sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Econômica - Prova - Kelly


Do Taylorismo ao Toyotismo
Em 1911, o engenheiro inglês Frederick Taylor publicou Os Princípios da Administração Científica onde sistematizava a organização científica do trabalho. Este manual caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, com o controle de cada atividade e do seu tempo de execução pelo operário, fracionando as etapas de produção de forma que o trabalhador desenvolvesse tarefas ultra-especializadas e repetitivas. Isso gerava otimização e aumento da produtividade intensificando cada processo. Taylor propõe a administração de uma fabrica somo sendo uma ciência na qual, o trabalho intelectual ou de criação deveria ser realizado pelos funcionários com mais alto nível intelectual e de especialização enquanto que o trabalho manual deveria ser realizado pelo operário na linha de montagem. Em outras palavras, o trabalho foi racionalizado numa divisão de funções que se opõe a administração por incentivo e iniciativa, onde o operário estava reduzido à sua função, sem liberdade para opinar melhorias nos meios ou processos da fabrica, porque se pensava que uma vez que isso acontecesse e gerasse a necessidade de uma recompensa para o operário, o administrador estaria “dependente” deste trabalhador.
Taylor concentra seu argumento na eficiência do trabalho, que envolve fazer tarefas de modo mais inteligente e com a máxima economia de esforço. Para isso era preciso selecionar corretamente o operário e adestrá-lo na função específica que iria desenvolver. Também propunha melhores salários, com a concomitante diminuição dos custos unitários de produção, o que “idealmente” levaria prosperidade a patrões e empregados.
Em 1913, o industrial norte americano Henry Ford aplicou o taylorismo em sua fabrica de automóveis. Contudo, Ford tinha uma visão mais abrangente da economia, ao contrario do manual de Taylor que se restringia aos processos de produção. Sua primeira preocupação era que para a produção em massa, deveria haver um consumo em massa. Com base nisso, diminuiu os custos das mercadorias padronizando a produção, aumento os salários de seus operários e viabilizou a redução da jornada de trabalho, de forma que os próprios operários tornaram-se consumidores em potencial, com tempo e renda suficientes para o lazer e o consumo. O intuito de Ford era melhorar a qualidade de vida, elevando assim também a própria sociedade. O conjunto de mudanças nos processos de trabalho (semi-automatização, linhas de montagem) estava intimamente vinculado às novas formas de consumo social.
Ford introduziu a primeira linha de montagem automatizada. Ele seguiu à risca os princípios de padronização e simplificação de Frederick Taylor e desenvolveu outras técnicas avançadas para a época. Suas fábricas eram totalmente verticalizadas. Ele possuía desde a fábrica de vidros, a plantação de seringueiras, até a siderúrgica. De fato, Ford criou o mercado de massa para os automóveis. Sua obsessão era tornar o automóvel tão barato que todos poderiam comprá-lo.
Na medida que o fordismo foi sendo difundido nos Estados Unidos, a produtividade das industrias aumentou num ritmo muito superior ao aumento da demanda e da capacidade de consumo e isso levou a crise de 1929 que afetou o mundo todo.
Nesta crise, entra em cena o keynesianismo, a intervenção do Estado com pesados investimentos públicos especialmente nos setores que tinha a maior capacidade de geração de empregos, alem do controle do cambio para estimular as exportações, diminuição das taxas de juros para facilitar investimentos produtivos e indução do crescimento da economia por intermédio do aumento do déficit publico entre outros efeitos colaterais. A origem desta postura vem de uma doutrina econômica desenvolvida por John Maynard Keynes que defendia que o Estado deveria sim intervir na economia com o objetivo de evitar crises.
Esta proposta de intervenção estatal foi aplicada ao redor do mundo nos países capitalistas, principalmente nos períodos pós-guerras. No Brasil, foi amplamente explorada pelos governos Vargas e Kubitschek no intuito de expandir a industrialização do país.
A nível social, o modelo keynesiano atribuía ao Estado o direito e o dever de conceber benefícios sociais que garantissem à população um padrão mínimo de vida, sendo conhecido também como “Estado do bem estar social” ou “welfare state”.
Voltamos ao fordismo que tem seu ápice no segundo pós guerra (1945-1968), que ficou conhecido na história como os anos dourados. Entretanto, a rigidez deste modelo de gestão industrial foi a causa do seu declínio. Como exemplo desta rigidez, a famosa frase de Ford que dizia que poderiam ser fabricados automóveis de qualquer cor, desde que fossem pretos. Isso porque a tinta preta secava rapidamente e os carros, assim, poderiam ser montados em menos tempo.
A partir de 1970 o fordismo e a produção em massa entram em declínio e começam gradativamente a ser substituídos pela produção enxuta, um novo modelo de produção baseado no sistema Toyota de produção ou toyotismo.
Este sistema de produção japonês é tido como produção enxuta, com uma cadeia de produção iniciada pelo cliente que puxa o produto ao criar a demanda, ao contrario da produção em massa que empurrava o produto no mercado. São combinadas vantagens da produção artesanal (como a grande variedade e alta qualidade) com as vantagens da produção em massa (grande quantidade e baixo custo). Eliminam-se os estoques e a produção passa a ser feita somente na hora que é exigida “just in time”. O resultado positivo (baixo custo e alta qualidade) é obtido devido aos meios de produção, que são constantemente aprimorados.
No toyotismo, o principal objetivo é eliminar desperdícios de mão de obra e de produtos não consumidos. Daí, seu custo social muito alto, pois são eliminados desperdícios inclusive na aplicação da mão de obra.
Foi uma adaptação da produção necessária pois, enquanto o fordismo procurava reduzir os preços unitários dos produtos através da larga escala, especialização e divisão do trabalho, perdia muito com os estoques e com a baixa qualidade dos produtos. No toyotismo, como os lotes de produção são pequenos, permite-se uma maior variedade do produto e menos mercadorias encalhadas nos estoques. Os trabalhadores são multi funcionais tanto nas tarefas, quanto na administração do maquinário da linha de montagem.
Os valores sociais mudaram. Agora, não podemos vender nossos produtos a não ser que nos coloquemos dentro dos corações de nossos consumidores, cada um dos quais tem conceitos e gostos diferentes. Hoje, o mundo industrial foi forçado a dominar de verdade o sistema de produção múltiplo, em pequenas quantidades.
(Taiichi Ohno, 1988)
Este é o modelo de produção aplicado aos nossos dias, não somente nas industrias, mas em todo o nosso cotidiano. Basta atentarmos ao mercado em geral, os atendimentos automáticos e out let’s ou self service. É cada dia mais fácil personalizar o produto de que necessitamos ou simplesmente desejamos e ele está ao nosso alcance, seja na loja, no telefone ou na internet.
Quem lucra com isso são as industrias, claro. Quem paga, é sempre a sociedade que cria as demandas e consequentemente, seu próprio prejuízo, que neste caso, não se restringe ao desemprego, a substituição do homem pela máquina. Vai muito além, derivando do consumismo desenfreado e da facilidade do acesso às mercadorias, diversos problemas sociais e ambientais.

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