INTRODUÇÃO
(as cidades) elas separam em lugar de unir e nos deixam a
impressão de que empobrecem a vida cotidiana ao invés de melhora-la. Pag. 9
(...) Nos países subdesenvolvidos, graças às peculiaridades
de sua historia, os problemas são ampliados, os contrastes mais agudos, os
remédios geralmente se impõe como novos problemas. Pag. 9
(...) essas metrópoles funcionam e evoluem segundo
parâmetros globais. Mas elas tem especificidades, que se devem a historia do
pais onde se encontram e à sua própria historia local. O mundo e o lugar
intermediados pela formação socioeconômica e territorial, eis aí um principio
de método a adotar, se quisermos apreender o significado de cada caso em
particular. Pag. 9
(...) Não deve e nem pode deixar de lado as evidencias empíricas,
obrigar-se á a retomá-las no contexto do presente e de sua elaboração. Pag. 10
(...) Trata-se do entendimento de um sistema, o que supõe
sua historicidade, da qual lhe advém sua singularidade. Pag. 10
(...) o urbano tanto pode ser mais, quanto pode ser menos
que a cidade e, sem o entendimento desta, considerada em uníssono como corpo e
ação, a interpretação do urbano é frequentemente acanhada e insuficiente. Pag.
11
SÃO PAULO: UMA BREVE
APRESENTAÇÃO
A área metropolitana de São Paulo é formada por 39
municípios (...). A população total é de cerca de 19 milhões de habitantes.
(...) Essa aglomeração representa 11% da população brasileira, mas concentra
cerca de 40% da produção industrial. Pag. 13
(...) Modernidade incompleta (...). Nela, (SP) se justapõem
e se sobrepõem traços de opulência, devidos à pujança da vida econômica e suas
expressões materiais, e sinais de desfalecimento, graças ao atraso das
estruturas sociais e políticas. Tudo que há de mais moderno pode aí ser
encontrado, ao lado das carências mais gritantes. Pag. 13
São Paulo começa a ganhar fôlego, na historia econômica e
territorial brasileira, no mesmo momento em que se instala a era industrial. A
região paulista praticamente já nasce moderna, tanto pela produção, quanto pelo
consumo. Pag. 13
“As ruas de São Paulo não envelhecem. Não tem tempo de
envelhecer. (...) Aqui as casas vivem menos do que os homens. E se afastam para
alargar as ruas. Nem há nada acatado, definitivo” (Maria do Carmo Bicudo
Barbosa, 1087, p.8) (...) “As lembranças são mais duradouras do que o espaço
construído e não encontram nele um apoio e um reforço” (Maria do Carmo Bicudo
Barbosa, 1087, p.8-9). Pag. 14
(sobre essas mudanças) (...) condições exigidas para o
aumento da eficiência e da rentabilidade. Pag. 14
(...) nela se exibem contrastes chocantes entre a riqueza de
alguns e a pobreza de muitos. Pag. 14
A pobreza é estrutural e não residual. Ela aumenta na medida
em que a cidade cresce. Pag. 15
(...) a extensão desmesurada da cidade enquanto dentro
dela se mantém tantos vazios especulativos, é uma das causas do seu crescimento
periférico. Esses fenômenos trabalham em conjunto, influenciando-se mutuamente
e agravando a problemática urbana, cujas dimensões são multiplicadas pelas
formas recentes do crescimento metropolitano: preferência pelos terrenos mais
distantes para o estabelecimento de conjuntos habitacionais para as classes
pobres; políticas públicas ligadas à modernização do sistema viário, com
localização seletiva das infraestruturas, valorização diferencial dos terrenos
e expansão da especulação, com todas as consequências derivadas da superposição
de medidas elaboradas para atender às preocupações e interesses
individualistas, agravando, desse modo, a crise urbana e as dificuldades em que
vive a maioria da população. (em vez de interesses individualistas, não seria
interesse do capital, beneficiar as
classes mais altas?) Pag. 16
CAPITULO 1: TAMANHO
DA CIDADE, ESPECULAÇÃO, VAZIOS URBANOS
O Tamanho da Cidade
(...) até 1870, o raio do círculo que continha a área
construída não passava de 1 KM. Em 1954, esse raio alcançaria 15 KM. Em nossos
dias ... alcança medidas tão significativas, como 80 KM na direção Este-Oeste,
e 40 KM na direção Norte-Sul. Pag. 17
(...) Segundo Lúcio Kovarick e Milton Campanário (1984)...
“Somente nos anos 80, foram incorporados 480 km² de áreas periféricas que
permanecem desprovidas dos principais serviços urbanos necessários à reprodução
da força de trabalho”. Pag. 17-18
(...) Considera-se que, entre 1950 e 1980, a área urbana
cresceu nove vezes, enquanto a população urbana multiplicou-se por 4,5 vezes.
Pag. 18
Um dos estudiosos da metrópole paulistana, já em 1976,
considerava sua área “desproporcionalmente grande, seja em relação ao
crescimento demográfico e de atividades, seja em relação à capacidade do poder
público promover os investimentos necessários para equipá-la com serviços
públicos” (Luiz Carlos Costa, 1976, p. 19). Pag. 19
(...) nos primeiros decênios de seu desenvolvimento
metropolitano, a cidade praticamente não é servida por transportes de massa, já
que os trens apenas veiculam uma pequena parcela da população. (...) No final
da década de 50 e inicio da década de 60, os bondes são eliminados e seus
trilhos retirados e cobertos de asfalto, de modo a permitir que se pudesse
implantar o modelo de desenvolvimento rodoviário que é hoje dominante. Pag. 23
Essa expansão rodoviária, combinada a fatores
institucionais, acarreta, direta ou indiretamente, duas principais
consequências: a primeira se dá quanto ao desenho urbano, com a cidade se
expandindo ao longo de avenidas radiais mais ou menos adaptadas às linhas de
relevo; a segunda, parcialmente resultante da primeira condição, verifica-se
através de um grande empurrão no processo de especulação que iria acompanhar a
evolução urbana até os nossos dias. Pag. 24
Recentemente o ritmo de expansão da cidade vertical foi mais
rápido que o da cidade horizontal, mas as casas ainda são a grande maioria dos
domicílios, assim como é maior a parcela correspondente da população. Entre
1981 e 1985, o número de casas aumentou de 4,23% e o de seus moradores de
1.81%, enquanto o estoque de apartamentos cresceu em 9,36 e o dos respectivos
habitantes em 5,91%, consideradas as médias anuais. Pag. 25
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