A
Evolução é uma teoria, por que não uma lei natural?
A Teoria da Evolução
das Espécies não é uma lei por não haverem provas cabais, apenas evidências científicas
de forma que pode ser contestada a qualquer momento desde que surja uma prova
de sua inoperância. É o fato de ser uma teoria e não uma lei que estimula a
comunidade contrária (os criacionistas) a buscarem argumentos que refutem a
teoria evolucionista. Compare com a lei da gravidade que é incontestável.
Contexto
Para compreensão da
dimensão e polemica do evolucionismo, além de conhecer as peculiaridades dos
indivíduos que o introduzem ao mundo científico, é necessário ressaltar que
naquela época (fins do século XVIII e meados do século XIX), a Igreja ainda era
muito influente, não só na Europa mas em todo o globo, levando a ciência a
adaptar suas conquistas e descobertas aos dogmas cristãos que até hoje perdura
(em menor intensidade, claro). Naqueles dias, confrontar tais dogmas cientificamente
poderia custar o exílio ou mesmo a morte de quem se atrevesse a fazê-lo.
Lei
do uso e desuso: o determinismo conforme Lamarck
Lamarck viveu a virada
do século XVIII para o século XIX (1874-1829). Francês com origens na baixa
nobreza, serviu ao exército e logo após, seu interesse por História Natural o
levou a escrever uma obra com vários volumes sobre a flora da França. Por este
motivo foi convidado a trabalhar no Museu de História Natural de Paris, onde
após algum tempo, tornou-se curador dos invertebrados (termo que ele mesmo
introduziu à Biologia). Tornou-se figura respeitada, difundindo suas ideias em inúmeras
conferencias sobre o tema. Antes da virada do século, ainda acreditava que as
espécies eram imutáveis. Foi somente em 1809 que publicou sua teoria da
evolução, baseada em estudos realizados em moluscos.
Sua teoria
fundamenta-se na tendência dos seres vivos a um “melhoramento genético” rumo a
perfeição: segundo a lei do uso e desuso, os indivíduos perdem ao longo do
tempo as características que são desnecessárias no meio em que vivem (desuso) e
aprimoram as que mais utilizam (uso). O uso contínuo de um órgão ou parte do
corpo faz com que este se desenvolva e seja apto para o correto funcionamento
e, o desuso faz com que o mesmo se atrofie e com o tempo perca totalmente sua
função no corpo do indivíduo. Estas mudanças seriam transmitidas aos seus
descendentes através da transmissão das características adquiridas (teoria dos
caracteres adquiridos).
Essa teoria é a confirmação
do determinismo geográfico tal qual como conhecemos, não somente sobre o homem,
mas sobre todos os organismos vivos. Como o ambiente terrestre sofre
modificações constantes, suas alterações estruturais forçam os seres vivos que
nele habitam a se transformarem para adaptação ao meio. Ao longo de muitos
anos, o acúmulo das modificações, passado de geração em geração pode levar ao
surgimento de novas espécies. Assim, modificações no ambiente causam alterações
nas “necessidades”, no comportamento, na utilização e desenvolvimento dos
órgãos. Assim sendo, transmutação das espécies ao longo do tempo: evolução.
No entanto, a teoria
dos caracteres adquiridos foi completamente refutada. Provou-se que era falsa através
de testes em ratos. A cauda dos animais era cortada continuamente ao longo das
gerações e ainda assim, nenhum rato nasceu sem cauda. O mesmo princípio também poderia
ser aplicado aos judeus circuncidados. Contudo, o próprio Lamarck já havia
previsto que mutilações não se adequavam a teoria, somente as alterações
impostas geneticamente a partir do uso e desuso e transmitidas pelos caracteres
adquiridos.
Por este motivo, a
contribuição de Lamarck chega a ser ofuscada na atualidade. Esquecendo-se da
contribuição dele para a Biologia, principalmente de suas dificuldades como
precursor de ideias e teorias que afrontavam diretamente os pressupostos da
Igreja.
Darwin,
um homem comum
Nascido em 1809 (você
pode encontrar neste texto uma importante publicação lançada neste mesmo ano),
neto de um dos mais influentes e ilustres intelectuais ingleses, Erasmus Darwin
–médico, botânico e poeta – Darwin perdeu a mãe aos 8 anos de idade e sofria
fortes pressões da Igreja, primeiramente através de seu pai e, mais tarde, na
figura de sua esposa.
Foi mandado à Edimburgo
para cursar medicina, mas Darwin mal aguentava ver sangue. Diante disso, por
influencia do pai, dedicou-se a Igreja onde teve tempo para estudos de História
Natural, sua verdadeira paixão e aptidão. Formou-se em 1931, em Cambridge.
Logo formado, um
professor sugeriu seu nome para compor a tripulação do navio Beagle que faria o
mapeamento de todos os portos do planeta. Junto ao Beagle, esteve no Brasil
onde demonstrou todo o seu descontentamento com o regime escravista que
vigorava naqueles dias. Cogita-se que tenha sido no Brasil que Darwin adquiriu
a doença de chagas, responsável pela sua morte anos depois. A viagem a bordo do
Beagle durou cinco anos e rendeu um vasto registro de dados e de amostras que o
levaram a se perguntar o porque de tantas espécies diferentes e, ao mesmo
tempo, o porque de tantas espécies semelhantes embora diferentes.
Darwin
para a história da ciência
De volta a Inglaterra,
percebeu que diversas espécies estudadas eram únicas, ou seja, só existiam no
local onde as encontrara. Concomitante, aplicou-se nas obras de Malthus e a
ideia de que o crescimento demográfico de uma população associado à baixa mortalidade,
culminaria na escassez de alimentos que, por sua vez, ameaçaria a existência desta
população. Isso poderia ser aplicado a toda e qualquer espécie viva, de forma
que o equilíbrio da natureza somente seria possível se a maioria dos seres não
vivesse o suficiente para se reproduzirem em massa. O que mantem esse
equilíbrio, portanto, seria o ambiente que define qual indivíduo perpetua e
qual sofrerá mutações ou extinção.
Eis a teoria da seleção
natural. Um indivíduo chega pronto ao ambiente, se tiver características
favoráveis para permanecer no local, ele se reproduz, caso contrário, será
eliminado. É conforme o ambiente que as características de cada organismo serão
consideradas favoráveis ou não à sobrevivência. O ambiente reage ao organismo
determinando se ele permanece ali ou não. Os caracteres genéticos de adaptação
ao ambiente são transmitidos via mutação (recombinação genética). Assim, a
chave para a variação das espécies estava nas diferenças entre aqueles que
conseguiam e os que não conseguiam se reproduzir: seleção natural, ou a grosso
modo, a lei da sobrevivência do mais forte.
Em
síntese...
Com isso, Darwin
concluiu que todos os seres vivos, do mais sábio dos homens ao bacilo celular,
podem ter sua linhagem ancestral traçada até o começo da vida sobre a terra. A
diferença entre Darwin e os demais evolucionistas contemporâneos a ele é o fato
de ter seguido o rigor cientifico necessário para a credibilidade de seus
argumentos.
Outro ponto importante
é que essa teoria não diz que o homem descende do macaco, mas que ambos possuem
ancestrais primitivos em comum. Ou seja, que a linhagem humana é fruto de pressões
evolutivas em ação por milhões de anos. Isso lhe rendeu a hostilidade da
Igreja, porque, em outras palavras, ele estava dizendo que o homem nada tinha
de divino ou incomum que o colocasse como superior às demais espécies do
planeta.
As
cinco teorias que sustentam Darwin
Evolução:
O mundo vivo não foi criado nem se perpetuará da forma como é num determinado
momento. Os organismos estão em um lento, porém constante, processo de mutação.
O
ancestral comum: todo grupo de organismos descende de
um ancestral comum, de uma simples e primitiva forma de vida, a ameba original. No caso do homem e do macaco,
ambos tem um ancestral comum que data de aproximadamente 4 milhões de anos.
Multiplicação
das espécies: as espécies vivas tendem a se
diferenciar com o passar das eras. Foi Darwin quem esboçou a primeira árvore da
vida em que as espécies “tronco” vão dando origem a outras espécies que
correspondem aos “galhos”.
Gradualismo:
As populações se diferenciam gradualmente, de geração em geração até que se
tornem espécies diferentes.
Seleção
Natural: É a base do darwinismo: os seres sofrem mutações
genéticas que são transmitidas aos seus descendentes. Cada geração tem sua
herança genética posta a prova pelas condições do ambiente em que vive. O
processo evolutivo seleciona os animais e plantas cujas mutações são favorecidas
pelo ambiente em que são obrigados a viver. Essas mutações ocorrem ao acaso (e
não para “melhorar” a espécie conforme propôs Lamarck), não tendo nenhuma
ligação com uma suposta “inteligência genética" que vise o aumento das
chances de sobrevivência.
Nos
dias atuais
Até hoje, apesar do
empenho dos criacionistas, Darwin não foi contestado cientificamente, de forma
que suas teorias mantém-se há mais de 150 anos. No início do século XX, teorias
genéticas argumentaram que as mutações genéticas observadas em seus
experimentos não poderiam ser chamadas de evolução, pois destas mutações se
originavam retardamentos, membros atrofiados e deformados e similares. Mas o
ponto não foi convertido em favor dos criacionistas graças a três neodarwinistas
que isoladamente corroboraram as teorias de Darwin.
Ernest Mayr, George
Gaylord Simpson e Theodosius Dobzhansky comprovaram, isoladamente que a seleção
natural é valida a partir do isolamento da espécie em determinado ambiente e
que o sucesso da mutação vai depender de onde o organismo vive, o que pode
determinar sua evolução (no caso de adaptado ao meio, sua reprodução) ou sua
extinção (processo que geralmente é gradual).
Comparativo
O pouco tempo que
separou a publicação das duas teorias (1809 Lamarck e 1859 Darwin) é suficiente
para mostrar o desenvolvimento da ciência.
Lamarck defendia a
evolução e Darwin a descendência com modificação; Lamarck disse que as mutações
ocorriam para aprimorar a espécie (um modo de dizer “por vontade de Deus”) e
Darwin propôs que era aleatórias, via seleção natural; Lamarck incluiu o homem
em sua cadeia evolutiva enquanto Darwin receou fazê-lo.
Ao longo de sua
trajetória, Darwin fez diversas menções a Lamarck em suas obras sempre
elogiando e enfatizando a sua contribuição para a ciência. Ele concordava com a
teoria do uso e desuso e não foi responsável por refutar nenhuma das teorias de
Lamarck.
Considerações
Finais
Como observado no
transcorrer do texto, não é possível abordar a Teoria da Evolução das Espécies
sem mensurar minunciosamente a trajetória de Lamarck e Darwin.
Temos então, a Teoria
da Evolução ou Evolucionismo amparada em três pilares:
- Determinismo
geográfico: o meio atuando sobre os seres vivos (nota-se que aqui substituímos
o termo “homens”) de forma a exterminar os não aptos a sobrevivência;
- Mutações aleatórias:
enfatiza-se que essas mutações não são determinadas pelo meio e não são, via de
regra, positivas para o organismo diante do cenário em que se encontra;
- Seleção natural: é
aqui que o meio elimina os seres cuja mutação não os tornou aptos à
sobrevivência e, perpetua (até que novos fatores intervenham na reprodução) as
gerações daqueles que se adaptaram.
Fontes:
http://www.wikipedia.com
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