Vesentini explora tempo e espaço de
forma única: o tempo é o espaço e, o espaço é o tempo, é a historia. Se faz
necessário, portanto entender essa história contemporânea no que se refere a
política do Imperialismo e seus conceito para compreender o espaço unificado
mundialmente.
Esse espaço mundializado com a
globalização vem sendo moldado de acordo com os interesses do capital
financeiro intrincado aos interesses das classes dominantes e do Estado. O
autor aborda a globalização por uma outra perspectiva, como a expansão do
capitalismo financeiro e exploração do mundo subdesenvolvido. Faz-se presente
em todo canto do globo, refletidas no espaço, as relações de exploração entre
classes dominantes e dominadas. Isso nos leva a uma releitura do conceito de Imperialismo,
cuja política visa fortalecer o Estado, eliminar a concorrência e dominar
espaços econômicos cada vez maiores através dos monopólios das grandes
empresas. Não há uma relação direta entre o Imperialismo e a exploração da mão
de obra, da mais valia, do trabalho assalariado, etc, outra contradição da
teoria do Imperialismo é que prevê uma hegemonia mundial, ao passo que, o que
se vê na atualidade é uma dezena de potencias despontando no cenário mundial,
difundindo o capitalismo e suas relações de exploração. Uma definição mais precisa para a política
imperialista atual seria o fortalecimento do Estado, o extermínio da
concorrência e domínio de espaços econômicos cada vez maiores através dos
monopólios das grandes empresas.
Seria possível esquematizar a
difusão capitalista a nível planetário da seguinte forma: O Estado é a força
motriz do capitalismo e o maior interessado em dominar cada vez mais
territórios. Para tanto, ampara as grandes empresas (as multinacionais), pois
através delas, terão lucro na exploração de demais territórios, uma vez que os
lucros das empresas sempre são encaminhados para o centro, para seu país de
origem. Existe ainda um segundo cenário, onde se faz necessária a “imposição”
que é feita através das forças militares altamente desenvolvidas ao redor de
todo mundo. Isso levanta uma outra problemática, enquanto os países tanto
desenvolvidos quanto os em desenvolvimento investem massivamente em suas forças
militares, desenvolvendo novas tecnologias, mesmo sem a iminência de guerras, o
setores civis da economia, programas sociais e culturais são deixados de lado e
isso pode acabar afetando o desenvolvimento qualitativo do Estado que prefere
investir no poderio militar tanto para caso de possível guerra, mas
principalmente para intimidar e impor sua política expansionista. O Estado
precisa de territórios para explorar, e o terá a custa de violência se
necessário, com amparo do Exército largamente equipado. Guerras e violência
andam às margens da expansão capitalista, mas indissociáveis. Esse poder
militar enfraquece os debates e acordos políticos uma vez que a força bélica de
uma nação é usada para intimidar aquelas cujos interesses podem ser
conflitantes. Estaríamos a caminho de uma nova guerra, uma revolução socialista
imposta de cima para baixo através dos avançados meios de destruição?
A partir disso, se dá o
aprimoramento da geopolítica e geoestratégia, dadas as dimensões de uma guerra
nos dias atuais. As áreas estratégicas não são mais pontos fixos. É móvel
dependendo dos interesses de cada Estado e esta intimamente ligada na maioria
das vezes à localização geográfica de um território. Até aqui, temos o Estado
amparando empresas multinacionais, que colaboram com o militarismo que por sua
vez é financiado também pelo Estado, para o qual está apto a defender-lhe os
interesses, gerando graças aos crescentes adventos tecnológicos, novas visões
sobre geopolítica e geoestratégia.
A geopolítica desenvolveu novas
estratégias a partir da guerra fria, onde as superpotências tanto eram inimigas
quanto dependentes uma da outra e também dos países aliados que optavam por
apoiar ou o socialismo igualitário da URSS ou o capitalismo liberal dos EUA.
O autor conclui que, nos dias atuais
devido a potencia das armas de destruição, uma guerra não levaria a ascensão de
uma classe em detrimento de outra, mas sim à destruição planetária. Por esse
motivo, faz necessário um amplo movimento pacifista, saindo das camadas mais
locais da sociedade, de baixo para cima para evitar que todas as classes, todo
o planeta seja devastado por uma guerra.
Não seria equívoco pensar uma nova sociedade sem classes (sem
precedentes na historia)
VESENTINI, José William. Imperialismo e Geopolítica Global. Campinas/SP: Papirus, 1987
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