Do Taylorismo ao Toyotismo
Em 1911, o engenheiro inglês
Frederick Taylor publicou Os Princípios
da Administração Científica onde sistematizava a organização científica do
trabalho. Este manual caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, com o controle de
cada atividade e do seu tempo de execução pelo operário, fracionando as etapas
de produção de forma que o trabalhador desenvolvesse tarefas
ultra-especializadas e repetitivas. Isso gerava otimização e aumento da
produtividade intensificando cada processo. Taylor propõe a administração de
uma fabrica somo sendo uma ciência na qual, o trabalho intelectual ou de
criação deveria ser realizado pelos funcionários com mais alto nível
intelectual e de especialização enquanto que o trabalho manual deveria ser
realizado pelo operário na linha de montagem. Em outras palavras, o trabalho
foi racionalizado numa divisão de funções que se opõe a administração por
incentivo e iniciativa, onde o operário estava reduzido à sua função, sem
liberdade para opinar melhorias nos meios ou processos da fabrica, porque se
pensava que uma vez que isso acontecesse e gerasse a necessidade de uma
recompensa para o operário, o administrador estaria “dependente” deste
trabalhador.
Taylor concentra seu argumento na
eficiência do trabalho, que envolve fazer tarefas de modo mais inteligente e
com a máxima economia de esforço. Para isso era preciso selecionar corretamente
o operário e adestrá-lo na função específica que iria desenvolver. Também
propunha melhores salários, com a concomitante diminuição dos custos unitários
de produção, o que “idealmente” levaria prosperidade a patrões e empregados.
Em 1913, o industrial norte
americano Henry Ford aplicou o taylorismo em sua fabrica de automóveis.
Contudo, Ford tinha uma visão mais abrangente da economia, ao contrario do
manual de Taylor que se restringia aos processos de produção. Sua primeira
preocupação era que para a produção em massa, deveria haver um consumo em
massa. Com base nisso, diminuiu os custos das mercadorias padronizando a
produção, aumento os salários de seus operários e viabilizou a redução da
jornada de trabalho, de forma que os próprios operários tornaram-se
consumidores em potencial, com tempo e renda suficientes para o lazer e o
consumo. O intuito de Ford era melhorar a qualidade de vida, elevando assim
também a própria sociedade. O conjunto de mudanças nos processos de trabalho
(semi-automatização, linhas de montagem) estava intimamente vinculado às novas
formas de consumo social.
Ford introduziu a primeira linha de montagem automatizada. Ele seguiu à risca os princípios de padronização e simplificação de Frederick Taylor e desenvolveu outras técnicas avançadas para a época.
Suas fábricas eram totalmente verticalizadas. Ele possuía desde a fábrica de
vidros, a plantação de seringueiras,
até a siderúrgica. De fato, Ford criou o mercado de
massa para os automóveis. Sua obsessão era tornar o automóvel tão barato que
todos poderiam comprá-lo.
Na medida que o fordismo foi
sendo difundido nos Estados Unidos, a produtividade das industrias aumentou num
ritmo muito superior ao aumento da demanda e da capacidade de consumo e isso
levou a crise de 1929 que afetou o mundo todo.
Nesta crise, entra em cena o
keynesianismo, a intervenção do Estado com pesados investimentos públicos
especialmente nos setores que tinha a maior capacidade de geração de empregos,
alem do controle do cambio para estimular as exportações, diminuição das taxas
de juros para facilitar investimentos produtivos e indução do crescimento da
economia por intermédio do aumento do déficit publico entre outros efeitos
colaterais. A origem desta postura vem de uma doutrina econômica desenvolvida
por John Maynard Keynes que defendia que o Estado deveria sim intervir na
economia com o objetivo de evitar crises.
Esta proposta de intervenção
estatal foi aplicada ao redor do mundo nos países capitalistas, principalmente
nos períodos pós-guerras. No Brasil, foi amplamente explorada pelos governos
Vargas e Kubitschek no intuito de expandir a industrialização do país.
A nível social, o modelo
keynesiano atribuía ao Estado o direito e o dever de conceber benefícios
sociais que garantissem à população um padrão mínimo de vida, sendo conhecido
também como “Estado do bem estar social” ou “welfare state”.
Voltamos ao fordismo que tem seu
ápice no segundo pós guerra (1945-1968), que ficou conhecido na história como
os anos dourados. Entretanto, a
rigidez deste modelo de gestão industrial foi a causa do seu declínio. Como
exemplo desta rigidez, a famosa frase de Ford que dizia que poderiam ser
fabricados automóveis de qualquer cor, desde que fossem pretos. Isso porque a
tinta preta secava rapidamente e os carros, assim, poderiam ser montados em menos
tempo.
A partir de 1970 o fordismo e a
produção em massa entram em declínio e começam gradativamente a ser
substituídos pela produção enxuta, um
novo modelo de produção baseado no sistema Toyota de produção ou toyotismo.
Este sistema de produção japonês
é tido como produção enxuta, com uma cadeia de produção iniciada pelo cliente
que puxa o produto ao criar a demanda,
ao contrario da produção em massa que empurrava
o produto no mercado. São combinadas vantagens da produção artesanal (como a
grande variedade e alta qualidade) com as vantagens da produção em massa
(grande quantidade e baixo custo). Eliminam-se os estoques e a produção passa a
ser feita somente na hora que é exigida “just
in time”. O resultado positivo (baixo custo e alta qualidade) é obtido
devido aos meios de produção, que são constantemente aprimorados.
No toyotismo, o principal
objetivo é eliminar desperdícios de mão de obra e de produtos não consumidos.
Daí, seu custo social muito alto, pois são eliminados desperdícios inclusive na
aplicação da mão de obra.
Foi uma adaptação da produção
necessária pois, enquanto o fordismo procurava reduzir os preços unitários dos
produtos através da larga escala, especialização e divisão do trabalho, perdia
muito com os estoques e com a baixa qualidade dos produtos. No toyotismo, como
os lotes de produção são pequenos, permite-se uma maior variedade do produto e
menos mercadorias encalhadas nos
estoques. Os trabalhadores são multi funcionais tanto nas tarefas, quanto na
administração do maquinário da linha de montagem.
Os valores sociais mudaram. Agora, não podemos
vender nossos produtos a não ser que nos coloquemos dentro dos corações de
nossos consumidores, cada um dos quais tem conceitos e gostos diferentes. Hoje,
o mundo industrial foi forçado a dominar de verdade o sistema de produção
múltiplo, em pequenas quantidades.
(Taiichi Ohno, 1988)
Este é o modelo de produção aplicado aos nossos
dias, não somente nas industrias, mas em todo o nosso cotidiano. Basta
atentarmos ao mercado em geral, os atendimentos automáticos e out let’s
ou self service. É cada dia mais fácil personalizar o produto de que
necessitamos ou simplesmente desejamos e ele está ao nosso alcance, seja na
loja, no telefone ou na internet.
Quem lucra com isso são as industrias, claro. Quem
paga, é sempre a sociedade que cria as demandas e consequentemente, seu próprio
prejuízo, que neste caso, não se restringe ao desemprego, a substituição do
homem pela máquina. Vai muito além, derivando do consumismo desenfreado e da
facilidade do acesso às mercadorias, diversos problemas sociais e ambientais.
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