segunda-feira, 11 de março de 2013

A CIDADE DA GEOGRAFIA NO BRASIL


Por Pedro de Almeida Vasconcelos

INTRODUÇÃO

Þ    Em qualquer ramo de estudo, a Geografia Clássica pode ser considerada um campo de análise variando a escala utilizada.
Þ    Ter o espaço como objeto da Geografia a coloca em desvantagem sob as outras ciências especializadas porque o espaço é muito abrangente.
Þ    Geografia: ciência da natureza ou ciência social?
Þ    Geografia urbana: um ramo da Geografia com uma vasta variedade de estudos e análises.

A GEOGRAFIA CLÁSSICA E A CIDADE
Þ    A Geografia acadêmica instituída no século XIX, no seio da revolução industrial que promovia graves mudanças no espaço. Mesmo assim, era voltada ao estudo das paisagens somente, sobretudo as rurais.
Þ    “A Geografia é uma ciência de lugares” Vidal de La Blache – a ação do homem produz e reproduz lugares.
Þ    O ‘determinismo’ (sim, o determinismo, não a determinação) de Ratzel começa a intensificar os estudos sobre a cidade, empregando ai a associação do termo ‘função’ que viria a ser muito utilizado.
Þ    Pioneiros dos estudos urbanos: Meuriot (1897), Otto Schluter (1899) e D. Clark (1907).
Þ    O ramo desponta em língua inglesa e só depois na francesa.
Þ    Ao longo do século XX, estudos ainda humildes vão se espalhando em publicações pelo globo.

A GEOGRAFIA CLÁSSICA E A CIDADE NO BRASIL
Þ    Em 1934 é introduzida como disciplina acadêmica no Brasil (Universidade do Distrito Federal – UFRJ e USP).
Þ    Em 1935 Caio Prado Jr. Escreve um texto sobre São Paulo que auxilia no entendimento do desenvolvimento das cidades.
Þ    Deffontaines (historiador) publica estudos sobre RJ e SP, tendo qualificado a primeira como cidade do consumo e a segunda como a cidade da produção.
Þ    Importante destacar que nem todos os estudos sobre as cidades são obras de geógrafos.
Þ    Aroldo Azevedo (geógrafo) foi o maior contribuinte da Geografia Urbana no período de 1941 a 1962, com 32 trabalhos publicados.
Þ    Em 1941 considera-se no estudo de P. Mombeing sobre a cidade: a posição (situação geográfica e local); a evolução urbana (demografia, habitação, circulação): as funções urbanas (comercial, industrial, bancária, espiritual) e o exame do raio de ação da cidade e de sua região de influencia.
Þ    No pós guerra, os estudos urbanos são definitivamente tomados por nomes brasileiros, quando antes, as produções em território nacional, tomavam como embasamento as produções da França principalmente. Despontam Josué de Castro e Milton Santos em 1954.
Þ    A primeira grande publicação é da AGB de São Paulo em 1958, a mais completa obra sobre a cidade (de São Paulo, lógico).
Þ    Nossos autores (Pedro Geiger, 1963) já tem como base uma bibliografia nacional para suas pesquisas (eu já falei isso antes, mas...)
Þ    Manoel Correia de Andrade, em 1979 incorpora a historicidade no estudo das questões sociais urbanas (até então tidas apenas como descritivas) e, com isso se aproxima da Geografia Critica.
Þ    Era urgente a necessidade da Geografia contribuir para as atividades de planejamento.
Þ    Autores buscavam padrões espaciais e de organização, bem como classificação e hierarquização do espaço.
Þ    No estudo das cidades, tendência para uma mudança de escala para o estudo de redes, deixando um pouco de lado o intra-urbano.
Þ    Análises de hierarquia urbana.
Þ    Exame da cidade como sistema dentro de um sistema de cidades.

GEOGRAFIA TEORICO QUANTITATIVA E A CIDADE NO BRASIL
INFLUENCIA ANGLO-SAXONICA DOMINANTE
Þ    Introduzida no Brasil pelo IBGE em conformidade com a decisão do Instituto Panamérico de Geografia e História de elaborar texto básico que escrevesse as mais recentes tendências na Geografia, em termos conceituais e metodológicos e torná-los acessíveis aos geógrafos da América Latina.
Þ    De relevância também os estudos encomendados pela Sudene em 1980.
Þ    A influencia da Escola de Chicago tende a desconsiderar o processo histórico da análise, com isso dando abertura para a critica que aponta os estudos da época como descritivos.

A GEOGRAFIA CRÍTICA E A CIDADE
Þ    A Geografia Crítica aparece nos anos 70, com a maior parte dos seus estudos sob a óptica marxista, onde o processo histórico ganha importância e as contradições e conflitos vem a tona. A cidade é vista como lócus principal da acumulação de capital e da contradição entre capital e trabalho e entre sociedade civil e Estado. A segregação do espaço pelas classes dominantes é examinada, alem da divisão territorial do trabalho. Novos conceitos são necessários para acompanhar essas novas formulações.
Þ    Autores não marxistas também tem adotado uma visão crítica sobre as questões urbanas.
Þ    Autores de outras disciplinas vão contribuir para o pensamento crítico da cidade, dentre eles, o principal, Lefebvre. Finalmente o pensamento brasileiro começa a influenciar o mundo.
A GEOGRAFIA E A CIDADE BRASILEIRA
INFLUENCIA BRASILEIRA PREDOMINANTE?
Þ    Em 1975 a questão da pobreza do Terceiro Mundo é levantada por Milton Santos no exame dos circuitos da economia urbana.
Þ    Em 1986 J. Vesentini (isso, nosso querido e conhecido Vesentini) aborda o tema em sua tese de doutorado.
Þ    Em 1988 Maria Encarnação Sposito publica Capitalismo e Urbanização.
Þ    Em 1989 entra em cena Ana Fani Carlos com publicações que estamos estudando.
Þ    Eis os nomes mais conhecidos dentre nós especificamente, mas diversos outros autores elaboraram analises e produções sobre a dinâmica e os fluxos da cidade no Brasil sob o prisma crítico, embasando os debates que nós hoje enriquecemos.

CONCLUSÕES
Þ    A produção da geografia urbana brasileira é considerável.
Þ    Na Geografia Clássica, a influencia francesa era predominante pela presença de professores franceses nas universidade de SP e RJ.
Þ    Tentando sintetizar, podemos destacar exemplos das contribuições especificas, para a compreensão das cidades ou das sociedades nas cidades, produzidas pelos paradigmas da Geografia Urbana:
Þ    No paradigma clássico: o sítio e a situação; a evolução urbana; as funções urbanas; os raios de ação das cidades; e a região de influencia das mesmas.
Þ    No paradigma teórico quantitativo: a classificação das cidades; a hierarquização das cidades; a distribuição das cidades segundo o tamanho; os sistemas das cidades; os padrões locacionais e espaciais.
Þ    No paradigma crítico: os circuitos superior e inferior; os elementos do espaço; a divisão territorial do trabalho; a divisão social do espaço; a divisão territorial do trabalho; a divisão social do espaço; as formações socioespaciais.
Þ    Apesar dessa importante contribuição para o entendimento das cidades, a Geografia atualmente esta perdendo terreno para estudiosos de outras áreas (sociólogos, antropólogos, economistas, arquitetos, engenheiros, etc). Para que esta tendência não predomine, é preciso produzir estudos sem desprezar os estudos urbano regionais, de firme domínio da Geografia.

CARLOS, Ana F. A. Os caminhos da reflexão sobre a cidade e o urbano. P. 63-78. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994
Fichamento: Kelly Leão

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