quinta-feira, 2 de maio de 2013

A ESFERA DAS ÁGUAS E OS RECURSOS HÍDRICOS


A ESFERA DAS ÁGUAS E OS RECURSOS HÍDRICOS

Ciclo Hidrológico
Não há necessidade de explorar novamente seu conceito já debatido em sala por diversas vezes, o que se pode acrescentar é que ainda não se sabe científicamente qual a origem do vapor d’água liberado durante o resfriamento da Terra que, precipitado, formou rios, lagos e oceanos conforme conhecemos.
Como apontam os autores, se o ciclo hidrológico é um ciclo fechado, sem fim, isso significa que a quantidade de água na Terra é sempre a mesma: não pode ser criada nem destruída, apenas migra entre os diferentes tipos de reservatórios, ex: oceanos, rios, lagos, lençóis freáticos, aquíferos subterrâneos, calotas polares, nuvens e seres vivos.
O que move esse ciclo é a energia solar e a força da gravidade. Mas a dinâmica do processo só é exata porque os oceanos perdem mais água na evaporação do que ganham através da precipitação.
Importante ressaltar a diferença entre evaporação e evapotranspiração. O primeiro trata-se da água em seu estado líquido tornando-se vapor e o segundo é a transpiração de seres vivos (plantas e animais) transformando-se em vapor.
O tempo de permanência da água em cada tipo de reservatório varia muito. Enquanto na atmosfera (nuvens ou chuva) ela permanece por até 10 dias, no oceano ela permanece em média por 37 mil anos.
A água doce, ideal para o consumo humano é apenas 2% do total da reserva global, encontrando-se mal distribuída geograficamente entre os diversos tipos de reservatórios.
A dessalinização da água do mar não figura como uma opção para torná-la potável pois demanda complexas tecnologias e altos investimentos. Tem-se como exemplo a dessalinização feita na Arábia Saudita que, embora gere água adequada ao consumo, seu processo consome grandes quantias.
A diversidade geológica (relevo), climática e botânica (vegetação) interferem no destino da água que precipita, por exemplo, no semi-árido, a evaporação é maior que a infiltração, solos arenosos tem infiltração mais rápida e solos argilosos retém a água por mais tempo.
Dentre os 25 maiores rios do planeta, 3 estão na África, 4 na América do Sul, 11 na Ásia, 5 na América do Norte e 2 na Europa.
Os lagos concentram-se no hemisfério norte devido a erosão glacial que causou depressões na crosta. Os principais são o Lago Baikal na Rússia e os Grandes Lagos na América do Norte.
Dentre os diversos destinos da água, a percolação é o processo pelo qual a água precipitada penetra nas formações rochosas e atinge o reservatório subterrâneo.

A sociedade e a utilização das águas
Desde a antiguidade o homem interfere na natureza e, consequentemente no ciclo hidrológico. Em certos momentos da História, o controle sobre o curso e a vazão dos rios foi fundamental para a sobrevivência humana. Tem-se como exemplo as barragens no rio Nilo há mais de cinco mil anos.
Na era industrial, a intervenção aumentou em ritmo acelerado de forma que hoje, é difícil encontrar um reservatório ainda intacto (reservatórios superficiais).
Nas áreas urbanizadas, o ciclo é ainda mais prejudicado,pois a cobertura vegetal tem sido removida e substituída por superfícies impermeáveis. Isso diminui a evapotranspiração e percolação da água. Mesmo com os modernos sistemas de drenagem, isso tem aumentado os riscos de enchentes nas cidades, pois há aumento significativo do escoamento superficial.
Há ainda o aumento acelerado do consumo de água, concomitante com a degradação dos mananciais por esgotos domésticos e efluentes industriais, o que acaba tornando os serviços de abastecimento e tratamento de água cada vez mais caros. No sul da Califórnia, por exemplo, o abastecimento é feito por uma rede de modernos e complexos aquedutos.
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, a maioria residente nas cidades depende da água subterrânea para atender as suas necessidades básicas e a retirada das águas das rochas pode causar o rebaixamento do terreno já que a rocha desidratada possui volume menor. Se for em área próxima ao oceano, a água salgada infiltra na rocha, ocupando o lugar da água potável. Em Bancoc, na Tailândia, alguns pontos da cidade sofrem rebaixamento de 14 centímetros por ano, enquanto que na Indonésia, as águas salgadas do oceano já se infiltraram nas rochas, avançando mais de 15 km adentro do continente. Na Cidade do México o rebaixamento ameaça construções e monumentos históricos. Por outro lado, em Bangladesh, os poços contaminados por arsênico gerado de reações químicas do rebaixamento deixam sinais de intoxicação na população que utiliza a água.
Os efluentes, tanto domésticos quanto industriais lançados em rios ou despejados em poços, contaminam as reservas subterrâneas, oferecendo alto de risco de contaminação para as pessoas.
Todas essas alterações∕intervenções no ciclo não implicam na diminuição do volume de água que circula, mas sim na contaminação da água potável, tornando-a inadequada ao consumo.
Segundo a ONU, um litro de água contaminada que retorna aos reservatórios, contamina em média, oito litros de água. As proporções de contaminação por substancias oleosas são ainda mais alarmantes, chegando a proporção de quatro mil litros contaminados por cada litro que retorna ao reservatório.
O consumo mundial dobrou nos últimos 50 anos devido ao crescimento da população e a urbanização desenfreada.
Nos países desenvolvidos, o principal uso de água é industrial, mas a agricultura e a pecuária ameaçam muito as reservas pois demandam grandes quantias de água, principalmente na produção de alimentos. A irrigação é o algoz das fontes e através dela, a água é comercializada nos alimentos que circulam pelo globo.
A velocidade de renovação das reservas é infinitamente menor do que a velocidade do consumo e isso vem causando graves desequilíbrios ambientais.
A crise das águas afeta o mundo todo, mas com intensidade que varia de região para região.
Os recursos ainda disponíveis precisam ser divididos entre os diversos usos e usuários e usuários ao redor do mundo.
Por estes motivos, o custo do acesso à água tende a aumentar ameaçando a vida das populações que futuramente não poderão pagar pelo tratamento da água.

O estado das águas no Brasil
15% das águas superficiais do globo concentra-se no Brasil e isso se deve a conjunção de fatores climáticos e geológicos favoráveis. Pode-se citar o clima predominante entre úmido e semi-úmido como o principal responsável pela renovação cíclica da água doce através de um volume de chuvas abundante.
Os rios do Brasil são a maior descarga de água doce do mundo.
São consideradas 8 grandes bacias hidrográficas no território.
Há um contraste alarmante entre Norte e Nordeste (7% X 30% da população) tendo o Nordeste, rochas quase impermeáveis.
Há um grande potencial em reservas subterrâneas, favorecida pela geologia que apresenta rochas porosas de fácil infiltração, exceto no semi-árido nordestino que apresenta rochas pouco permeáveis, baixa precipitação e rios temporários.
No país como um todo, há uma grande reserva de água entre vários tipos de reservatórios, mas com o aumento do consumo, do desperdício e da poluição dos mananciais, a escassez de água potável é iminente.
De 1994 a 2004, a contaminação de águas no Brasil foi multiplicada por 5.Indústrias, agroindústrias, esgotos urbanos e rurais, além dos lixões são os grandes responsáveis pela contaminação.
Nas regiões costeiras, o lixo lançado em até 5km do litoral, foi encontrado à 50km 10 anos depois.
Nas regiões metropolitanas já falta água com frequência porque a demanda e a poluição são extremas. Em RJ, BH e SP, cerca de 40 milhões de pessoas ficarão sem água nos próximos 10 anos.

Gerenciamento dos Recursos Hídricos
1930 – Ministério da Agricultura
1960 – DNAEE (departamento nacional de águas e energia elétrica) – Ministério das Minas e Energia
1997 – ANA (Agencia Nacional das Águas) – Ministério do Meio Ambiente
A lei prevê a formação de comitês de Bacias compostos por representantes do governo federal, estadual, municipal, usuários da água e organizações civis.
Grandes usuários devem financiar projetos de sustentabilidade e gestão dos recursos hídricos.
Os comitês ainda não tem a abrangência necessária para fiscalização e intervenção.

DEMÉTRIO, 2005, pg 119-128

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