domingo, 1 de setembro de 2013

TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES



A Evolução é uma teoria, por que não uma lei natural?
A Teoria da Evolução das Espécies não é uma lei por não haverem provas cabais, apenas evidências científicas de forma que pode ser contestada a qualquer momento desde que surja uma prova de sua inoperância. É o fato de ser uma teoria e não uma lei que estimula a comunidade contrária (os criacionistas) a buscarem argumentos que refutem a teoria evolucionista. Compare com a lei da gravidade que é incontestável.
Contexto
Para compreensão da dimensão e polemica do evolucionismo, além de conhecer as peculiaridades dos indivíduos que o introduzem ao mundo científico, é necessário ressaltar que naquela época (fins do século XVIII e meados do século XIX), a Igreja ainda era muito influente, não só na Europa mas em todo o globo, levando a ciência a adaptar suas conquistas e descobertas aos dogmas cristãos que até hoje perdura (em menor intensidade, claro). Naqueles dias, confrontar tais dogmas cientificamente poderia custar o exílio ou mesmo a morte de quem se atrevesse a fazê-lo.
Lei do uso e desuso: o determinismo conforme Lamarck
Lamarck viveu a virada do século XVIII para o século XIX (1874-1829). Francês com origens na baixa nobreza, serviu ao exército e logo após, seu interesse por História Natural o levou a escrever uma obra com vários volumes sobre a flora da França. Por este motivo foi convidado a trabalhar no Museu de História Natural de Paris, onde após algum tempo, tornou-se curador dos invertebrados (termo que ele mesmo introduziu à Biologia). Tornou-se figura respeitada, difundindo suas ideias em inúmeras conferencias sobre o tema. Antes da virada do século, ainda acreditava que as espécies eram imutáveis. Foi somente em 1809 que publicou sua teoria da evolução, baseada em estudos realizados em moluscos.
Sua teoria fundamenta-se na tendência dos seres vivos a um “melhoramento genético” rumo a perfeição: segundo a lei do uso e desuso, os indivíduos perdem ao longo do tempo as características que são desnecessárias no meio em que vivem (desuso) e aprimoram as que mais utilizam (uso). O uso contínuo de um órgão ou parte do corpo faz com que este se desenvolva e seja apto para o correto funcionamento e, o desuso faz com que o mesmo se atrofie e com o tempo perca totalmente sua função no corpo do indivíduo. Estas mudanças seriam transmitidas aos seus descendentes através da transmissão das características adquiridas (teoria dos caracteres adquiridos).
Essa teoria é a confirmação do determinismo geográfico tal qual como conhecemos, não somente sobre o homem, mas sobre todos os organismos vivos. Como o ambiente terrestre sofre modificações constantes, suas alterações estruturais forçam os seres vivos que nele habitam a se transformarem para adaptação ao meio. Ao longo de muitos anos, o acúmulo das modificações, passado de geração em geração pode levar ao surgimento de novas espécies. Assim, modificações no ambiente causam alterações nas “necessidades”, no comportamento, na utilização e desenvolvimento dos órgãos. Assim sendo, transmutação das espécies ao longo do tempo: evolução.
No entanto, a teoria dos caracteres adquiridos foi completamente refutada. Provou-se que era falsa através de testes em ratos. A cauda dos animais era cortada continuamente ao longo das gerações e ainda assim, nenhum rato nasceu sem cauda. O mesmo princípio também poderia ser aplicado aos judeus circuncidados. Contudo, o próprio Lamarck já havia previsto que mutilações não se adequavam a teoria, somente as alterações impostas geneticamente a partir do uso e desuso e transmitidas pelos caracteres adquiridos.
Por este motivo, a contribuição de Lamarck chega a ser ofuscada na atualidade. Esquecendo-se da contribuição dele para a Biologia, principalmente de suas dificuldades como precursor de ideias e teorias que afrontavam diretamente os pressupostos da Igreja.
Darwin, um homem comum
Nascido em 1809 (você pode encontrar neste texto uma importante publicação lançada neste mesmo ano), neto de um dos mais influentes e ilustres intelectuais ingleses, Erasmus Darwin –médico, botânico e poeta – Darwin perdeu a mãe aos 8 anos de idade e sofria fortes pressões da Igreja, primeiramente através de seu pai e, mais tarde, na figura de sua esposa.
Foi mandado à Edimburgo para cursar medicina, mas Darwin mal aguentava ver sangue. Diante disso, por influencia do pai, dedicou-se a Igreja onde teve tempo para estudos de História Natural, sua verdadeira paixão e aptidão. Formou-se em 1931, em Cambridge.
Logo formado, um professor sugeriu seu nome para compor a tripulação do navio Beagle que faria o mapeamento de todos os portos do planeta. Junto ao Beagle, esteve no Brasil onde demonstrou todo o seu descontentamento com o regime escravista que vigorava naqueles dias. Cogita-se que tenha sido no Brasil que Darwin adquiriu a doença de chagas, responsável pela sua morte anos depois. A viagem a bordo do Beagle durou cinco anos e rendeu um vasto registro de dados e de amostras que o levaram a se perguntar o porque de tantas espécies diferentes e, ao mesmo tempo, o porque de tantas espécies semelhantes embora diferentes.
Darwin para a história da ciência
De volta a Inglaterra, percebeu que diversas espécies estudadas eram únicas, ou seja, só existiam no local onde as encontrara. Concomitante, aplicou-se nas obras de Malthus e a ideia de que o crescimento demográfico de uma população associado à baixa mortalidade, culminaria na escassez de alimentos que, por sua vez, ameaçaria a existência desta população. Isso poderia ser aplicado a toda e qualquer espécie viva, de forma que o equilíbrio da natureza somente seria possível se a maioria dos seres não vivesse o suficiente para se reproduzirem em massa. O que mantem esse equilíbrio, portanto, seria o ambiente que define qual indivíduo perpetua e qual sofrerá mutações ou extinção.
Eis a teoria da seleção natural. Um indivíduo chega pronto ao ambiente, se tiver características favoráveis para permanecer no local, ele se reproduz, caso contrário, será eliminado. É conforme o ambiente que as características de cada organismo serão consideradas favoráveis ou não à sobrevivência. O ambiente reage ao organismo determinando se ele permanece ali ou não. Os caracteres genéticos de adaptação ao ambiente são transmitidos via mutação (recombinação genética). Assim, a chave para a variação das espécies estava nas diferenças entre aqueles que conseguiam e os que não conseguiam se reproduzir: seleção natural, ou a grosso modo, a lei da sobrevivência do mais forte.
Em síntese...
Com isso, Darwin concluiu que todos os seres vivos, do mais sábio dos homens ao bacilo celular, podem ter sua linhagem ancestral traçada até o começo da vida sobre a terra. A diferença entre Darwin e os demais evolucionistas contemporâneos a ele é o fato de ter seguido o rigor cientifico necessário para a credibilidade de seus argumentos.
Outro ponto importante é que essa teoria não diz que o homem descende do macaco, mas que ambos possuem ancestrais primitivos em comum. Ou seja, que a linhagem humana é fruto de pressões evolutivas em ação por milhões de anos. Isso lhe rendeu a hostilidade da Igreja, porque, em outras palavras, ele estava dizendo que o homem nada tinha de divino ou incomum que o colocasse como superior às demais espécies do planeta.
As cinco teorias que sustentam Darwin
Evolução: O mundo vivo não foi criado nem se perpetuará da forma como é num determinado momento. Os organismos estão em um lento, porém constante, processo de mutação.
O ancestral comum: todo grupo de organismos descende de um ancestral comum, de uma simples e primitiva forma de vida, a ameba original. No caso do homem e do macaco, ambos tem um ancestral comum que data de aproximadamente 4 milhões de anos.
Multiplicação das espécies: as espécies vivas tendem a se diferenciar com o passar das eras. Foi Darwin quem esboçou a primeira árvore da vida em que as espécies “tronco” vão dando origem a outras espécies que correspondem aos “galhos”.
Gradualismo: As populações se diferenciam gradualmente, de geração em geração até que se tornem espécies diferentes.
Seleção Natural: É a base do darwinismo: os seres sofrem mutações genéticas que são transmitidas aos seus descendentes. Cada geração tem sua herança genética posta a prova pelas condições do ambiente em que vive. O processo evolutivo seleciona os animais e plantas cujas mutações são favorecidas pelo ambiente em que são obrigados a viver. Essas mutações ocorrem ao acaso (e não para “melhorar” a espécie conforme propôs Lamarck), não tendo nenhuma ligação com uma suposta “inteligência genética" que vise o aumento das chances de sobrevivência.
Nos dias atuais
Até hoje, apesar do empenho dos criacionistas, Darwin não foi contestado cientificamente, de forma que suas teorias mantém-se há mais de 150 anos. No início do século XX, teorias genéticas argumentaram que as mutações genéticas observadas em seus experimentos não poderiam ser chamadas de evolução, pois destas mutações se originavam retardamentos, membros atrofiados e deformados e similares. Mas o ponto não foi convertido em favor dos criacionistas graças a três neodarwinistas que isoladamente corroboraram as teorias de Darwin.
Ernest Mayr, George Gaylord Simpson e Theodosius Dobzhansky comprovaram, isoladamente que a seleção natural é valida a partir do isolamento da espécie em determinado ambiente e que o sucesso da mutação vai depender de onde o organismo vive, o que pode determinar sua evolução (no caso de adaptado ao meio, sua reprodução) ou sua extinção (processo que geralmente é gradual).
Comparativo
O pouco tempo que separou a publicação das duas teorias (1809 Lamarck e 1859 Darwin) é suficiente para mostrar o desenvolvimento da ciência.
Lamarck defendia a evolução e Darwin a descendência com modificação; Lamarck disse que as mutações ocorriam para aprimorar a espécie (um modo de dizer “por vontade de Deus”) e Darwin propôs que era aleatórias, via seleção natural; Lamarck incluiu o homem em sua cadeia evolutiva enquanto Darwin receou fazê-lo.
Ao longo de sua trajetória, Darwin fez diversas menções a Lamarck em suas obras sempre elogiando e enfatizando a sua contribuição para a ciência. Ele concordava com a teoria do uso e desuso e não foi responsável por refutar nenhuma das teorias de Lamarck.
Considerações Finais
Como observado no transcorrer do texto, não é possível abordar a Teoria da Evolução das Espécies sem mensurar minunciosamente a trajetória de Lamarck e Darwin.
Temos então, a Teoria da Evolução ou Evolucionismo amparada em três pilares:
- Determinismo geográfico: o meio atuando sobre os seres vivos (nota-se que aqui substituímos o termo “homens”) de forma a exterminar os não aptos a sobrevivência;
- Mutações aleatórias: enfatiza-se que essas mutações não são determinadas pelo meio e não são, via de regra, positivas para o organismo diante do cenário em que se encontra;

- Seleção natural: é aqui que o meio elimina os seres cuja mutação não os tornou aptos à sobrevivência e, perpetua (até que novos fatores intervenham na reprodução) as gerações daqueles que se adaptaram.

Fontes:
http://www.wikipedia.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário