MARXISMO E GEOGRAFIA
Mássimo Quaini
O Conceito de Natureza e a Relação Natureza História
“O mundo sensível que o circunda não é uma
coisa dada imediatamente por toda a eternidade e sempre igual a si mesma, mas o
produto da indústria e das condições sociais; e precisamente no sentido em que
é um produto histórico, o resultado da atividade de toda uma série de gerações,
cada uma das quais, apoiou-se na precedente, aperfeiçoando ulteriormente a
indústria e as relações e modificando a ordem social com base nas necessidades
que se sucederam. Mesmo os objetos da mais simples certeza sensível lhe são
dados somente através do desenvolvimento social, a indústria e as relações
comerciais. (...)
(...)
A importante questão das relações dos homens com a natureza ... da qual saíram
todas as sublimes e incomensuráveis obras sobre a circunstancia e a
autoconsciência acaba automaticamente no nada se se percebe que a celebérrima
“unidade do homem com a natureza” sempre existiu na indústria, e em cada época
existiu de maneira diversa, de acordo com o maior ou o menor desenvolvimento da
industria, assim como a luta do homem com a natureza existe até que suas forças
produtivas se desenvolvam numa base adequada.”
O
materialismo histórico (...) instaura uma nova relação entre homem e natureza
(...) coloca-se num plano decididamente humanista e integralmente historicista
e, enquanto tal, não perde de vista nem a historicidade da natureza nem a
naturalidade da história.
Marx
representa a realidade exta-humana, independente dos homens mas ao mesmo tempo
por eles mediada ou, em todo caso, mediável com os termos: matéria, natureza,
materialidade da natureza, coisa natural, terra, momentos objetivos de
existência de trabalho, condições objetivas ou concretas de trabalho. Dado que
também os homens constituem uma parte desta realidade, o conceito de natureza
de Marx identifica-se com a realidade no seu conjunto. (...) Para Marx, no
fundo, existem apenas, o home e seu trabalho de um lado, a natureza e seus
materiais de outro.
(...)
Esta distinção entre uma natureza pré-social e a natureza socialmente pensada
tem sentido somente enquanto se considere o homem como distinto da natureza que
precede a história humana [...] é uma natureza que hoje não existe mais em
lugar nenhum.
(...)
enquanto existirem homens, historia da natureza e historia dos homens se
condicionarão mutuamente.
É
unilateral a concepção naturalista da historia: como se exclusivamente a
natureza agisse sobre o homem, como se exclusivamente o ambiente natural, em
geral, condicionasse seu desenvolvimento histórico. Ela esquece também que o
homem reage à natureza, a modifica, constrói novas condições de vida. (...)
Quando
Marx fala de naturalidade da história (...) que o desenvolvimento da formação
econômica da sociedade burguesa deve ser visto como um processo histórico
natural.
(Marx
sobre a teoria malthusiana) “Produzindo a
acumulação de capital e à medida que o consegue, a classe operária produz
portanto ela mesma os instrumentos de seu excesso relativo ou de sua superpopulação
relativa. Eis a lei da população que é peculiar à época capitalista e
corresponde a seu modo particular de produção. De fato, cada modo histórico da
produção social possui sua própria lei de população que se aplica somente a ele
e que não possui consequentemente um valor histórico. Uma lei de população
abstrata e imutável existe somente para as plantas e para os animais e somente
até que não sofram influencia do homem”.
Não
existe portanto, leis abstratas e imutáveis nem para o mundo nem para o mundo
natural, desde que, como já observava Marx e com maior razão podemos dizê-lo
hoje, não existem mais “eco-sistemas” naturais que não sejam já de alguma forma
modificados pelo homem.
Marx
antecipava a concepção moderna segundo a qual “as mudanças demográficas nada
tem de um dado biológico e de uma variável independente.
Idealismo X materialismo
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