A incorporação do Brasil na economia-mundo:
da colônia a industrialização.
Para entender a inserção do Brasil
na economia mundial é necessário compreender as transformações ocorridas em sua
economia política, ao longo de três fases: no período colonial, no império
mercantil e o de capitalismo industrial periférico.
O sistema econômico é movido
através de suas atividades econômicas desenvolvidas no decorrer dos processos históricos,
tendo cada atividade em cada período, uma contribuição significativa na
configuração territorial do país. Durante o período de colonização as
principais atividades econômicas estruturavam se no processo exploratório dos
recursos naturais existentes. Os domínios das terras e dos recursos pertenciam
a Portugal, para onde eram destinados os produtos da colônia. Os lusos tinham
fortes acordos comerciais com alguns países europeus principalmente com a Inglaterra.
Contudo o Brasil foi responsável pelo processo de acumulação de capital, nesses
países.
O Brasil era considerado um ótimo negócio,
fato o qual promoveu a cobiça em outros países europeus. Mas em meio a invasões
e tratados como o de Tordesilhas, essas terras onde se explorava o pau Brasil e
metais preciosos, foi promovendo novos interesses, algumas divisões de terras
litorâneas destinadas a donatários, tinha como objetivo principal promover a
agricultura, sobretudo a cana de açúcar.
O comércio colonial estruturou-se
na exportação de produtos tropicais e metais preciosos para o mercado internacional.
Chegou a ser no Século XVII o maior produtor de ouro mundial. Na segunda metade
deste mesmo século, como ascensão canavieira nas Antilhas, a plantação da cana
de açúcar entrou em crise. No século seguinte as jazidas de metais preciosos se
esgotaram, a cana estava sofrendo impactos devido a concorrência, isso
beneficiou a diversificação da cultura, tendo como alternativa o fumo,o algodão
, produzido no nordeste, principalmente nos estados do Maranhão e Pernambuco.
O Brasil exportador também
importava produtos, como: vinhos, azeite de oliva, sal, farinha, manufaturas e metais,
o ferro em particular. Só que dentre todos esses produtos o que ela mais
importava era escravos africanos, que representava mais de 25% das importações
nacional.
Um pequeno comércio também se
desenvolvia totalmente dependente do comércio exterior, articulado através da
redistribuição das mercadorias locais e importados para os centros urbanos
litorâneos. Através dessas relações comercias é que surgiram e desenvolveram a
burguesia mercantil urbana. Não esquecendo que o Brasil sempre esteve subordinado
aos interesses externos, desde período colonial, até após a sua independência
no século XIX.
Já com os recursos naturais
esgotados e as primeiras atividades em decadência, a agricultura principalmente
a do café junto com outras culturas surge como um novo produto, que iria
fornecer mais tarde o equilíbrio econômico e dar sua contribuição para a
industrialização brasileira. Através de um processo cheio de intencionalidade inglesa,
para a expansão e o livre comércio nas Américas, o Brasil passa de colônia a um
país “independente”. Essa independência gerou uma nova estrutura organizacional
política, as decisões passaram a ser tomadas no Brasil, mas sempre movidas por
interesses externos e elitistas. Os interesses nacionais estavam vinculados aos
interesses externo, por ser um país agrário exportador tendo como grande credor
de empréstimos a Inglaterra.
O desenvolvimento desse capital mercantil e a
expansão cafeeira foram favorecidos pela abertura dos portos. Começou-se a
produção cafeeira em grande escala e a baixos custos, pois tinha a terra
fértil, a proximidade com os portos de embarque, o cultivo predatório da terra,
e jamais esquecendo que toda a mão de obra desde a colonização até o período
mercantil, era escravagista. Portanto tinha todas as condições favoráveis,
conseguiu assim baixar os preços e aumentar a demanda externa. Em 1830 o Brasil
passou a ser o maior exportador de café mundial. As importações também cresceram,
principalmente o trafico negreiro, só que isso gerou um desequilíbrio na
balança comercial, solução encontrada nos onerosos empréstimos ingleses, gerando
um déficit econômico permanente.
Após 1850 muda se novamente a
estrutura econômica produtiva, com o fim da escravidão e a lei de terras. Com a
nova lei a terra passou a representar uma mercadoria e um poder, e nas relações
de trabalho os impactos foram significativos. Mas essa fase inicial da crise
devido a proibição do trafico de escravos foi superada, e a economia cafeeira
continuou avançando.Criou se estradas de ferro, passou a ter o beneficiamento
do café, algumas regiões como as de São Paulo e Rio de Janeiro se desenvolveram
nesse período.
A mão de obra escrava passou a ser
substituída pela mão de obra imigrante, a crise nos Estados Unidos e praticamente
em todo o mundo fez com que a produtividade tomasse um novo caminho. A economia
cafeeira entrou em crise, o preço do café na bolsa de Nova York teve uma queda brusca,
a quebra da bolsa gerou a falência de muitos produtores, que endividados
perderam suas terras para os bancos.
Para falar de
economia temos que considerar a política, nessa crise Getúlio Vargas tomou o
poder apoiado pelos militares, na revolução de 1930. A partir daí passa por uma
nova reestruturação no país, tem se a partir desse período o surgimento das indústrias.
Da mesma
forma que estava difícil exportar, estava sendo prejudicadas as importações de
bens de consumo duráveis e não duráveis.
O ciclo do café deixou como
herança uma infraestrutura básica para a implantação da atividade industrial.
Os barões do café eram os detentores de uma enorme quantia de capital aplicado
no sistema financeiro, assim, os bancos funcionaram como agentes financiadores
da instalação de novas indústrias no Brasil, repassando o dinheiro depositado
pelos barões aos empreendedores industriais. Existia também, grande
disponibilidade de mão de obra, que foi liberada dos plantios de café.
Com todos esses fatores, começou
a surgir à industrialização, principalmente em São Paulo, depois nos estados do
Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A maior parte das indústrias implantadas era
de bens de consumo, com destaque para os de bens não duráveis, como as
alimentícias e têxteis. O governo comandava uma política de substituição,
visando um superávit cada vez maior na balança comercial.
Assim o Brasil contribuiu para
economia mundo, com os seguintes produtos: pau-brasil explorado em todo litoral
na chamada floresta tropical, a cana de açúcar produzido no nordeste, ouro
encontrado nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, o café na região
sudeste principalmente em São Paulo e também nos estados do Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Espírito Santo, fumo e algodão no nordeste, o cacau na região nordeste
principalmente na Bahia, a borracha na região amazônica e couros e peles
produzidos na região sul, principalmente no Rio Grande do Sul.
Podemos notar reflexos destas
atividades econômicas nas diversas regiões produtivas, tendo cada produto sua
contribuição na configuração do espaço local.
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