quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Marxismo e Geografia



MARXISMO E GEOGRAFIA
Mássimo Quaini
O Conceito de Natureza e a Relação Natureza História
                 “O mundo sensível que o circunda não é uma coisa dada imediatamente por toda a eternidade e sempre igual a si mesma, mas o produto da indústria e das condições sociais; e precisamente no sentido em que é um produto histórico, o resultado da atividade de toda uma série de gerações, cada uma das quais, apoiou-se na precedente, aperfeiçoando ulteriormente a indústria e as relações e modificando a ordem social com base nas necessidades que se sucederam. Mesmo os objetos da mais simples certeza sensível lhe são dados somente através do desenvolvimento social, a indústria e as relações comerciais. (...)
                (...) A importante questão das relações dos homens com a natureza ... da qual saíram todas as sublimes e incomensuráveis obras sobre a circunstancia e a autoconsciência acaba automaticamente no nada se se percebe que a celebérrima “unidade do homem com a natureza” sempre existiu na indústria, e em cada época existiu de maneira diversa, de acordo com o maior ou o menor desenvolvimento da industria, assim como a luta do homem com a natureza existe até que suas forças produtivas se desenvolvam numa base adequada.”
                O materialismo histórico (...) instaura uma nova relação entre homem e natureza (...) coloca-se num plano decididamente humanista e integralmente historicista e, enquanto tal, não perde de vista nem a historicidade da natureza nem a naturalidade da história.
                Marx representa a realidade exta-humana, independente dos homens mas ao mesmo tempo por eles mediada ou, em todo caso, mediável com os termos: matéria, natureza, materialidade da natureza, coisa natural, terra, momentos objetivos de existência de trabalho, condições objetivas ou concretas de trabalho. Dado que também os homens constituem uma parte desta realidade, o conceito de natureza de Marx identifica-se com a realidade no seu conjunto. (...) Para Marx, no fundo, existem apenas, o home e seu trabalho de um lado, a natureza e seus materiais de outro.
                (...) Esta distinção entre uma natureza pré-social e a natureza socialmente pensada tem sentido somente enquanto se considere o homem como distinto da natureza que precede a história humana [...] é uma natureza que hoje não existe mais em lugar nenhum.
                (...) enquanto existirem homens, historia da natureza e historia dos homens se condicionarão mutuamente.
                É unilateral a concepção naturalista da historia: como se exclusivamente a natureza agisse sobre o homem, como se exclusivamente o ambiente natural, em geral, condicionasse seu desenvolvimento histórico. Ela esquece também que o homem reage à natureza, a modifica, constrói novas condições de vida. (...)   
                Quando Marx fala de naturalidade da história (...) que o desenvolvimento da formação econômica da sociedade burguesa deve ser visto como um processo histórico natural.
                (Marx sobre a teoria malthusiana) “Produzindo a acumulação de capital e à medida que o consegue, a classe operária produz portanto ela mesma os instrumentos de seu excesso relativo ou de sua superpopulação relativa. Eis a lei da população que é peculiar à época capitalista e corresponde a seu modo particular de produção. De fato, cada modo histórico da produção social possui sua própria lei de população que se aplica somente a ele e que não possui consequentemente um valor histórico. Uma lei de população abstrata e imutável existe somente para as plantas e para os animais e somente até que não sofram influencia do homem”.
                Não existe portanto, leis abstratas e imutáveis nem para o mundo nem para o mundo natural, desde que, como já observava Marx e com maior razão podemos dizê-lo hoje, não existem mais “eco-sistemas” naturais que não sejam já de alguma forma modificados pelo homem.
                Marx antecipava a concepção moderna segundo a qual “as mudanças demográficas nada tem de um dado biológico e de uma variável independente.

Idealismo X materialismo

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