nas tramas
teciduais deste país. p.144
E aqui surge nosso interesse
“militar” em você, professor. Você já faz parte do sistema e em breve será
ainda mais importante dentro dele. p.145
Você terá muito poder, mais do que
imagina. Toda sala de aula concede algum tipo de poder, mas nenhum poder
consegue conferir honestidade, honra ou o sentimento de compaixão,
solidariedade e empatia. Afinal, são decisões pessoais e alteráveis a qualquer
tempo. Embora possam decorrer do conhecimento e da sabedoria, não são
facilmente aferíveis. p.145
Cremos que os professores podem
fazer uma revolução na educação, a começar pelo metro quadrado que cada um
ocupa. Por isso, sugerimos cinco compromissos pessoais para ajudar na
revolução. Usamos pessoais porque não é algo que dependa de um líder, pois cada
um pode ser seu próprio líder: p.147
·
Ser
um bom professor;
·
Tratar
o aluno com educação;
·
Melhorar
a aula;
·
Ser
proativo;
·
Ser
honesto.
DOUGLAS, William. GOMES, Nataniel. Arte da Guerra Para Professores: estratégias
vencedoras para o exercício do magistério. Niterói, RJ: Impetus, 2012.
Fichado por Kelly Leão
Nenhum comentário:
Postar um comentário