terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O desafio da diversidade - Fichamento


O DESAFIO DA DIVERSIDADE
Quanto mais complexas se tornam as relações (...) mais o campo da pedagogia é desafiado a compreender e apresentar alternativas para a formação dos seus profissionais. (...) Porém, ainda faltam estudos que articulem a formação dos professores e outras temáticas, entre elas, a diversidade étnico-cultural.
O que assistimos hoje, é ao reconhecimento, dentro de alguns segmentos do campo educacional, da grande lacuna que a não inclusão da diversidade cultural na formação dos professores e no currículo escolar tem acarretado à educação brasileira, principalmente, à escola pública.
Formação de Professores: Um Processo Complexo
A formação de professores deve proporcionar situações que possibilitem a reflexão e a tomada de consciência das limitações sociais, culturais e ideológicas da própria profissão docente (Carlos Macedo Garcia, 1995). (...) Diferentes imagens se formam sobre o professor, destacando-o como pessoa, colega, companheiro, implementador do currículo, sujeito que toma as decisões, entre outros. (...) A formação de um professor é um processo contínuo desde a formação inicial até o pleno exercício da profissão. Desta forma, tem-se de manter uma conexão entre a formação recebida na instituição e a formação que se dá com o exercício da profissão. (...) Manter essa conexão significa respeitar os saberes de que os professores são portadores.
Antonio Névoa 1995) diz que quanto ao preparo do professor para atuar diante de diversidade cultural e social, mais do que a aquisição de técnicas e conhecimentos, a formação de professores é o momento crucial da socialização e da configuração profissional.
É visada a superação da visão estática, conteúdista, limitada ao domínio de métodos e técnicas de ensino ainda presentes na formulação de cursos, assim como desmitificar a importância majoritária da formação inicial.
Tende-se a privilegiar durante o processo de formação, a relação entre os professores, os saberes, os valores, a cultura e as histórias de vida. É a partir daí que a relação entre professores em formação e a diversidade étnico-cultural vira um desafio para o campo pedagógico a ponto de ser então assimilada através de uma disciplina.
Entre as perspectivas que se tem aberto para o estudo da formação de novos professores, tomam destaque aquelas que focalizam as histórias de vida, o desenvolvimento profissional, a formação de professores reflexivos e de novas mentalidades.
O desafio para o campo da didática e da formação dos professores no que se refere à diversidade é pensá-la na sua dinâmica  e articulação com os processos educativos escolares e não transformá-la em metodologias e técnicas de ensino para os ditos “diferentes”. Isso significa tomar a diferença como um constituinte dos processos educativos, uma vez que tais processos são construídos por meio de relações socioculturais entre seres humanos e sujeitos sociais. Assim, podemos concluir que os profissionais que atuam na escola e demais espaços educativos sempre trabalharam e sempre trabalharão com as semelhanças e com as diferenças, as identidades e as alteridades, o local e o global. Por isso, mais do que criar novos métodos e técnicas para se trabalhar com as diferenças é preciso, antes, que os educadores reconheçam a diferença enquanto tal, compreendam-na à luz da história e das relações sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira, respeitem-na e proponham estratégias e políticas de ações afirmativas que se coloquem radicalmente contra toda e qualquer forma de discriminação.
É repensada a função social e cultural da escola, portanto há a necessidade de repensar o papel social e cultural do professor, redefinir com maior seriedade a sua formação.
Diversidade Étnico-Cultural: Uma necessidade e um Desafio
Faz-se necessário alertar para que não reduzamos as nossas análises educacionais somente à educação escolar, desconsiderando os processos culturais, sociais e políticos mais amplos, constituintes de toda a experiência humana.
A educação escolar, entendida como parte constituinte do processe de humanização, socialização e formação, tem, pois, de estar associada aos processos culturais, à construção das identidades de gênero, de raça, de idade, de escolha sexual, entre outros.
A sociedade brasileira é pluriétnica e pluricultural. Alunos, professores e funcionários de estabelecimentos de ensino são, antes de mais nada, sujeitos sociais – homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos, pertencentes a diferentes grupos étnico-raciais, integrantes de distintos grupos sociais. São sujeitos com historias de vida, representações, experiências, identidades, crenças, valores e costumes próprios que impregnam os ambientes educacionais por onde transitam com suas particularidades e semelhanças, compondo o contexto da diversidade. Por isso a diferença é mais um constituinte do nosso processo de humanização.
As secretarias de educação deveriam mapear, conhecer e dialogar com as escolas ou com os coletivos de professores que já aceitaram o desafio de construir e implementar propostas voltadas para uma pedagogia da diversidade e assim construir uma proposta mais coletiva.
O Desafio da Diversidade
Enquanto um processo que faz parte da nossa humanização, a diversidade étnico-cultural é uma característica marcante em qualquer sociedade. Ela está presente nas relações que estabelecemos no mundo do trabalho, na família, nos espaços de lazer, na escola e demãos locais e instituições.
A divesidade étnico-cultural nos mostra que os sujeitos sociais, sendo históricos, são também culturais. Essa constatação indica que é necessário repensar a nossa escola e os processos de formação docente, rompendo com as práticas seletivas, fragmentadas, corporativistas, sexistas e racistas ainda existentes.
A pratica docente, os recentes estudos sobre a formação de professores, a relação da escola, currículo e cultura vêm nos mostrando que além de questões de ordem econômica, social, pedagógica e linguística convivem conflituosamente, no cotidiano escolar, outras questões relacionadas à estrutura excludente da escola, aos valores da infância e da juventude, à violência das sociedades modernas, às novas formas de exclusão social, ao tratamento dado às identidades de idade, gênero e raça.

Experiências étnico-culturais para a formação de professores ∕ organizado por Ilma Lino Gomes e Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva. – 2ª ed. – Belo Horizonte: Autentica, 2006.

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