A
ESFERA DAS ÁGUAS E OS RECURSOS HÍDRICOS
Ciclo Hidrológico
Não há
necessidade de explorar novamente seu conceito já debatido em sala por diversas
vezes, o que se pode acrescentar é que ainda não se sabe científicamente qual a
origem do vapor d’água liberado durante o resfriamento da Terra que,
precipitado, formou rios, lagos e oceanos conforme conhecemos.
Como apontam os
autores, se o ciclo hidrológico é um ciclo fechado, sem fim, isso significa que
a quantidade de água na Terra é sempre a mesma: não pode ser criada nem destruída,
apenas migra entre os diferentes tipos de reservatórios, ex: oceanos, rios,
lagos, lençóis freáticos, aquíferos subterrâneos, calotas polares, nuvens e
seres vivos.
O que move esse
ciclo é a energia solar e a força da gravidade. Mas a dinâmica do processo só é
exata porque os oceanos perdem mais água na evaporação do que ganham através da
precipitação.
Importante
ressaltar a diferença entre evaporação e evapotranspiração. O primeiro trata-se
da água em seu estado líquido tornando-se vapor e o segundo é a transpiração de
seres vivos (plantas e animais) transformando-se em vapor.
O tempo de permanência
da água em cada tipo de reservatório varia muito. Enquanto na atmosfera (nuvens
ou chuva) ela permanece por até 10 dias, no oceano ela permanece em média por
37 mil anos.
A água doce,
ideal para o consumo humano é apenas 2% do total da reserva global,
encontrando-se mal distribuída geograficamente entre os diversos tipos de
reservatórios.
A dessalinização
da água do mar não figura como uma opção para torná-la potável pois demanda
complexas tecnologias e altos investimentos. Tem-se como exemplo a
dessalinização feita na Arábia Saudita que, embora gere água adequada ao
consumo, seu processo consome grandes quantias.
A diversidade
geológica (relevo), climática e botânica (vegetação) interferem no destino da
água que precipita, por exemplo, no semi-árido, a evaporação é maior que a
infiltração, solos arenosos tem infiltração mais rápida e solos argilosos retém
a água por mais tempo.
Dentre os 25
maiores rios do planeta, 3 estão na África, 4 na América do Sul, 11 na Ásia, 5
na América do Norte e 2 na Europa.
Os lagos
concentram-se no hemisfério norte devido a erosão glacial que causou depressões
na crosta. Os principais são o Lago Baikal na Rússia e os Grandes Lagos na
América do Norte.
Dentre os
diversos destinos da água, a percolação é o processo pelo qual a água precipitada
penetra nas formações rochosas e atinge o reservatório subterrâneo.
A sociedade e a utilização das águas
Desde a
antiguidade o homem interfere na natureza e, consequentemente no ciclo
hidrológico. Em certos momentos da História, o controle sobre o curso e a vazão
dos rios foi fundamental para a sobrevivência humana. Tem-se como exemplo as
barragens no rio Nilo há mais de cinco mil anos.
Na era
industrial, a intervenção aumentou em ritmo acelerado de forma que hoje, é difícil
encontrar um reservatório ainda intacto (reservatórios superficiais).
Nas áreas urbanizadas,
o ciclo é ainda mais prejudicado,pois a cobertura vegetal tem sido removida e
substituída por superfícies impermeáveis. Isso diminui a evapotranspiração e percolação
da água. Mesmo com os modernos sistemas de drenagem, isso tem aumentado os
riscos de enchentes nas cidades, pois há aumento significativo do escoamento
superficial.
Há ainda o
aumento acelerado do consumo de água, concomitante com a degradação dos
mananciais por esgotos domésticos e efluentes industriais, o que acaba tornando
os serviços de abastecimento e tratamento de água cada vez mais caros. No sul
da Califórnia, por exemplo, o abastecimento é feito por uma rede de modernos e
complexos aquedutos.
Mais de 1 bilhão
de pessoas no mundo, a maioria residente nas cidades depende da água subterrânea
para atender as suas necessidades básicas e a retirada das águas das rochas pode
causar o rebaixamento do terreno já que a rocha desidratada possui volume
menor. Se for em área próxima ao oceano, a água salgada infiltra na rocha,
ocupando o lugar da água potável. Em Bancoc, na Tailândia, alguns pontos da
cidade sofrem rebaixamento de 14 centímetros por ano, enquanto que na Indonésia,
as águas salgadas do oceano já se infiltraram nas rochas, avançando mais de 15
km adentro do continente. Na Cidade do México o rebaixamento ameaça construções
e monumentos históricos. Por outro lado, em Bangladesh, os poços contaminados
por arsênico gerado de reações químicas do rebaixamento deixam sinais de
intoxicação na população que utiliza a água.
Os efluentes,
tanto domésticos quanto industriais lançados em rios ou despejados em poços,
contaminam as reservas subterrâneas, oferecendo alto de risco de contaminação para
as pessoas.
Todas essas
alterações∕intervenções no ciclo não implicam na diminuição do volume de água
que circula, mas sim na contaminação da água potável, tornando-a inadequada ao
consumo.
Segundo a ONU,
um litro de água contaminada que retorna aos reservatórios, contamina em média,
oito litros de água. As proporções de contaminação por substancias oleosas são
ainda mais alarmantes, chegando a proporção de quatro mil litros contaminados
por cada litro que retorna ao reservatório.
O consumo
mundial dobrou nos últimos 50 anos devido ao crescimento da população e a
urbanização desenfreada.
Nos países
desenvolvidos, o principal uso de água é industrial, mas a agricultura e a
pecuária ameaçam muito as reservas pois demandam grandes quantias de água,
principalmente na produção de alimentos. A irrigação é o algoz das fontes e
através dela, a água é comercializada nos alimentos que circulam pelo globo.
A velocidade de
renovação das reservas é infinitamente menor do que a velocidade do consumo e
isso vem causando graves desequilíbrios ambientais.
A crise das
águas afeta o mundo todo, mas com intensidade que varia de região para região.
Os recursos
ainda disponíveis precisam ser divididos entre os diversos usos e usuários e
usuários ao redor do mundo.
Por estes
motivos, o custo do acesso à água tende a aumentar ameaçando a vida das
populações que futuramente não poderão pagar pelo tratamento da água.
O estado das águas no Brasil
15% das águas
superficiais do globo concentra-se no Brasil e isso se deve a conjunção de
fatores climáticos e geológicos favoráveis. Pode-se citar o clima predominante
entre úmido e semi-úmido como o principal responsável pela renovação cíclica da
água doce através de um volume de chuvas abundante.
Os rios do
Brasil são a maior descarga de água doce do mundo.
São consideradas
8 grandes bacias hidrográficas no território.
Há um contraste
alarmante entre Norte e Nordeste (7% X 30% da população) tendo o Nordeste,
rochas quase impermeáveis.
Há um grande
potencial em reservas subterrâneas, favorecida pela geologia que apresenta rochas
porosas de fácil infiltração, exceto no semi-árido nordestino que apresenta
rochas pouco permeáveis, baixa precipitação e rios temporários.
No país como um todo,
há uma grande reserva de água entre vários tipos de reservatórios, mas com o
aumento do consumo, do desperdício e da poluição dos mananciais, a escassez de
água potável é iminente.
De 1994 a 2004,
a contaminação de águas no Brasil foi multiplicada por 5.Indústrias, agroindústrias,
esgotos urbanos e rurais, além dos lixões são os grandes responsáveis pela
contaminação.
Nas regiões costeiras,
o lixo lançado em até 5km do litoral, foi encontrado à 50km 10 anos depois.
Nas regiões
metropolitanas já falta água com frequência porque a demanda e a poluição são
extremas. Em RJ, BH e SP, cerca de 40 milhões de pessoas ficarão sem água nos
próximos 10 anos.
Gerenciamento dos Recursos Hídricos
1930 –
Ministério da Agricultura
1960 – DNAEE (departamento
nacional de águas e energia elétrica) – Ministério das Minas e Energia
1997 – ANA (Agencia
Nacional das Águas) – Ministério do Meio Ambiente
A lei prevê a
formação de comitês de Bacias compostos por representantes do governo federal,
estadual, municipal, usuários da água e organizações civis.
Grandes usuários
devem financiar projetos de sustentabilidade e gestão dos recursos hídricos.
Os comitês ainda
não tem a abrangência necessária para fiscalização e intervenção.
DEMÉTRIO, 2005, pg 119-128
DEMÉTRIO, 2005, pg 119-128
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