COMEÇO DE CONVERSA – CONCEITOS
Cultura
A cultura também é usada frequentemente com outro sentido, para se
referir à grande arte que é apreciada por poucos afortunados.
De acordo com Kuper, a visão francesa de “cultura” soma a ciência em
seu favor como a mais alta expressão da cultura e da civilização.
Na Tradição Alemão, prevalece que, ao contrário do conhecimento
científico, a sabedoria da cultura é subjetiva.
Os conceitos atuais de cultura não retomam diretamente a controvérsia
de outrora, mas pode-se dizer que as ideias não foram de todo abandonadas.
A globalização traduz uma nova cultura de dimensão mundial. (...) A
resistência das culturas locais é ressaltada e vista como uma alternativa a uma
forma de progresso que não leva em consideração as especificidades das culturas
não hegemônicas.
Etnocentrismo
Trata-se da tendência de
considerar a cultura de seu próprio povo como a medida de todas as outras. Este
costume parte dos europeus que consideravam os demais povos sem civilização.
Esse conceito foi substituído pelo respeito à diversidade das culturas já que
não se pode considerar inferior aquilo que apenas é diferente.
“O sentimento de gratidão
e de humildade que cada membro de uma cultura determinada pode e deve sentir em
relação a todas as outras apenas poderá fundamentar-se na convicção de que as
outras são diferentes da sua, das mais variadas maneiras.”(Levi Straus, 1952,
p.45)
Diversidade pode
significar variedade, diferença e multiplicidade. Nos seus distintos
significados nos remete à necessidade de verificar a característica mais
importante de um ser ou de algo, que lhe confere um caráter distinto, uma
identidade própria.
“Na diversidade residem
as possibilidades de progresso da humanidade, uma vez que o progresso deriva da
colaboração entre culturas diferentes. É através dela que se torna possível a
compreensão das culturas, na medida em só a compreensão das diferenças
permitirá atribuir a qualquer cultura individual seu sentido verdadeiro.”
Mito
O mito se compõe de
crenças populares a respeito da humanidade e do mundo social, bem como da
natureza e do significado do Universo. Freud por exemplo buscou explicar alguns
mitos com base na psique, mas alguns antropólogos não aprovam esta ideia
dizendo que o mito preenche na cultura primitiva uma função indispensável: é
produto de uma fé viva que serve para codificar e reforçar normas grupais,
salvaguardar as regras e a moralidade e promover a coesão social.
O Estruturalismo, na
vertente de Lévi Strauss interpreta os mitos como um sistema de signos – uma
linguagem cujo sentido é codificado e se encontra sob a superfície narrativa.
Os mitos, em todas as
perspectivas teóricas, não são relacionados com o espaço e o tempo presente.
Ideologia
Ciência proposta pelo
filósofo Destutt de Tracy que atribui a origem das ideias humanas às percepções
sensoriais do mundo externo.
Pode ser vista como um
sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes,
sustentados por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais
refletem os interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais,
religiosos, políticos ou econômicos. Outra definição para ideologia é o
conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas, etc. de um indivíduo ou
um grupo de indivíduos que a compartilham.
Identidade
Idem: igualdade e
continuidade. Examina a permanência em meio à mudança e a unidade em meio à
diversidade.
A teoria psicodinâmica
enfatiza o cerne de uma estrutura psíquica como tendo uma identidade contínua
(em geral, conflitante).
Na tradição sociológica
existem: “eu” como fase interior (um sabedor, subjetivo, criativo, inescutável
e determinante); “eu” como fase exterior (“eu mesmo” – um conjunto de atitudes
organizadas dos outros que a pessoa assume ela mesma). É o “eu mesmo” que está
mais ligado à identidade.
A política da identidade
tornou-se visível a partir dos anos 60 e esta particularmente associada a
minorias étnicas, raciais e religiosas, bem como a movimentos sócias
(feministas, negros, indígenas, lésbicas, gays, etc.). A dinâmica resultante é
uma dialética entre cultura, política e identidade que promove a mudança
social.
Interculturalismo
Multiplicidade de
perspectivas nem sempre coincidentes.
Fleuri defende que o trabalho intercultural pretende contribuir para
superar tanto a atitude de medo quanto a de indiferente tolerância ante o
“outro”, construindo uma disponibilidade para a leitura positiva da pluralidade
social e cultural. Alguns autores utilizam o termo inter-multicultural para
indicar o conjunto de propostas educacionais que visam promover a relação e o
respeito entro grupos socioculturais, mediante processos democráticos e
dialógicos.
Este conceito oferece a
possibilidade de respeitar as diferenças e de integrá-las em uma unidade que
não as anule.
A educação, na perspectiva
intercultural, deixa de ser assumida como um processo de formação de conceitos,
valores, atitudes, baseando-se em uma relação unidirecional e unifocal.
O interculturalismo
propõe uma convivência na diversidade, crê que por detrás da diversidade
cultural há alguns valores comuns que devem ser o resultado de um processo
aberto ao tempo, de convivência e diálogo entre as diferentes culturas em
condições de igualdade, comuns no universal, plurais na diversidade.
A principal preocupação
da interculturalidade é o consumo, aqui ou ali, de valores sempre diversos e
renovados.
O intercultural não faz
apologia de um novo pertencimento comunitário porque, antes de tudo, se
preocupa em manter relações simultâneas e múltiplas com elementos e traços
culturais de diversas procedências. Mesmo que as atitudes interculturais não
sejam suficientes para incorporar ou fazer o aprendizado de uma outra cultura,
não se pode negar que constitua, às vezes, um modo de abertura em relação ao
outro, que pode mesmo, em certos casos, conduzir o individuo a considerar os
traços culturais, alem do simples olhar pelo exótico ou do consumo superficial.
Liberdade
Desde Sócrates e o seu
método, a maiêutica – método que consiste na multiplicação de perguntas,
induzindo o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na
conceituação geral de um objeto – é uma conquista do saber que só se realiza
pelo livre exercício das consciências.
(a escola) Ao colocar a
criança no centro do processo, ao tomar o ativismo como fundamentos de desenvolvimento
e de pensamento, a liberdade passa a ser princípio fundador da educação. Pensar
e desenvolver é ser livre.
O ativismo segundo Cambi
(1999) se caracteriza por:
1) Papel essencial e ativo da criança no processo
educativo;
2) A valorização do fazer;
3) A motivação, o interesse e a necessidade como
relação;
4) A centralidade do estudo do ambiente
5) A socialização;
6) O antiautoritarismo;
7) O antiintelectualismo.
Para Paulo Freire, a
liberdade está mais próxima de uma perspectiva existencial cristã. A liberdade
e a consciência serão dois instrumentos dos oprimidos que se efetuam na ação,
na participação, na luta e na prática.
Para Começo de
Conversa: nas relações humanas, o que se entende por diversidade∕des? TEXTOS:
Nilma Lino Gomes (2006) e Borges, Edson et AL (2002)
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