A água, além de cobrir 2∕3 da
superfície terrestre, é condição de toda e qualquer forma de vida. Se faz
presente, na maioria dos casos, concentrada em grandes corpos como oceanos,
geleiras e rios. Compõe seres vivos e até mesmo rochas e solos. Encontra-se em
grande quantidade subterrânea e até mesmo na atmosfera e nos desertos, porém em
baixíssima quantidade. De toda essa
abundancia de água sobre o globo, apenas 2,70% é doce e, deste total, 2,07
encontra-se indisponível ao consumo, concentradas nas geleiras. Restam assim,
0,63% de toda a água do planeta para o sustento da vida e os fluxos do meio
natural. Além de ser um numero baixo se comparado com o total, esta agua esta
mal distribuída entre os países na forma de rios, lagos, aquíferos e similares.
Como apontado anteriormente, a água como condição de vida, pode ser também a
causa de pobreza e miséria nos países onde se encontra escassa. O Brasil
comporta 12% da agua doce do mundo, sendo que do total, 65% encontra-se na Amazônia.
Desde
tempos mais remotos a importância da água pode ser apontada como fonte de
sobrevivência. As primeiras civilizações encontravam-se no entorno de rios,
como é o caso dos egípcios que já naquela época, dispunham de técnicas de
irrigação, drenagem e contenção de enchentes. Ao longo do tempo a Hidrologia
foi sendo aplicada não como ciência, mas como técnica de intervenção e
adaptação do meio ao homem. Estudos medievais foram superficiais, descritivos
ou dedutivos, os métodos eram o grande entrave para o avanço desta ciência,
além de não haver uma urgência tão grande como agora, de planejamento que é uma
das principais funções da Hidrologia que passa a ganhar credibilidade com os
consideráveis avanços a partir da segunda metade do século XX. Com a inserção
do computador nos estudos científicos a hidrologia avança a passos largos, não
somente pela agilidade conquistada nos métodos, mas também pela iminente crise
de água que ameaça se instalar devido ao impacto da ocupação desordenada e mau
uso das bacias hidrográficas.
Ao
identificarmos a Hidrologia como estudo da dinâmica, fluxos, movimentos,
propriedades e interação da água com o meio e com os seres vivos, estaríamos
sendo muito abrangentes, abarcando área de estudo de uma gama de diversas outras
ciências. É, portanto, objetivo declarar que a Hidrologia é a ciência que
estuda o Ciclo Hidrológico. Sua observação, descrição, qualificação e
quantificação visa compreender os fluxos passados e prever os fluxos futuros,
identificando onde e quando as intervenções neste processo serão seguras ou
hostis à manutenção do meio ambiente e seus recursos naturais. Cabe aí,
adequadamente dizermos que a Hidrologia está a serviço da sustentabilidade.
Ciclo
hidrológico é o nome dado ao processo de transporte da água do continente para
o oceano e vice-versa. Apesar de ser um ciclo sem começo ou fim, é em geral
estudado a partir das água do oceano que evaporam depois precipitam no continente,
onde podem se infiltrar nos solo, ou sobre os corpos voltar à atmosfera através
da evaporação e evapotranspiração ou, cair diretamente sobre os rios, cujo
fluxo as fará retornar ao ponto de partida. Mas esta é apenas uma simplificação
do processo que é extremamente complexo por estar sujeito a inúmeras variáveis
como clima, vegetação, relevo e intervenção humana. Estas intervenções ou até
mesmo interrupções no ciclo hidrológico podem determinar a deterioração dos
recursos naturais envolvidos no processo, ou a sua preservação se for feita de
maneira adequada. Cabe então à Hidrologia através de suas subáreas, estudar e
aplicar meios de uso que não ameacem os recursos naturais, dentre eles,
principalmente a água, cada vez mais escassa a partir da análise de que a
população crescente aumenta a demanda em feroz velocidade através do consumo direto
ou indireto, enquanto a quantia de água é a mesma desde os tempos mais remotos,
com possibilidade nula de multiplicação ou reposição.
A
Hidrologia é uma ciência interdisciplinar que evolui diante dos problemas
relativamente recentes e crescentes oriundos do aumento da demanda de água e da
ocupação humana desordenada sobre a Terra e a degradação impactante que resulta
disso. Os limites desta ciência não são claros, o que a leva a convergir
interesses com a Meteorologia, a Climatologia, Biologia, Engenharia, e mais
ciências da Terra, além de fazer uso em seus estudos de múltiplos saberes
oriundos da Física, Matemática, Estatística, Computação, etc.
No passado, a ocupação das bacias
hidrográficas era feita sem planejamento, objetivando a relação custo x
benefício em detrimento da deterioração do meio ambiente. A tendência atual de
desenvolvimento sustentável nos leva a necessidade de uma ocupação das bacias
com um planejamento detalhadamente estudado que evite acidentes e previna a
degradação dos recursos naturais, dentre eles, a água que é finita. Muitos
projetos vêm sendo desenvolvidos para amenizar os danos já causados e adaptar a
grande demanda à baixa disponibilidade de água.
O
aumento demográfico dos últimos anos e o uso da água como critério de
desenvolvimento (seu uso nas indústrias, agricultura, transportes e alimentação)
tornam urgente a gestão das águas, que vem a ser feita através da Hidrologia
para avaliar os impactos das intervenções humanas que modificam o ciclo
hidrológico e, oferecer soluções práticas que não ameacem a continuidade do
processo, de forma a adaptar o homem ao comportamento do meio e não o
contrário.
A
utilização da Hidrologia em Recursos Hídricos ou Engenharia Hidrológica, a
mesma é entendida como área que estuda o comportamento físico e o
aproveitamento da água na bacia hidrográfica, quantificando os recursos
hídricos no tempo e no espaço e avaliando o impacto da modificação da bacia
hidrográfica sobre o comportamento dos processos hidrológicos. A quantificação
da disponibilidade hídrica serve de base para o projeto e planejamento dos
recursos hídricos. Alguns exemplos são a produção de energia hidrelétrica,
abastecimento de água, navegação, controle de enchentes e impacto ambiental.
Planejamento, previsão e entendimento
(NRC 1991).
A
Hidrologia ainda pode ser caracterizada como ciência (respeitando o contexto do
desenvolvimento clássico do desenvolvimento científico) ou como aplicação
(focando isoladamente os diferentes fatores associados ao ciclo hidrológico).
Daí surgem Hidrologia Científica e Hidrologia Aplicada.
Compilação Kelly Leão


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