terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Aspecto Históricos da Educação Especial - Resumo


Aspectos Históricos da Educação Especial
Bianchetti
Tese 1:
Visão fragmentada do corpo, ora negando e ora supervalorizando parcialmente.
“O corpo tem suas razões”.
“O corpo fala”.
Tese 2:
Monstruosa padronização.
Leito de Procusto.
Na antiguidade, o importante era manter o padrão a qualquer preço.
Tese 3:
Entender através da historia como o homem foi atendendo às suas necessidades básicas.
O homem pode preconceber o que vai fazer e por isso podem resolver suas necessidades de acordo com os empecilhos que as relações e o meio vão criando.
Há de se analisar a “deficiência” historicamente analisando do ponto de vistas das sociedades primitiva, escravista, feudal e capitalista, para conhecer os meios de integração ou exclusão aplicados aos deficientes.
Perspectiva Histórica da Educação Especial
Na procura do atendimento das necessidades básicas que o homem constrói sua existência, a partir das relações entre si, mediados pelo mundo, num dado momento da história.
A deficiência era um fardo na sociedade primitiva, que era dada ao nomadismo de acordo com os ciclos da natureza. Isso impedia a pessoa de participar ativamente das atividades de caça, pesca e coleta, tornando-a inútil para o grupo que a abandonava à própria sorte. Prevalecia a seleção natural.
Na sociedade grega, o culto ao corpo, à boa forma leva à eliminação das crianças nascidas com alguma deficiência. (conforme paradigma espartano)
Também há uma separação de corpo e mente pensante. Onde a mente é delegada àqueles que executam as tarefas administrativas e governantes e, o corpo é delegado àqueles que executam os trabalhos degradantes – escravos. (Conforme paradigma ateniense).
A alma é a parte digna e o corpo possui honra (ainda que mínima) apenas por ser a condição de tempo (morada) da alma.
Dualidade: corpo como templo de Deus (da alma); corpo como oficina do diabo.
A associação entre deficiência e pecado é antiga e pode ser analisada inclusive em passagens bíblicas onde Jesus opera seus milagres de cura em deficientes variados.
Percebe-se através das narrativas que os próprios deficientes viam-se como malogrados de alguma forma e pediam por misericórdia e purificação.
Quando Jesus cura o paralitico e diz: “perdoados estão os teus pecados”, fica indissociável a deficiência e o pecado.
Estes exemplos não devem ser compreendidos moralmente, mas sim historicamente, pois servem para que se analise e compreendam os horrores da segregação dos deficientes.
O argumento da Igreja durante a inquisição, era de libertar a alma cujo corpo fora tomado pelo demônio que se manifestava em forma de alguma deficiência.
A Igreja ainda tinha outro argumento sobre os deficientes. Seriam estes agraciados naturalmente com as suas limitações para que outros homens através deles, expiassem seus pecados praticando a caridade. Esta concepção dá origem às Santas Casas de Misericórdia.
Quando analisamos a sociedade capitalista, vemos uma grande diferença, pois o sistema visa o processo civilizatório, impondo-se sobre todas as outras formas sociais de vida e trabalho.
No processo de transição da sociedade feudal para a capitalista, o teocentrismo com todas as suas teorias e ideologias cede lugar ao antropocentrismo.
“Os instrumentos, os aparelhos igualam os homens” Francis Bacon.
O corpo passa a ser visto como máquina, assim comparado, havendo alguma deficiência de “peças”, logo o corpo não terá funcionalidade alguma na sociedade. (visão que pode ser confrontada com a da idade media que associa deficiência à pecado, aqui, fica  associada à uma disfuncionalidade).
Destaca-se no pensamento burguês, a luta pela igualdade, mas não passa de uma utopia.
“O Deus se chama capital e o pecado é não ser produtivo!”
Decorrências Para a Educação Especial
Séc. XVI > pastor João Amós Comênio > Didática Magna.
“Para o povo, educação em doses homeopáticas, já que não tinham necessidade de muita educação. Fornecer-lhe conhecimento poderia ser prejudicial pois levaria-os a se rebelar”.
Divisão da escola comênica: Escola Materna > Escola primaria para todas as crianças > Escola de Latim para Alguns > Academia para poucos.
Jerome Buner – O Processo da Educação: “É possível ensinar tudo a todos, de uma forma “honesta”, em qualquer fase de crescimento”.
Até o séc. XVI os homens eram vistos como iguais, mas claro já respeitada a divisão de classes que não considerava escravos e servos nessa homogeneidade.
Com o gradativo predomínio da burguesia abre os horizontes, diante disso, a pessoa que nasceu pobre poderia sim se tornar rico, e ter um acesso maior à educação. Na verdade, a educação passa a ser vista como um dos meios para a passagem de uma classe para outra.
“Tratar diferentes de forma similar, gera a exclusão de alguns”.
Pedagogia da Essência > Pedagogia da Existência > Escola Nova.
A partir de quando se percebe que uma mesma educação para classes diferentes não leva aos resultados esperados, os filósofos e pedagogos começam a voltar suas atenções para a especificidade.
Crianças até então eram vistas como adultos em miniatura, cujas limitações eram um mal que só o tempo curaria.
Pestalozzi dedica-se as crianças pobres e excluídas do sistema formal.
Froebel dedica-se também às crianças, criando os jardins de infância.
Fénelon atenta para a educação das moças.
Séc. XX emergem as atenções direcionadas ao processo de aprendizado com Piaget, Vygotsky e Emilia Ferreiro.
Freinet ocupando-se das crianças do meio rural.
Paulo Freire preocupado com a educação de adultos.
Porém ainda não recebem atenção às pessoas portadoras de deficiência que do séc. XVI em diante se viram sob influência da Igreja, passando então para o campo da medicina.
(ver a comovente descrição de um deficiente feita erroneamente por Martinho Lutero)
A partir do momento que a medicina passa a ‘explicar’ a deficiência, trata-a como inatismo, isso impede a até então eliminação dos deficientes, mas gera então a segregação. Eles eram um perigo para si e para a sociedade.
Tentativa de integração na sociedade francesa de Vitor, o selvagem de Averyon. Empenha-se na tarefa de educá-lo Itard, e cita-se no texto que a sua descrição sobre os avanços de Vitor são as mais belas páginas da história da Educação Especial.
E. Seguin manifesta em favor dos deficientes: a possibilidade e a necessidade da prevenção; a educabilidade do deficiente; a integração do deficiente como meio e fim.
Limites e Possibilidades
Limites:
Em maior ou menor grau, os portadores de deficiências continuam segregados ou usados.
A educação especial é vista como um meio para se levar ao campo do trabalho.
Lógica capitalista: investe-se naquilo que gera lucro∕retorno imediato. Valorização do corpo para desfile∕exposição.
Deficiência como necessidade.
Possibilidades:
A luta pela integração do deficiente, tanto na escola quanto na sociedade.
A tecnologia avançada praticamente elimina as diferenças entre uma pessoa considerada normal e uma considerada deficiente.
Desativação de um sistema especial e paralelo de ensino.
Superação da linguagem estigmatizada e estigmatizadora dos deficientes.
Conclusão
Ate pouco tempo sempre procurou-se um remédio ou explicação para a doença instalada, dando ênfase ao curativo. Hoje atua-se no preventivo.
A formação de equipes e o avanço em direção à interdisciplinaridade, com a clareza da necessária profundidade dos especialistas.

BIANCHETTI, Lucídio. Aspecto Históricos da Educação Especial. Revista Brasileira de Educação Especial

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