A
ESTRUTURAÇÃO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA
Para
se falar da estruturação da Geografia Econômica, se faz necessário fazer uma
análise ainda que sintética da evolução da ciência econômica, e sua relação com
a geografia.
O
conhecimento econômico se desenvolveu , até o fim do século XVIII, graças à
observação do espaço na vida econômica, como foi mostrado por Pierre Dockes,
(Dóckes, 1969).
As
reflexões sobre problemas da riqueza e da produção se desenvolveram desde o
século XVII, surgi da observação da paisagem e da realidade geográfica. No fim
do século, economistas como Willian Petty, na Inglaterra, e Vauban, na França,
já sabiam que as atividades produtivas estavam geralmente concentradas ao longo
dos litorais, dos rios navegáveis e nas tiras de duas léguas de largo.
No século XVIII, a atenção
concentrou-se cada vez mais sobre a produção e a troca das riquezas, Richard
Cantillon descreveu a criação das riquezas nas zonas rurais e seu consumo nas
cidades ele ofereceu a primeira reflexão sobre a natureza da cidade e
hierarquia urbana. Quesnay, foi o primeiro a conceber a vida econômica como um
circuito.
Depois de 1770, a situação mudou os
economistas desenvolveram um interesse crescente pelos mecanismo econômicos
Turgot descreveu o funcionamento dos mercados e a lei da oferta e procura.
Na “Riqueza das Nações”,
Adam Smith (1776) já mostrava interesse pela observação geográfica: ele
demonstrou que a especialização do trabalho era limitada pela extensão do
mercado. Mas considerou que a riqueza das nações resultava da vontade dos
indivíduos, das iniciativas dos empreendedores e do livre funcionamento dos
mercados “deixa fazer, deixa passar”!
Porém com Adam Smith, a
economia deixou de dar atenção a distribuição geográfica. O economista colocou
em evidência a combinação dos fatores produtivos na empresa e a
responsabilidade dos governos no campo do funcionamento das firmas e dos
mercados.
Todavia o problema maior estava na repartição entre
capitalistas e trabalhadores, os economistas ignoraram por mais de um século,
até os anos de 1930, o papel do espaço.
A geografia econômica
apareceu na Alemanha sob a influência de Carl Ritter e se desenvolveu desde o
fim dos anos de 1850. Seu objetivo era descrição da diferenciação de regiões
econômicas num tempo onde as ferrovias e a navegação a vapor abriram novas
possibilidades de especialização produtiva.
Um gênero geográfico se
constituiu no fim do século dezenove, com os livros de Karl Andree, na Alemanha
(1861-1874), George Chrisholm (1889), na Inglaterra, e Marcel Dubois e J.
Kergomard, na França (1897). Esses foram republicados até os anos de 1930 sem
mudanças importantes na concepção geral. O tratado clássico de geografia
econômica cobriu essencialmente a produção de gêneros alimentícios (cereais,
carne, leite manteiga, queijo, oleaginosos, vinho), das matérias-primas (seda,
lã algodão), de energia (carvão, petróleo, hidroeletricidade), e de produtos
industriais (têxteis, mecânicos, químicos). Descreveu também os países
exportadores, os fluxos de mercadorias e os mercados onde as transações
comerciais ocorreram.
A geografia econômica
fazia uma distinção entre os paises industrializados, os novos países
industrializados e os países atrasados. A teoria das relações internacionais
sublinhava o efeito nivelador do comércio. Ao mesmo tempo, a geografia
econômica descrevia uma situação muito contrastada. Parecia não haver relação
entre as duas ciências.
Mas é a partir da Segunda
Guerra Mundial, e sobretudo a partir da década de 70, se verificou uma efetiva
convergência entre a Geografia e a Economia.
No seio da ciência
econômica surgiram teorias heterodoxas, institucionalistas e evolutivas, sob
influência destas teorias, muitos economistas passaram a considerar que o social , o econômico e o espaço se
influenciam mutuamente, condicionando a localização das atividades econômicas.
Ao mesmo tempo interessava
aos economistas o desenvolvimento econômico dos países e cada vez mais das
entidades regionais. Desenvolvia-se no seio da teoria econômica a denominada
Economia do Desenvolvimento e, busca da interpretação das disparidades de
desenvolvimento econômico e níveis de bem-estar entre países ou regiões, os
economistas redescobrem que devem englobar outros aspectos para lá de
convencionais, meramente econômicos.
Surgiram diversos textos
de economia para geógrafos, com a introdução de conceitos da teoria econômica
neoclássica nos planos de estudo da ciência geográfica. Os geógrafos
ultrapassavam aos poucos o desconhecimento da teoria econômica e sentiam-se
cada vez mais à vontade no domínio matemático e estatístico.
A Geografia Econômica conquistava métodos de
análise próprios da ciência econômica, ultrapassava a mera descrição e os seus
“processos de trabalho ao principio apenas históricos mudavam
extraordinariamente, cada vez mais positivos e científicos, numa melhoria
gradual, agora culminava com o emprego dos métodos estatísticos e matemáticos”
9Bernardo, 1952:24).
A Geografia Econômica
libertava-se das visões demasiado simplistas do determinismo geográfico e
procurava a interpretação da distribuição dos fenômenos econômicos na estrutura
territorial.
Em suma a Geografia
Econômica, é uma área do conhecimento da ciência geográfica, que surgiu da convergência
entre a Economia e a Geografia, busca explicar a produção econômica, de uma
forma abrangente, analisando os aspectos físicos que diferencia uma região da
outra, assim como o território, a sociedade, a distribuição das industrias nos
países, consegue descrever de uma forma diferente da Economia a produção da
riqueza, olhando para o aspecto humano, local, regional e territorial, não
olhando apenas para a maximização da lucratividade.
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