Geopolítica da Biodiversidade
Síntese: grupo l
A partir da década de 80 a
biodiversidade é colocada como tema ambiental global;
Apesar de o termo
biodiversidade ter sido tratado no início como uma problemática, aos poucos se
tornou um marco para o desenvolvimento da fronteira científico-tecnológica,
quanto aos interesses das empresas para os investimentos buscando um lucro como
capital futuro;
A partir desse período a
temática biodiversidade ultrapassa a esfera ambiental apenas e se torna
condição para o lucro, além de acirradas disputas geopolítica;
O conceito de biodiversidade
envolve diferentes níveis de diversidade: Em nível genético, significa a
variação de genes se referindo às espécies e posteriormente o processo
evolutivo das espécies e diferentes organismos da natureza;
A diferença entre diversidade e
variabilidade genética se dá a partir de que, diversidade é o “somatório da
variação genética disponível ou conhecida mais a variação genética potencial ou
ainda desconhecida”. Já a variabilidade genética é a “porção da diversidade
genética disponível ou conhecida em nível de espécie”;
A diversidade de espécies é
definida pela variedade de espécies presentes dentro de uma região e é medida
pela contagem do número de espécies ou pela diversidade Taxonômica (Disciplina
que define os grupos de organismos biológicos, com base em características
comuns e dá nomes a esses grupos) que por sinal é considerada mais precisa;
A diversidade de ecossistemas é
a mais complexa de se medir, pela dificuldade de delimitar os diferentes
ambientes;
A diversidade Humana também
traz muitas dificuldades em se medir ou definir seus parâmetros, pela tamanha
abundância de línguas, religiões, culturas e etc. A partir daí se relaciona um
novo conceito o da Sociobiodiversidade;
Ameaças à biodiversidade
Até o final da década de 80, se
tinha um estudo com base de 1,4 milhão de espécies em todo o mundo, incluindo
aproximadamente 750.000 insetos; 41.000 vertebrados; 250.000 plantas e 360.000
invertebrados, esses números são citados até hoje e o pior que destes apenas
cerca de 500 mil são de regiões tropicais onde se tem o maior número de
espécies e onde se tem pouco conhecimento da diversidade de espécies que lá
vivem;
Outro fator é a devastação dos
habitats naturais, principalmente das florestas tropicais, é considerado fator
principal da projetada extinção da biodiversidade;
Controle
do Acesso aos Recursos Genéticos
Este controle do acesso aos recursos
genéticos teve início em meados dos anos de 1970, tendo a ideia de que era uma herança
comum da humanidade, com sua utilização expressamente ligada a indústria
biotecnológica do norte e sem o retorno financeiro aos países que detinham essa
biodiversidade, sendo esses recursos patenteados indevidamente pelas
indústrias.
Sendo que na década de 1960, uma
resolução das Nações Unidas, afirmava a soberania dos Estados sobre os recursos
naturais, tendo estes princípios reafirmados na Conferência de Estocolmo em
1972 e também na convenção da Biodiversidade na ECO 92 no Rio.
Toda essa discussão ganhou maior projeção,
pois, tratava-se do controle dos recursos genéticos agrícolas, tendo sua
primeira convenção em 1967, com alguns avanços em 1973 e posteriormente em
1981, tendo compromissos firmados sobre os recursos Fito genéticos, tornando o
livre acesso tanto ao germoplasma básico ou bruto e suas variedades, com o seu
controle regulamentado através de um sistema, até então não codificado.
Com isso, toda esta discussão leva a
ONU, criar paralelamente uma comissão para o controle dos recursos genéticos,
pois países detentores das matrizes genéticas começariam a exigirem restrições
ao livre fluxo dos materiais genéticos melhorados.
Ficando as comunidades agrícolas
tradicionais com o comprometimento de que suas diversidades genéticas e
biológicas seriam conservadas e para isso seria criado um fundo que seria
gerido pelo Estado, para a preservação destas variedades, uma vez que esse
fundo nunca chegou a funcionar.
Com isso, as espécies vegetais
modificadas geneticamente, obtiveram uma valorização comercial gigantesca,
enquanto as espécies nativas foram desvalorizadas, tendo seus países obrigados
a buscarem uma compensação sobre a utilização de suas espécies nativas.
Alguns acordos veem sendo formalizados
entre empresas privadas e governos detentores destes recursos genéticos, a fim
de buscarem através de pesquisas na fauna e na flora, espécies medicinais,
tendo como contrapartida uma compensação financeira e ainda percentual de
royalties de produtos desenvolvidos nestes países.
Considerando-se um avanço, uma vez
que se reconhece a propriedade individual e a soberania deste país, com a
comercialização de seus recursos genéticos, mas existe controvérsias dentro
deste mecanismo de comercialização, como o controle ao acesso, a não
remuneração adequada, a definição desses mecanismos de exploração pela
autoridade competente.
As questões de uso público privada,
tendo muitas das vezes, dentro das esferas jurídicas, ganho tanto para um lado
quanto para o outro, sendo “bem publico de uso especial”, que é definido por
Arcanjo (1996:15):
“Acata-se o principio do interesse público para a tutela destes bens,
permitindo-se ao poder público excepcionar, em bases legais e contratuais, a
condição de impossibilidade de apropriação privada, que é exatamente a
finalidade do acesso”.
Proteção
dos Conhecimentos Tradicionais
Aplica-se esta proteção ao resguardo
do conhecimento dos povos nativos de uma região, procurando manter e conservar
a diversidade biológica adquirida historicamente por essa população. Tendo como
ponto primordial a proteção e o reconhecimento dos recursos biogenéticos,
resguardando o compromisso de assegurar todos esses recursos e dando direito aos
povos, a ganhos reias de uso de seus recursos tradicionais.
Uma vez que as indústrias cada vez
mais se utilizam desses recursos, produzindo derivados geneticamente
modificados, patenteando-os sem que as comunidades ali estabelecidas
utilizem-se dos mesmos. Sendo que, cada vez mais se busca o reconhecimento
intelectual dos recursos tradicionais destas comunidades indígenas e não um
“herança comum a humanidade”, sedo o dever e opção destas populações pela
decisão de uso de seus recursos.
Sendo que hoje não existe proteção
aos conhecimentos e práticas das populações tradicionais, ficando certo o uso
legal pela indústria que modifica a matriz genética, e patenteando esses
recursos, e impedindo o uso dos mesmos pela sociedade em geral. Ao mesmo tempo
abrem-se precedentes de cunho internacional que busca o direito a propriedade
intelectual produzidas pelas comunidades indígenas.
Ao mesmo tempo em que se adote algum
tipo de mecanismo, para a proteção intelectual desses recursos tradicionais,
existem barreiras intransponíveis de cunho comercial, que buscam ampliar seus
domínios sobre os recursos geneticamente modificados, tendo apoio de governos
que fecham os olhos aos direitos da propriedade dos conhecimentos tradicionais,
ficando apenas no campo do dialogo entre alguns grupos, não sendo abordada na
maioria dos fóruns de biodiversidade.
Os
Riscos da Biotecnologia
A partir dos
anos 80, aumentaram as expectativas sobre o potencial econômico e social , mas também as
preocupações sobre os impactos da biotecnologia.Com seus deslocamentos além das
fronteiras e a produção dos transgênicos , acendeu o sinal de alerta sobre os
riscos , por serem artificiais são imprevisíveis os efeitos se escaparem no
meio ambiente .a partir dessa preocupação
surge o termo biossegurança que tem dois pontos de vista : um das ONGS
ambientalistas e religiosos que defende a bioética e outro ponto é defendido por interesses comercial e
científicos , que tenha restrições que
possam impedir ou retardar avanços nas suas pesquisas.
Algumas
iniciativas vem sendo tomadas para harmonizar essas questões da biossegurança.
Quem Paga ?
O
financiamento internacional da conservação da biodiversidade e seu uso
sustentável , estabeleceu um cabo de
guerra entre os países doadores de recursos financeiros e os países ricos em
natureza e pobres em recursos e proteção . Para que os países passam a ser
soberanos sobre o uso de seus recursos genéticos , é necessário ajudar dos
ricos , esses são os conflitos existentes , a biossegurança esta em evidencia a
medida que a variável tecnológica impõe-se e suscita novas questões dos pontos
de vista ético ,da saúde humana e do meio ambiente.A biodiversidade e uma
questão ao mesmo tempo tecnoecologica e geopolítica.
Bibliografia disponível na apostila
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