sábado, 24 de novembro de 2012

Econômica - Prova - Rubens


A ESTRUTURAÇÃO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA


            Para se falar da estruturação da Geografia Econômica, se faz necessário fazer uma análise ainda que sintética da evolução da ciência econômica, e sua relação com a geografia.
            O conhecimento econômico se desenvolveu , até o fim do século XVIII, graças à observação do espaço na vida econômica, como foi mostrado por Pierre Dockes, (Dóckes, 1969).
            As reflexões sobre problemas da riqueza e da produção se desenvolveram desde o século XVII, surgi da observação da paisagem e da realidade geográfica. No fim do século, economistas como Willian Petty, na Inglaterra, e Vauban, na França, já sabiam que as atividades produtivas estavam geralmente concentradas ao longo dos litorais, dos rios navegáveis e nas tiras de duas léguas de largo.
No século XVIII, a atenção concentrou-se cada vez mais sobre a produção e a troca das riquezas, Richard Cantillon descreveu a criação das riquezas nas zonas rurais e seu consumo nas cidades ele ofereceu a primeira reflexão sobre a natureza da cidade e hierarquia urbana. Quesnay, foi o primeiro a conceber a vida econômica como um circuito.
Depois de 1770, a situação mudou os economistas desenvolveram um interesse crescente pelos mecanismo econômicos Turgot descreveu o funcionamento dos mercados e a lei da oferta e procura.
Na “Riqueza das Nações”, Adam Smith (1776) já mostrava interesse pela observação geográfica: ele demonstrou que a especialização do trabalho era limitada pela extensão do mercado. Mas considerou que a riqueza das nações resultava da vontade dos indivíduos, das iniciativas dos empreendedores e do livre funcionamento dos mercados “deixa fazer, deixa passar”!
Porém com Adam Smith, a economia deixou de dar atenção a distribuição geográfica. O economista colocou em evidência a combinação dos fatores produtivos na empresa e a responsabilidade dos governos no campo do funcionamento das firmas e dos mercados.
            Todavia o problema maior estava na repartição entre capitalistas e trabalhadores, os economistas ignoraram por mais de um século, até os anos de 1930, o papel do espaço.
A geografia econômica apareceu na Alemanha sob a influência de Carl Ritter e se desenvolveu desde o fim dos anos de 1850. Seu objetivo era descrição da diferenciação de regiões econômicas num tempo onde as ferrovias e a navegação a vapor abriram novas possibilidades de especialização produtiva.
Um gênero geográfico se constituiu no fim do século dezenove, com os livros de Karl Andree, na Alemanha (1861-1874), George Chrisholm (1889), na Inglaterra, e Marcel Dubois e J. Kergomard, na França (1897). Esses foram republicados até os anos de 1930 sem mudanças importantes na concepção geral. O tratado clássico de geografia econômica cobriu essencialmente a produção de gêneros alimentícios (cereais, carne, leite manteiga, queijo, oleaginosos, vinho), das matérias-primas (seda, lã algodão), de energia (carvão, petróleo, hidroeletricidade), e de produtos industriais (têxteis, mecânicos, químicos). Descreveu também os países exportadores, os fluxos de mercadorias e os mercados onde as transações comerciais ocorreram.
A geografia econômica fazia uma distinção entre os paises industrializados, os novos países industrializados e os países atrasados. A teoria das relações internacionais sublinhava o efeito nivelador do comércio. Ao mesmo tempo, a geografia econômica descrevia uma situação muito contrastada. Parecia não haver relação entre as duas ciências.
Mas é a partir da Segunda Guerra Mundial, e sobretudo a partir da década de 70, se verificou uma efetiva convergência entre a Geografia e a Economia.
No seio da ciência econômica surgiram teorias heterodoxas, institucionalistas e evolutivas, sob influência destas teorias, muitos economistas passaram a considerar  que o social , o econômico e o espaço se influenciam mutuamente, condicionando a localização das atividades econômicas.
Ao mesmo tempo interessava aos economistas o desenvolvimento econômico dos países e cada vez mais das entidades regionais. Desenvolvia-se no seio da teoria econômica a denominada Economia do Desenvolvimento e, busca da interpretação das disparidades de desenvolvimento econômico e níveis de bem-estar entre países ou regiões, os economistas redescobrem que devem englobar outros aspectos para lá de convencionais, meramente econômicos.
Surgiram diversos textos de economia para geógrafos, com a introdução de conceitos da teoria econômica neoclássica nos planos de estudo da ciência geográfica. Os geógrafos ultrapassavam aos poucos o desconhecimento da teoria econômica e sentiam-se cada vez mais à vontade no domínio matemático e estatístico.
A  Geografia Econômica conquistava métodos de análise próprios da ciência econômica, ultrapassava a mera descrição e os seus “processos de trabalho ao principio apenas históricos mudavam extraordinariamente, cada vez mais positivos e científicos, numa melhoria gradual, agora culminava com o emprego dos métodos estatísticos e matemáticos” 9Bernardo, 1952:24).
A Geografia Econômica libertava-se das visões demasiado simplistas do determinismo geográfico e procurava a interpretação da distribuição dos fenômenos econômicos na estrutura territorial.
Em suma a Geografia Econômica, é uma área do conhecimento da ciência geográfica, que surgiu da convergência entre a Economia e a Geografia, busca explicar a produção econômica, de uma forma abrangente, analisando os aspectos físicos que diferencia uma região da outra, assim como o território, a sociedade, a distribuição das industrias nos países, consegue descrever de uma forma diferente da Economia a produção da riqueza, olhando para o aspecto humano, local, regional e territorial, não olhando apenas para a maximização da lucratividade. 

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