quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Econômica - Prova - Cícero


ARQUIPÉLAGOS MERCANTIS: Como as distintas regiões do território consolidaram seu processo de integração regional.



            O objetivo deste texto é descrever o processo de incorporação das regiões brasileira na economia-mundo. O ponto inicial é no período de produção colonial onde foram implantados povoamentos mercantis em locais privilegiados da costa brasileira, sob controle da Metrópole. Esses povoamentos não são cidades e sim “rural-urbano”.
            O fundamento escravista da produção mercantil está na raiz das delimitações da base técnica da economia escravista do século XIX. Todos os avanços significativos nas forças produtivas foram canalizados para os sistemas de transporte e armazenamento, o que permitia ampliar a área produtora e retirava escravos das tarefas de transporte para as plantações.
            O surgimento das cidades em solo brasileiro só aconteceu quando os interesses comerciais domésticos e o tráfico de escravos e contrabando foram evoluindo de forma mais expressiva e gradualmente adquiriram autonomia. As cidades mercantis estabeleceram relação direta com a Bacia do Prata e Grã-Bretanha e a burguesia em ascensão contribui para a quebra do Pacto Colonial e para a formação dos centros de produção distribuídos no território como “ilhas”- daí a formação do arquipélago mercantil.
            Os arquipélagos mercantis eram regiões que produziam independente de um sistema de redes, ou de estarem interligadas entre si. Era uma economia central, cuja produção quase sempre voltada ao mercado mundial, a exportação se fazia com base numa combinação de fatores produtivos que definiam as atividades de cada uma dessas regiões que se dividiam em cinco como veremos a seguir:
            A região que agregava Nordeste e Bahia viu o declínio da produção açucareira ofuscada pela produção do fumo que demandava pouco ou nada de investimento para fertilização do solo. Outra atividade da região entrou em declínio também, a produção de algodão que alimentava o mercado americano que, devido a uma guerra deixou de comprar o algodão brasileiro cuja produção era grande demais para ser absorvida pelo mercado interno. Sem esta demanda, os produtores foram obrigados a mudar de cultura, aderindo ao cultivo da cana de açúcar apesar dos investimentos no solo que esta requeria. Esta região também se destacou pelo alto índice de exportação de mão de obra, isso porque, não houvesse uma superpopulação, mas porque as oportunidades de trabalho eram insuficientes para atender as demandas de sustento de todos, de forma que muitos trabalhadores migraram para outras regiões, passando a compor num outro cenário, inclusive, o trabalho escravo. Destes, a maioria migrou para as regiões das minas.
            Já na Bahia especificamente, a atividade de destaque era a produção de fumo, justamente porque não demandava investimentos de fertilização do solo. Assim sendo, o estado se tornou o principal produtor de fumo no Brasil. Na parcela sul do estado, a produção de cacau atingiu níveis de destaque, tendo sido favorecida pelas condições do meio que muito se assemelhavam às da região amazônica.
            No Centro e no Sul, vários fatores influenciaram nas produções que desenvolveram-se e destacaram-se mais do que em outras regiões. Dentre esses fatores, o capital acumulado no Rio de Janeiro que financiava os produtores, aliado ao trabalho escravo consequente da decadência das minas e a grande disponibilidade de terras propícias ao cultivo são os de maior relevância.
            Já na região da Amazônia a extração de látex era a principal atividade da floresta equatorial. Expandiu-se graças a vinda do trabalhador nordestino que fugia das secas e da falta de trabalho em sua cidade. A navegação como principal meio de transporte por ser o único que possibilitava o escoamento da produção além dos demais fluxos comerciais. Belém e Manaus sediavam as empresas exportadoras que monopolizavam a produção da borracha, em sua maioria, empresas de origem alemã, inglesa, francesa e norte-americana que revertiam o lucro para suas matrizes.
            Nas regiões agroexportadoras, integrantes do arquipélago, eram perceptíveis as diferenças tanto quanto as atividades econômicas exercidas, quanto à estrutura física e social entre a cidade mercantil e o campo agropastoril.
            Era na cidade: lócus da burguesia comercial, que fazia a intermediação entre a zona produtora e os circuitos internacionais de mercadorias e cada região brasileira especializou-se na produção de um ou dois produtos para exportação, embora dependente das flutuações cíclicas do mercado internacional. Assim a divisão territorial do trabalho se tornou o padrão das exportações brasileiras.
            Embora dependente dos rumos do mercado mundial, as regiões mercantis manifestaram os interesses dos investidores que se identificaram com o território. Entretanto, pra fazer parte da economia mundial estas porções do solo brasileiro se caracterizavam com regiões da economia-mundo, subordinada ao poder político vigente no período que era o bloco-cafeeiro.
            O processo de industrialização a partir de 1930, quebrou o isolamento do arquipélago mercantil, articulando regiões brasileiras com infra-estruturas sob o comando dinâmico de São Paulo.
            A internacionalização das relações centro-periferia do Brasil, foi uma demonstração das leis do movimento do capitalismo industrial e completa o processo de incorporação/inserção do País na economia-mundo.
            Na década de 60, o País apresenta estrutura articulada porém desigual, com o Sudeste centralizando maior parte da renda nacional, devido e extrema concentração da produção industrial. Onde outras regiões cumprem um papel de desempenhar funções peculiares na Nova Divisão de Trabalho, resultante da industrialização do País.
            O processo de incorporação do território brasileiro foi marcado pela divisão social e territorial do trabalho em três grandes setores: a marinha, o sertão e as minas.
            A marinha realizou diversas expedições oficiais, ou financiadas pela burguesia portuguesa e holandesa para o conhecimento do litoral e foi primeiro resultado efetivo da presença do colonizador que tinha interesse em descobrir riquezas na costa brasileira.    No sertão, conhecido como território do “curral”, onde a pecuária constituía peça-chave para o empreendimento mercantil, fornecendo animais de trabalho, couro e carne. Foram implantadas a cultura da cana-de-açúcar e a criação de gado de forma extensiva.
            E a descoberta de metais preciosos em Minas Gerais ativou um intenso ciclo minerador, isso porque a extração de minerais preciosos não requer alto investimento em tecnologia naquele período. Desenvolveu-se assim a vida urbana e se formou um mercado de alimentos e um mercado de animais de tração abastecido pelas regiões sul, para transporte de produtos, destinados principalmente para os portos de rio de Janeiro e permitindo que se formassem vínculos econômicos com Nordeste, Centro e Sul.
            O império mercantil escravista foi a forma de inserção do Brasil na nova divisão internacional do trabalho resultante da Revolução Industrial. Sua Ligação se dá através da circulação de mercadorias.
            A conformação em arquipélago refletia a inserção do Brasil como produtor de mercadorias para o mercado mundial, fosse açúcar, fumo, cacau, borracha ou café, utilizando as vantagens comparativas naturais e históricas de cada porção do espaço nacional. O aumento da produção foi adquirindo a expansão da ocupação do território, sob uma forma de acumulação primitiva em que se expropia o excedente criado.

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